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Os ataques da Globo e de outros veículos de mídia tradicional ao ex-presidente Lula devem se intensificar na medida em que o petista, como fez ontem, coloca a regulação da mídia como uma de suas pautas prioritárias caso se eleja presidente em 2018. Velha imprensa tenta vender como censura mas regulação é, na verdade, um meio democrático de superar os monopólios e a manipulação
Por Ivan Longo
Em evento no Rio de Janeiro na noite desta sexta-feira (11), o ex-presidente Lula voltou a dizer que, se for eleito presidente da República em 2018, fará a regulação da mídia.
"Eles têm que trabalhar muito para não deixar que eu volte a ser candidato. Porque se eu for candidato, vou ganhar e fazer a regulação dos meios de comunicação no Brasil", disse à plateia que estava presente no ato em defesa do Estado Democrático de Direito, realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), após lançamento do livro "Comentários a uma Sentença Anunciada: o Processo Lula".
Quando disse "eles", Lula se referia à Globo e a outros veículos de comunicação da imprensa tradicional no país. É certo que, à medida em que o petista reforça que a regulação da mídia será uma de suas principais pautas caso seja eleito, a velha mídia intensifique seus ataques, já que elas gozam do privilégio de uma país que mantém uma regulação de mídias que atende aos interesses dos grandes grupos e aos dos empresários, e não da população.
Regular é democrático
Essa mesma velha mídia que não quer regulação pinta a ideia como tentativa de "censura". O fato é que nos países onde há o maior nível de liberdade de imprensa - até mesmo nos Estados Unidos - a mídia é regulada pelo governo.
No Brasil, a radiodifusão é uma concessão pública mas, apesar disso, os veículos praticamente criam suas próprias regras e ganham até mesmo subsídios do governo e constroem, como efeito, verdadeiros impérios que mantém o monopólio das notícias, do entretenimento e de outras áreas. A falta de regulação faz, por exemplo, com que uma TV Globo possa reproduzir corriqueiramente esteriótipos racistas em suas novelas ou que uma Record use 80% de sua programação para transmitir cultos evangélicos - isso tudo em um país onde a menor parte da população é escolarizada ou tem acesso pleno à internet ou outros canais de comunicação.
Para se ter uma ideia, na Argentina, por exemplo, a consciência crítica da população aumentou de tal forma após a adoção da Lei de Meios que, neste ano, quando o governo Macri resolveu revogar a lei para atender aos interesses de grandes grupos de comunicação, mais de 1 milhão de pessoas tomaram as ruas de Buenos Aires pela volta da lei que regula a mídia.
A Globo treme.
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