Carlos Nobre, climatologista e especialista em florestas tropicais, alertou que a Amazônia está próxima de alcançar um ponto de não retorno, onde a floresta pode ser transformada em uma savana degradada, com consequências graves para o clima global. Em entrevista ao The Guardian, Nobre explicou que a combinação de desmatamento, mudanças climáticas e práticas do agronegócio coloca a região em risco.
Atualmente, 18% da Amazônia foi desmatada, e a temperatura global já aumentou 1,5°C, com previsões de atingir 2°C até 2050. Nobre destacou que, se o desmatamento atingir 20-25% da floresta ou se o aquecimento global ultrapassar 2°C, a Amazônia pode atingir um ponto irreversível. "Uma vez que isso aconteça, a floresta será substituída por uma savana, o que afetará drasticamente o clima e a biodiversidade", afirmou.
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O cientista também ressaltou que a atividade agropecuária, especialmente a pecuária e a soja, tem contribuído significativamente para a degradação da floresta, tornando a região mais vulnerável à seca. Ele explicou que as pastagens não reciclam água como a floresta, o que agrava a escassez de chuva e acelera a degradação do solo.
Além disso, Nobre apontou que o crime organizado, responsável por uma grande parte dos incêndios florestais e desmatamento ilegal, está intensificando a situação. "Mesmo com esforços para reduzir o desmatamento, as atividades criminosas continuam a ameaçar a Amazônia", disse.
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Nobre pediu ações urgentes, como o reflorestamento em larga escala e a eliminação do desmatamento, para evitar que o ponto de não retorno seja alcançado. "Se não agirmos rapidamente, as consequências para o clima global serão irreversíveis", alertou.