Ex-presidente do BNDES foi um dos entrevistadores do francês que defende a taxação de heranças e fortunas; nas redes sociais não faltaram críticas à “arrogância” do brasileiro
Por Redação | Foto: Divulgação
O economista francês Thomas Piketty, autor de “O Capital do Século XXI”, foi o entrevistado do programa Roda Viva, desta segunda-feira (9). Na ocasião, Piketty falou de suas teses, entre elas a defesa da taxação de grandes fortunas. Para ele, as classes mais baixas devem pagar menos impostos e quantias recebidas por meio de heranças, por exemplo, devem ser muito mais taxadas.
Nas redes, porém, a atuação do também economista André Lara Resende, que estava na bancada do programa, foi bastante comentada. “Eu nunca tinha visto o André Lara Resende – só conhecia o respeito que se tinha por ele em certos círculos de economistas neoclássicos. Na entrevista com o Piketty, no entanto, ele se mostrou um liberal arrogante, dogmático e muito pouco razoável. Não é por ser liberal – ele foi grosseiro e muito pouco sofisticado para alguém com a sua reputação”, disse Pablo Ortellado, professor doutor de Gestão de Políticas Públicas e orientador no programa de pós-graduação em Estudos Culturais da Universidade de São Paulo.
O também professor da USP Wagner Iglecias concordou: “Portou-se como se fosse ele o entrevistado, de tanto que falou. Perguntas longuíssimas, o que configura um desrespeito ao entrevistado”.
Já o internauta Sidney Martucci observou que “talvez a nota dissonante da entrevista tenha sido os apartes do economista André Lara Resende, principalmente em cima da fala do Piketty e sempre em contraponto à tese de que a ínfima parte dos milionários que concentra essa riqueza, não tem nenhuma obrigação social em ser obrigado a pagar uma taxação maior para que a divisão de renda seja mais equitativa. Porém esqueceu-se o André de que são exatamente esses ricos que mais se aproveitam das benesses do Estado, em subsídios, empréstimos via BNDES”.
“Os argumentos do André Lara são muito frágeis e pra falar a verdade ele estava lá muito mais para cutucar o Piketty com sua arrogância liberal”, disse outro internauta, Alexandre Marques.
Resende participou da elaboração do Plano Real, foi ex-presidente do BNDES no governo FHC, e foi demitido na ocasião do escândalo dos grampos da telefonia. Foi também sócio de Mendonça de Barros no banco Matrix, onde teria se tornado multimilionário. Entre seus hobbies está correr de Porsche. No ano passado, participou da campanha de Marina Silva à Presidência da República.