Entre janeiro e setembro deste ano, o Brasil queimou uma área de 22,8 milhões de hectares, o equivalente ao estado de Roraima, de acordo com os últimos dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas, divulgados nesta sexta-feira (11).
O número também representa um aumento de 150% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o fogo atingiu 8,98 milhões de hectares.
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A maioria (51%) da área queimada neste período de nove meses está localizada na Amazônia, e aproximadamente 73% da área queimada era de vegetação nativa, principalmente formações florestais. Entre as áreas de uso agropecuário, as pastagens plantadas se destacaram, com 4,6 milhões de hectares queimados entre janeiro e setembro deste ano.
O levantamento do MapBiomas também aponta que mais da metade (56%) da área queimada no Brasil está concentrada em apenas três estados: Mato Grosso, Pará e Tocantins. Somente o Mato Grosso corresponde sozinho a 25% do total da área queimada dos estados: foram 5,5 milhões de hectares devastados pelo fogo entre janeiro e setembro. Já no Pará, foram 4,6 milhões de hectares queimados e, no Tocantins, 2,6 milhões.
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Até o momento, setembro mantém-se como o mês em que mais ocorreram queimadas este ano. Em agosto, foram queimados 5,65 milhões de hectares. Já em setembro, foi quase o dobro do mês anterior: 10,65 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo. Isso representa um salto de 90% entre os meses.
Em comparação a setembro de 2023, o salto é ainda maior: 181%, ou 6,8 milhões de hectares a mais queimados. A extensão queimada apenas em setembro corresponde a 47,6% de toda a área queimada no Brasil até esse mês em 2024.
Amazônia
A área queimada na Amazônia, em comparação a setembro de 2023, representa um aumento de 196%. No mês passado, foram queimados 5,5 milhões de hectares - mais da metade (52%) do total queimado no período em todo o país.
Metade do que foi queimado eram de formações florestais (2,8 milhões de hectares queimados). Outros 33% (1,8 milhão de hectares) eram de pastagem, que foi a classe de uso da antrópico mais queimada.
“O período de seca na Amazônia, que normalmente ocorre de junho a outubro, tem sido particularmente severo este ano, agravando ainda mais a crise dos incêndios na região – um reflexo da intensificação das mudanças climáticas, que acabam tendo papel crucial para a propagação de incêndios. Isso se reflete nos números de setembro, onde metade da área queimada na região foi em formações florestais”, ressalta Ane Alencar, diretora de Ciências do IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo.
Cerrado
O Cerrado foi o segundo bioma que mais queimou em setembro, com 4,3 milhões de hectares devastados pelo fogo - quase metade do total queimado no país entre janeiro e setembro e um aumento de 117% em relação ao mesmo período de 2023.
O número também representa a maior área queimada em um mês de setembro nos últimos cinco anos, com 64% a mais que a média histórica para o período. A maior parte das áreas queimadas (88,3%) em setembro foi em vegetação nativa: foram 3,8 milhões de hectares, com destaque para formações savânicas (2,2 milhões de hectares) e campos alagados (1,1 milhão de hectares).
“Setembro marca o pico da seca no Cerrado e isso torna o impacto do fogo ainda mais severo. Com a vegetação extremamente seca e vulnerável, o fogo se espalha rapidamente, resultando inclusive na baixa qualidade do ar nas cidades próximas, afetando a saúde das populações urbanas e rurais”, detalha Vera Arruda, pesquisadora no IPAM e coordenadora técnica do Monitor do Fogo.
Pantanal
O Pantanal registrou um salto de 2.306% de área queimada nos primeiros nove meses de 2024 em comparação média dos cinco anos anteriores. Foram queimados 1,5 milhão de hectares entre janeiro e setembro e 20% dessa área foi devastada somente no mês passado.
Do total queimado, 92% foi de vegetação nativa, sendo 38% concentrado em formação campestre e 22% em campo alagado e área pantanosa.
Mata Atlântica
Na Mata Atlântica, foram queimados 896 mil hectares entre janeiro e setembro deste ano. A maior parte (71% da área afetada estava em áreas agropecuárias. Setembro concentrou 25% desse total: foram 283 mil hectares queimados neste mês – um aumento de 382% em relação à média anterior.
Pampa e Caatinga
Por outro lado, foi observada redução nas áreas queimadas no Pampa e na Caatinga. No primeiro bioma, esse cenário se deu devido à maior umidade observada este ano, com chuvas acima da média. A área queimada foi a menor registrada nos últimos três anos para o período entre janeiro e setembro: 3,1 mil hectares.
Já na Caatinga, foram queimados 151 mil hectares nos primeiros nove meses do ano - uma queda de 18% em relação ao mesmo período de 2023. Mais de três em cada quatro hectares queimados (78%) eram de formações savânicas, o que indica que o fogo está sendo utilizado para limpeza de áreas desmatadas, sem supervisão nem controle da área manejada.
O MapBiomas destaca que desde 2022 é observada uma redução paulatina das áreas queimadas na Caatinga e que mesmo com os fenômenos de “La Niña” ou “El Niño”, os últimos 3 anos do bioma não foram de seca. "No entanto, é importante destacar que o mês que mais é afetado por queimadas é outubro. Assim, ainda existe a possibilidade de que o pico das queimadas ocorra ainda este mês, dependendo de condições climáticas e outros fatores ambientais", afirma o instituto.
*Com informações de MapBiomas