Mais da metade da produção global de alimentos está ameaçada nos próximos 25 anos devido à crescente crise hídrica. As informações são relatório da Comissão Global sobre Economia da Água que alerta que a escassez de água, que já afeta metade da população mundial, deve ser agravada com as mudanças climáticas, prevendo que a demanda por água doce excederá a oferta em 40% até o final da década.
Enquanto 50 a 100 litros diários são considerados suficientes para necessidades básicas, o relatório aponta que cada pessoa necessita de cerca de 4.000 litros de água por dia para garantir nutrição e qualidade de vida. Para muitas regiões, esse volume só é possível graças ao comércio de alimentos e produtos que possibilitam o acesso à água.
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Além disso, o relatório identifica a movimentação de umidade por “rios atmosféricos”, que transportam água de uma região para outra. Entre os país que mais se beneficiam desse fenômeno estão China e Rússia se beneficiam significativamente desse sistema, enquanto países como Brasil e Índia exportam grandes volumes de "água verde" — a umidade do solo necessária para a produção agrícola.
Destruição do ecossistema
A destruição de ecossistemas naturais é um dos agravantes da crise hídrica, com a derrubada de florestas e a drenagem de pântanos interrompendo o ciclo de transpiração das plantas e o armazenamento de água no solo. As mudanças climáticas aumentam o estresse hídrico, com cada grau adicional de aquecimento elevando a umidade na atmosfera em 7%, intensificando secas e inundações.
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A Comissão também destaca que subsídios mal direcionados, especialmente na agricultura, incentivam o desperdício de água. Mais de US$ 700 bilhões são destinados a subsídios agrícolas anualmente, muitos dos quais levam ao uso excessivo de água em áreas já pressionadas. Além disso, 80% das águas residuais industriais não são tratadas ou recicladas, aprofundando a escassez de recursos.
Soluções possíveis
O relatório da Comissão defende uma reformulação das políticas de gestão hídrica, com foco em eficiência, equidade e sustentabilidade. É necessário que subsídios sejam redirecionados para garantir o acesso à água pelas populações mais vulneráveis, enquanto o financiamento para países em desenvolvimento deve ser ampliado para permitir reformas que protejam os recursos hídricos e garantam saneamento básico. A água deve ser tratada como um bem comum global, essencial para a estabilidade ambiental e social.
Os especialistas concluem que, sem ação, a escassez de água poderá reduzir o PIB global em 8% até 2050, com países pobres enfrentando perdas ainda maiores. A crise também tem impactos desproporcionais sobre mulheres, que são frequentemente responsáveis pela coleta de água em comunidades carentes.