Em Belterra, no Pará, o número de casos de doenças neurológicas ligadas ao uso de agrotóxicos aumentou 667% em uma década. Na cidade, existem homens de 35 anos diagnosticados com Alzheimer.
Os dados são resultado de uma pesquisa de doutorado da bióloga Annelyse Rosenthal Figueiredo, que também atua como professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Oeste do Pará, em Santarém.
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Em sua trabalho, Annelyse buscou compreender os impactos do agrotóxicos na saúde da população do Planalto Santereno, constituído por áreas dos municípios de Santarém, Mojuí dos Campos e do recorte da pesquisa, Belterra.
A bióloga utilizou dados do sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde de 2004 a 2014 e de 2014 a 2022. Sua primeira descoberta revelou que sequer havia registros completos de possíveis casos de intoxicação e de doenças derivadas de agrotóxicos causados, principalmente, pelo glifosato, muito usado nas plantações de soja.
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Em seguida, ela buscou dados no DataSUS sobre casos de intoxicação subaguda e crônica. O resultado mostrou o aumento de 667% em doenças neurológicas em uma década.
Alunos intoxicados
Em janeiro deste ano, professoras da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Professora Vitalina Motta, localizada em Belterra, denunciaram a vaporização de agrotóxicos por máquinas agrícolas durante o horário das aulas. Os alunos tiveram que ser mandados para casa com queixa de olhos ardendo, dor de cabeça, enjoos e coceira. A escola disputa espaço com uma imensa plantação de soja ao redor do prédio.
Após a denúncia, o produtor rural responsável foi multado pelo Instituto de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em mais de R$ 1 milhão por uso irregular de agrotóxicos.