De Baku - Azerbaijão -- A COP29, que termina oficialmente às 10 da noite desta sexta-feira, 22, vai para a prorrogação, em meio a disputas sobre quanto dinheiro os países ricos estão dispostos a desembolsar para financiar adaptação, transição energética e mitigação da emergência climática nos países em desenvolvimento.
O evento termina da mesma forma que começou: com discursos pessimistas, recriminações e acusações a países produtores de petróleo, notadamente a Arábia Saudita e o Azerbaijão.
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Os sauditas estariam atuando nos bastidores para diluir na declaração final a promessa feita na COP de Dubai de "transição dos combustíveis fósseis".
Já o país sede confirmou que vai expandir sua produção de hidrocarbonetos pelo menos até 2033.
Em um de seus discursos, o presidente Ilham Aliyev chegou a dizer que petróleo e gás são "dádivas divinas" e devem chegar ao mercado "para ajudar as pessoas".
U$ 1,3 trilhão
As decisões na COP são tomadas por consenso e os rascunhos das propostas em discussão são publicadas periodicamente.
Na mais recente, a meta alvo era de U$ 1,3 trilhão até 2035, mas com obrigação de U$ 250 bilhões anuais vindas de fontes públicas e privadas dos países ricos.
Pelo Acordo de Paris, de 2015, quem deve bancar a conta são os Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, outros países de alta renda da União Europeia e o Japão.
Mais recentemente, no entanto, Suíça e Canadá começaram uma campanha para incluir outros países na lista.
Uma das propostas é de que os maiores poluidores de hoje com renda per capita superior a U$ 22 mil passem a contribuir, o que incluiria Arábia Saudita, Rússia e China.
No cálculo dos suíços, o Brasil escaparia por muito pouco (U$ 18 mil).
Mudança das regras
Os negociadores suíços também miram em países com emissões de CO2 superiores a 250 toneladas per capita (desde 1990) que tenham renda superior a U$ 40 mil por pessoa.
Isso incluiria na lista dos que deveriam pagar a conta o Catar, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Coreia do Sul, Cingapura, Israel, Polônia e República Checa.
A proposta é fortemente rejeitada pelos países em desenvolvimento, com a alegação de que é uma tentativa de reescrever as regras com o jogo em andamento.
O presidente Lula repete a mesma frase sempre que questionado, com variações. Num discurso em Paris, por exemplo, resumiu:
Quem poluiu o planeta nestes últimos 200 anos foram aqueles que fizeram a revolução industrial. Eles devem pagar a dívida histórica que tem com a Terra.