O Dia Mundial dos Oceanos é comemorado neste sábado, dia 8 de junho. Criada em 2008 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a comemoração tem o objetivo de promover reflexões sobre a preservação do ambiente marinho e sua importância para a vida.
Apesar da data ter sido oficializada em 2008, sua ideia surgiu na Eco-92, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada em 1992 no Rio de Janeiro. O evento foi um marco do debate sobre a preservação ambiental não só porque foi a maior reunião sobre o tema até então, mas também porque estabeleceu, pela primeira vez, o conceito de desenvolvimento sustentável e abordou questões fundamentais para alcançá-lo.
Te podría interesar
Comemorado todo ano, o Dia Mundial dos Oceanos é organizado pela Divisão de Assuntos Oceânicos e Direito Marítimo (Escritório de Assuntos Jurídicos) da ONU e convoca autoridades e a sociedade civil de todo o mundo para agir em prol da preservação marinha. Neste ano, o tema da data é "Catalisar Ação para o Nosso Oceano e o Clima".
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, publicou uma mensagem para o Dia Mundial dos Oceanos deste ano. Confira abaixo:
Te podría interesar
"Os oceanos sustentam e melhoram toda a vida na Terra. Mas os nossos oceanos estão em apuros. E somos nós os culpados.
As mudanças climáticas provocam a subida dos mares e ameaçam a própria existência de pequenos Estados insulares em desenvolvimento e de populações costeiras.
As temperaturas recordes do mar provocam eventos climáticos extremos que afetam todas as pessoas.
A acidificação dos oceanos destrói os recifes de coral, quebrando um elo vital nas cadeias alimentares e ameaçando o turismo e as economias locais.
E o desenvolvimento costeiro insustentável, a pesca excessiva, a mineração em águas profundas, a poluição descontrolada e os resíduos plásticos causam estragos nos ecossistemas marinhos em todo o mundo.
No entanto, há vislumbres de esperança.
No ano passado, a Assembleia Geral da ONU adotou o histórico Acordo da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar sobre a Conservação e Utilização Sustentável da Biodiversidade Marinha em Áreas Fora da Jurisdição Nacional — o novo tratado mais importante sobre a governação dos oceanos em décadas.
O processo em curso para desenvolver um tratado juridicamente vinculativo para acabar com a poluição por plásticos proporciona outra oportunidade para avançar no nosso objetivo comum de proteger os nossos oceanos.
O recente parecer do Tribunal Internacional do Direito do Mar é outro avanço, apelando às nações para que tomem medidas para reduzir, controlar e prevenir a poluição marinha causada pelas emissões de gases com efeito de estufa.
A Conferência do Futuro deste ano e a Conferência da ONU sobre os Oceanos do próximo ano, na França, constituem oportunidades adicionais para nos comprometermos com ações que possam restaurar e proteger os nossos preciosos ecossistemas marinhos e costeiros.
É hora de governos, empresas, investidores, cientistas e comunidades se unirem em defesa dos nossos oceanos".
Importância dos oceanos
Cobrindo 70% da superfície do planeta, os oceanos são essenciais para a preservação da vida na Terra, uma vez que absorvem cerca de 30% das emissões de CO2 da atmosfera e estima-se que entre 50% e 80% do oxigênio é proveniente dos oceanos. Eles também concentram 97% de toda a água do planeta. Além disso, os oceanos abrigam a maior diversidade ecossistêmica do planeta.
Com todas essas características, os oceanos são fundamentais para a vida vegetal, animal e humana na Terra e têm grande importância ecológica, econômica, política e sociocultural. Além da própria vida, os oceanos proporcionam alimentação, renda, transporte e ainda são locais de lazer.
Eventos do Dia Mundial dos Oceanos
Para comemorar o Dia Mundial dos Oceanos, a ONU realiza uma série de eventos ao redor do mundo com temática ambiental. É possível conferir alguns deles divididos por países e categorias pelo site oficial do World Ocean Day.
Década dos Oceanos
Em 2017, a ONU estabeleceu a Década dos Oceanos entre 2021 e 2030, com o objetivo de promover uma ciência oceânica sustentável em prol da preservação ambiental e da vida animal e humana.
Para atingir esse objetivo, a organização lançou dez desafios estratégicos para alcançar "o oceano que queremos até 2030", que seria, segundo a organização: limpo, saudável e resistente, produtivo, previsto, seguro, acessível e inspirador e envolvente.
Os dez desafios são:
- Compreender e vencer a poluição marinha
- Proteger e restaurar ecossistemas e biodiversidade
- Alimentar de forma sustentável a população global
- Desenvolver uma economia oceânica sustentável e equitativa
- Desbloquear soluções baseadas no oceano para as alterações climáticas
- Aumentar a resiliência da comunidade aos riscos oceânicos
- Expandir o Sistema Global de Observação do Oceano
- Criar uma representação digital do oceano
- Competências, conhecimentos e tecnologia para todos
- Mudar a relação da humanidade com o oceano
Os oceanos e ameaça climática
A Eco-92 também abordou o tema das mudanças climáticas, porém, apesar de mais de 30 anos após o debate, o tema continua sendo negligenciado por autoridades governamentais. Os oceanos são um dos principais pontos críticos na ameaça à vida na Terra causada pelas mudanças climáticas.
Com as capacidades citadas acima, os oceanos são responsáveis por regular os padrões climáticos. Ao absorver 30% das emissões de CO2, os oceanos têm papel central no combate ao aquecimento global.
Porém, os oceanos vêm sofrendo com a poluição cada vez mais intensa. De acordo com a ONU, oito milhões de toneladas de plástico vão parar nas águas dos oceanos, levando 100 mil animais marinhos à morte todos os anos. A organização já apontou que se continuarmos com a poluição nesse nível, em 2050 haverá mais plástico do que peixes no mar.
Toda essa poluição representa a perda de biodiversidade e da capacidade de reter CO2 e liberar oxigênio para atmosfera. Todo esse plástico também se transforma em microplástico, partículas que se concentram em animais marinhos que são consumidos por humanos e, consequentemente, também se concentram em seus organismos.
Outra consequência é o aquecimento das águas, que faz com que os oceanos percam, justamente, sua capacidade de reter o dióxido de carbono.