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A jornalista Ana Nery, repórter da Rádio Bandeirantes, de São Paulo, foi agredida física e verbalmente por um manifestante durante o ato pró-Bolsonaro no último domingo (30) na avenida Paulista.
Nery conseguiu gravar e registrar boa parte da ação do agressor e o material já foi utilizado para a abertura de um Boletim de Ocorrência.
De acordo com a jornalista, ela estava entrevistando um policial quando começou a ser xingada pelo homem. Quando anunciou que gravaria a cena para registrar uma ocorrência, o agressor teria lhe dado uma cabeçada. Na segunda-feira (1), em relato dado na própria Rádio Bandeirantes, Ana contou que não ficou ferida pois a cabeçada do homem acabou atingindo seu celular. Ela fez questão de ressaltar, ainda, que o protesto era pacífico e que aquela era uma atitude isolada.
A Polícia Militar, no entanto, de acordo com a jornalista, teria apenas "afastado" o agressor e pedido para que ele parasse.
Nota de repúdio
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou, na noite desta segunda-feira (1), uma nota em que condena os ataques de apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) contra jornalistas e repudia a passividade policial relacionada a casos parecidos.
"A Abraji condena a agressão a Ana Nery, ponto máximo na escalada de ataques de apoiadores do candidato registrada ao longo da última semana. Como se o assédio massivo direcionado a jornalistas em redes sociais e as ameaças de violência física não fossem graves o suficiente. É lamentável, ainda, a postura passiva dos policiais militares diante da hostilidade do manifestante", diz a nota.
Confira a íntegra.
A repórter da Rádio Bandeirantes Ana Nery foi agredida verbalmente e com uma cabeçada por um manifestante pró-Bolsonaro no domingo (30.set.2018). O ato em apoio ao candidato à presidência pelo PSL aconteceu na Avenida Paulista, em São Paulo (SP).
A jornalista entrevistava uma capitã da Polícia Militar (PM) sobre a preferência da corporação em fazer proteção apenas dos manifestantes em uma das faixas da Paulista, quando o homem se aproximou e começou a ofendê-la, aos gritos. O manifestante a acusou de “pilantra” e falou que ela era da “imprensa de merda”. Nery pegou o celular para registrar a agressão e afirmou que registraria boletim de ocorrência (BO) contra o homem, que em seguida lhe deu uma cabeçada.
Os policiais que presenciaram a cena apenas afastaram o agressor e não prestaram socorro à jornalista. Duas pessoas que estavam próximas se ofereceram para testemunhar em favor da repórter, que registrou o BO na tarde desta segunda-feira (01.out). Nery conseguiu fotografar o agressor e apresentou a imagem à polícia.
A Abraji condena a agressão a Ana Nery, ponto máximo na escalada de ataques de apoiadores do candidato registrada ao longo da última semana. Como se o assédio massivo direcionado a jornalistas em redes sociais e as ameaças de violência física não fossem graves o suficiente. É lamentável, ainda, a postura passiva dos policiais militares diante da hostilidade do manifestante.
Um país que não compreende a diferença entre crítica ao trabalho jornalístico e violência contra profissionais da imprensa coloca a democracia -- e a si próprio -- em grave risco.
Diretoria da Abraji, 1º de outubro de 2018.