Um grupo de orcas tem atacado embarcações no Oceano Atlântico Norte. O mamífero é incorretamente conhecido como "baleia assassina", devido à tradução direta do inglês "killer whale". A orca não faz parte das baleias e não costuma ser violenta. Contudo, essa última característica está sendo reavaliada por biólogos marinhos.
Desde junho de 2020, relatos registram um comportamento incomum das orcas: elas têm atacado embarcações com a intenção de naufragá-las. Foram 744 encontros entre as navegações e os animais e em 505 deles houve contato. Os ataques ocorreram, predominantemente, no Estreito de Gibraltar e no Mar Mediterrâneo.
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Comportamento violento das orcas
O que surpreendeu os tripulantes foi o ataque coordenado das orcas, que sacudiram sucessivamente os barcos por cerca de uma hora. Foram 12 embarcações danificadas e três naufragadas. Os animais costumam bater no leme, o que exige que a embarcação realize o pedido de reboque. “Elas começaram a bater no leme com uma força que fazia o timão girar violentamente e dava para sentir a vibração no convés”, narra April Boyes, tripulante de iate atingido em 24 de maio, à Veja.
Os biólogos têm observado as ações das orcas e como esses hábitos são passados entre o grupo. Eles sugerem que a chefe do bando de 15 orcas, a quem nomearam Gladis Branca, teria passado por um acidente com uma embarcação, o que a motivou a caracterizá-los como ameaças. Ela, então, teria ensinado a técnica de investidas contra os barcos aos filhotes.
O fator motivador para esses ataques pode ter sido a "vontade de vingança", de acordo com o biólogo Alberto López. Ele explica que apesar de não ser comprovada a justificativa do ocorrido, não se pode descartar que uma "experiência infeliz tenha acontecido com um veleiro com linhas de pesca na popa e daí a sua fixação com eles”, diz ele, se referindo ao intenso tráfego de navios na região.
Existe outra hipótese
Porém, a bióloga Monika Wieland Shields, pesquisadora de comportamento e diretora do Orca Behaviour Institute, comenta que os ataques podem ser apenas brincadeiras para os mamíferos. "Se elas realmente estivessem atacando propositadamente, o dano seria muito maior", comentou ao UOL.
A fixação com tendências também pode ser outro fator para as investidas contra os barcos. Shields conta que, nos anos 1980, uma orca na costa do estado de Washington, nos EUA, carregou um salmão morto na cabeça. Logo, outros companheiros do mamífero passaram a reproduzir a ação. As orcas mais jovens costumam participar de atividades de "brincadeiras". Afundar boias por curiosidade é um exemplo desse comportamento, que agora passou para as embarcações.