MEIO AMBIENTE

Desbolsonarização do ICMBio: Mais dois PMs são exonerados de cargos de chefia

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, autarquia do Ministério do Meio Ambiente, é responsável pela gestão e fiscalização das unidades de conservação do país

Operação do ICMBio com apoio da Força Nacional, no Pará, em 2019: apreensão de gado, planejada há mais de um ano, cancelada pela direção.Desbolsonarização do ICMBio: Mais dois PMs são exonerados de cargos de chefiaCréditos: Divulgação/ICMBio – 19/06/2019
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O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, autarquia lidada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima que tem como objetivo a gestão e fiscalização das unidades de conservação brasileiras, exonerou dois policiais militares na última quarta-feira (25) de cargos de chefia.

Um dos exonerados é o tenente-coronel Emerson de Barros Ribeiro, que chefiava o Núcleo de Gestão Integrada Campos Gerais, entidade responsável pela gestão de quatro unidades de conservação no Paraná. São elas o Parque Nacional dos Campos Gerais, a Reserva Biológica das Araucárias e as florestas nacionais de Irati e Piraí do Sul. Barros Ribeiro estava na função desde 2019.

O outro exonerado é o coronel Flávio Antônio de Jesus, afastado do cargo de gestor do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Ele havia sido nomeado em agosto de 2021 para a chefia de um dos parques mais visitados do país.

Ainda não há novos ocupantes definitivos para os cargos. A servidora e analista ambiental Cristiane Ramscheid Figueiredo foi designada como chefe substituta do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses até que um novo definitivo seja anunciado. Já o Núcleo de Gestão Integrada Campos Gerais ainda aguarda o novo gestor, seja provisório ou definitivo.

As exonerações vêm em um contexto em que após a posse do novo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e sua ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), o governo tem realizado uma série de esforços para ‘desbolsonarizar’ a pasta. O próprio ICMBio, por exemplo, durante os anos de Jair Bolsonaro (PL), teve como presidente o coronel Homero de Giorge Cerqueira, da Polícia Militar de São Paulo, que acabou sendo pego enquanto dirigia um grupo de garimpeiros em área de proteção ambiental do Pará, na bacia do rio Tapajós. Acusado de facilitar a articulação dos garimpeiros em torno da liberação de áreas indígenas e de conservação, ele foi exonerado em 2020. Já seu sucessor, o também coronel da PM paulista, Marcos Castro Simanovic, não sobreviveu à posse de Lula e deu lugar ao servidor Marcel Marcelino de Oliveira, que assumiu a função interinamente.

Após quatro anos de governo Bolsonaro, o Brasil viu os seus principais órgãos de defesa do meio ambiente, da fauna e dos povos tradicionais completamente aparelhados por militares e com equipes reduzidas de servidores. Os reflexos disto são concretos: o país viveu recordes de desmatamento e queimadas na Amazônia, Pantanal e Cerrado a cada ano, além, é claro, da própria situação dos yanomami que veio a público nos últimos dias, mas que já era anunciada em 2021 quando milhares de garimpeiros invadiram o território com a benção do governo de então.