Entre as ilhas de Jura e Scarba, na Escócia, o redemoinho de Corryvreckan se forma como uma das mais poderosas correntezas circulares do mundo. Conhecido como "caldeirão furioso", ele quase matou o escritor George Orwell e seu filho Richard em 1947, durante um passeio de barco.
O nome vem do Golfo de Corryvreckan, que, segundo a tradição, homenageia o rei nórdico Breckan. A lenda conta que ele tentou provar seu valor a um chefe escocês, ancorando seu barco no redemoinho por três dias. Para isso, usou três cordas: uma de cânhamo, outra de lã e uma terceira de cabelos de virgens. Quando as amarras se romperam, Breckan se afogou. A história atribui a tragédia à impureza de uma das jovens.
Te podría interesar
"Corry" deriva do gaélico "coire", que significa "caldeirão", fazendo de "Corryvreckan" o "caldeirão de Breckan".
Além de seu valor simbólico, o redemoinho impressiona pela força. Junto com fenômenos como o Saltstraumen (Noruega), o Old Sow (Canadá) e o Naruto (Japão), Corryvreckan é um dos maiores redemoinhos do planeta. Uma gravura de 1821, feita por William Read, mostra passageiros enfrentando as águas do golfo.
Te podría interesar
LEIA TAMBÉM: Túmulo de 5 mil anos revela liderança feminina em civilização andina antiga
O fenômeno acontece quando correntes oceânicas contornam Jura pelos lados leste e oeste e se encontram no norte da ilha. O golfo, em forma de funil, comprime essas águas no estreito entre Jura e Scarba, acelerando sua velocidade para até 8,5 nós (cerca de 16 km/h), segundo a Associação Universitária de Pesquisa Espacial (USRA).
Dois elementos naturais ampliam o efeito: um buraco de 220 metros de profundidade no fundo do golfo e uma coluna de rocha basáltica, conhecida como "Velha Bruxa", que se eleva de 70 a 29 metros abaixo da superfície. Eles criam um movimento giratório que suga e expulsa a água violentamente.
LEIA TAMBÉM: Olho de Hórus: o que significa o símbolo que atravessou milênios no Egito Antigo?
O rugido do redemoinho pode ser ouvido a 16 quilômetros de distância, de acordo com a BBC, e as ondas podem atingir 9 metros de altura, tornando o Corryvreckan uma das travessias mais perigosas das Ilhas Britânicas.
Foi nesse cenário que, em 1947, Orwell e seu filho quase perderam a vida. Morando em Jura enquanto escrevia 1984, o autor só sobreviveu graças à ajuda de pescadores locais, que os resgataram antes que fossem levados pela correnteza.