Os dez desastres climáticos mais custosos de 2024 geraram perdas financeiras de US$ 229 bilhões e resultaram em 2 mil mortes, segundo um relatório anual baseado em dados de seguros. Três quartos desse impacto econômico ocorreu nos Estados Unidos, onde Donald Trump, conhecido por negar a crise climática, assumirá novamente a presidência em janeiro.
O relatório destaca que, pela primeira vez desde 2018, duas tempestades no mesmo ano superaram a marca de US$ 50 bilhões em prejuízos: os furacões Helene e Milton, que devastaram os EUA em setembro e outubro.
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Outros eventos climáticos notáveis incluíram o Tufão Yagi, no sudeste asiático, que deixou pelo menos 829 mortos e gerou US$ 12,6 bilhões em danos; a Tempestade Boris, na Europa, que causou 26 mortes e prejuízos de US$ 5 bilhões; e enchentes devastadoras no sul da China, Baviera, Valência e Rio Grande do Sul, no Brasil.
O impacto crescente das mudanças climáticas
Os dez maiores desastres climáticos de 2024 ultrapassaram a marca de US$ 4 bilhões em prejuízos cada, refletindo o impacto econômico crescente das mudanças climáticas induzidas pela queima de combustíveis fósseis. Cientistas do clima confirmaram que muitos desses eventos extremos foram significativamente agravados pelas alterações climáticas.
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A pesquisadora Mariam Zachariah, do Imperial College London, ressaltou:
"A maioria desses desastres carrega as marcas das mudanças climáticas. Eventos extremos estão causando sofrimento humano em uma escala alarmante em todo o mundo". Além disso, a Christian Aid, responsável pelo levantamento, destacou que o verdadeiro custo desses desastres pode ser ainda maior, já que muitas pessoas em países pobres não possuem seguro.
Consequências além das perdas financeiras
O relatório também apontou que outros eventos climáticos de 2024, embora menos custosos em termos financeiros, tiveram impactos graves em ecossistemas, segurança alimentar e estabilidade social. Esses incluem inundações na África Ocidental, deslizamentos de terra nas Filipinas, secas no sul da África e ondas de calor em Bangladesh, Gaza e leste da Antártida.
Um apelo global por mudanças
Patrick Watt, CEO da Christian Aid, enfatizou a necessidade de ações políticas para reduzir emissões e aumentar a ajuda financeira a países vulneráveis:
"A crise climática não é um fenômeno natural, mas o resultado de escolhas políticas que priorizam combustíveis fósseis e negligenciam compromissos com as nações mais vulneráveis."
O relatório serve como mais um alerta sobre a urgência de medidas globais para mitigar os efeitos da crise climática e proteger as populações mais afetadas.
No Brasil, enchentes no Rio Grande do Sul e incêndios marcaram o ano
Entre abril e maio de 2024, as enchentes no estado causaram a morte de 183 pessoas e deixaram mais de 700 mil desalojados ou desabrigados. A estimativa é que esses eventos tenham gerado R$ 83 bilhões em prejuízos financeiros, de acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Por outro lado, a série de incêndios que afetaram diversas regiões do país, especialmente entre agosto e setembro, causaram uma perda econômica de cerca de R$ 1,3 bilhão, conforme dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM). O levantamento também aponta que, entre janeiro e setembro de 2024, 15,4 milhões de pessoas foram impactadas pelas queimadas, com 1.042 desabrigados ou desalojados.
*Com informações de The Gardian