Uma nova pesquisa realizada com 15 mil pessoas na França revela que homens emitem 26% mais gases de efeito estufa do que mulheres, principalmente devido ao consumo de carne vermelha e ao uso frequente de automóveis. Mesmo controlando fatores como renda e educação, a diferença nas emissões entre os gêneros permanece significativa.
Segundo os autores, o consumo de carne vermelha e o hábito de dirigir explicam entre 6,5% a 9,5% da diferença de emissões entre homens e mulheres após ajustes socioeconômicos. Voos não mostraram diferença entre os gêneros.
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Para Ondine Berland, economista da London School of Economics and Political Science, normas tradicionais de gênero que associam masculinidade à carne e aos automóveis moldam significativamente as pegadas de carbono individuais.
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Masculinidade, renda e resistência à mudança
O estudo alerta para a complexidade de isolar variáveis: homens precisam de mais calorias, mas também consomem mais do que o necessário. Além disso, têm renda média mais alta, o que se correlaciona com maiores emissões.
Pesquisas anteriores na Suécia já haviam apontado que homens causam 16% mais emissões com bens de consumo, apesar de gastarem valores semelhantes aos das mulheres.
Carros a gasolina, dietas à base de plantas e a crise climática se tornaram símbolos na disputa cultural. A tentativa de promover uma alimentação mais sustentável e reduzir o uso do automóvel é interpretada por alguns grupos como ameaça à masculinidade.
Termos como “soy boy” foram popularizados por figuras da extrema direita como JD Vance e Andrew Tate, que zombam de homens progressistas que evitam carne e adotam comportamentos sustentáveis.
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Mulheres se preocupam mais com o clima
Os autores sugerem que a diferença de emissões pode explicar por que as mulheres demonstram maior preocupação com o clima. O menor custo pessoal de reduzir suas pegadas de carbono pode facilitar a mudança de comportamento entre elas.
Marion Leroutier, coautora do estudo, argumenta que a preocupação com o meio ambiente pode levar mulheres a adotar hábitos mais sustentáveis no dia a dia.