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Cúpula do Futuro debaterá desafios climáticos

Sob expectativa de que lideranças políticas adotem pacto sobre temas fundamentais para humanidade, evento terá de lutar antes contra própria inoperância

Créditos: ONU/Loey Felipe
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

A partir deste domingo (22) será realizada, às vésperas da Assembleia-Geral da ONU, a Cúpula do Futuro. O evento prossegue até segunda-feira (23) e reunirá os 193 Estados-membros das Nações Unidas para estabelecer um novo consenso internacional sobre os principais problemas da governança global.

Antecipada por debates que ocorrem desde sexta-feira (20), a Cúpula deve receber cerca de 7 mil representantes de organizações não governamentais (ONGs), acadêmicos e setor privado.

O evento, que tem como objetivo estabelecer pactos multilaterais acerca de questões complexas para a humanidade, é considerado este ano o ponto central do lançamento da assembleia geral anual das Nações Unidas.

As discussões, que devem envolver temas como pobreza extrema, mudança climática e novas tecnologias, buscam estabelecer diretrizes sobre reformas para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos há nove anos. Atualmente, apenas 15% dos objetivos foram alcançados.

Comentando sobre os desafios da Cúpula, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou:

“Os desafios internacionais estão se movendo mais rápido do que nossa capacidade de resolvê-los. Vemos divisões geopolíticas fora de controle e conflitos descontrolados – principalmente na Ucrânia, Gaza, Sudão e além. Mudança climática sem controle. Desigualdades e dívidas fora de controle. Desenvolvimento descontrolado de novas tecnologias como inteligência artificial – sem orientação ou barreiras de proteção. E nossas instituições simplesmente não conseguem acompanhar”. 

Cúpula enfrenta críticas sobre a possível inoperância

Nos bastidores, no entanto, críticos apontam que o pacto da ONU pode não ser o espaço adequado para resolver questões específicas como o clima e a guerra.

O receio é que a cúpula cumpra o mesmo papel de outras declarações de missão da ONU, sob risco de inoperância, como nos casos da cúpula dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2015 ou da cúpula da paz de Nelson Mandela em 2018.

Para responder às críticas sobre a produtividade dos trabalhos, David Miliband, executivo-chefe do International Rescue Committee, declarou que o pacto inclui propostas práticas, como a criação de uma plataforma de emergência que permita que a ONU use seu poder de convocação para lidar com choques globais como pandemias.

Entre os impasses estão a fragmentação do poder politico representada pelo Conselho de Segurança da ONU e a limitação de recursos financeiros, além da resistência persistente do Ocidente em transferir poder a potências emergentes. 

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