BARBÁRIE

VÍDEO: Atriz é alvo de transfobia em loja da Drogaria São Paulo

A artista Donatella Magno foi acusada de roubo e tratada no pronome masculino por funcionários da rede

Créditos: Reprodução
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Era para ser o fim de mais uma terça-feira (1) rotineira para a atriz Donatella Magno, que terminou em acusação de roubo e transfobia por funcionários de uma unidade da Drogaria São Paulo, na Rua São João Clímaco, localizada no Sacomã, zona sul da cidade de São Paulo.

"Posso revistar a sua bolsa?" 

Donatella relata à Fórum que, ao voltar do trabalho, parou na unidade da Drogaria São Paulo para ver se havia protetor em promoção. Ao constatar que não havia, ela foi embora. Em seguida, dirigiu-se a uma lanchonete a 200 metros da drogaria. Enquanto fazia seu pedido, foi abordada por um funcionário da rede, que a tratou com o pronome masculino e pediu para abrir sua bolsa.

“Fui na parte onde ficam aqueles produtos que estão próximos ao vencimento. Em promoção, não tinha quase nada de protetor solar e eu saí. Esses produtos ficam numa estante próxima da entrada. Eu não demorei nem dois minutos na minha passagem pela Drogaria São Paulo. Aí eu pensei: ‘não tem, então tá, não tem, vou comer, tava com muita fome’”, relata Donatella.

Em seguida, ela conta que, enquanto fazia seu pedido na lanchonete, foi abordada por um funcionário da Drogaria São Paulo. “Nessa lanchonete que eu tenho o costume de ir, que é bem próxima da Drogaria São Paulo, a uns 200 metros de distância, fui lá, pedi umas fogaças com a atendente, quando esse homem me aborda, toca no meu ombro e fala assim, bem baixinho no meu ouvido: ‘parceiro, vem cá, eu poderia ver sua bolsa?’ Eu fiquei sem entender, senti um medo num primeiro momento, porque eu imaginei um assalto.”

Donatella revela que foi intimidada pelo funcionário da Drogaria São Paulo: “Ele veio me intimidando, e na mesma direção dele — ele estava dentro da lanchonete, junto comigo —, quando eu olho pra rua, na direção dele, tinha uma pessoa em cima de uma moto com um capacete. Eu pensei: ‘pronto, vou ser assaltada’. Depois, o funcionário da Drogaria São Paulo começou a esclarecer, falando que um responsável da Drogaria São Paulo pediu pra ele ir falar comigo e ver a minha bolsa. Olha o nível de abuso, o acúmulo de abuso: eu estava em uma lanchonete, pedindo uma fogaça, e ele soltar uma dessa pra mim? ‘Ah, porque um responsável... você acabou de sair da drogaria e o responsável pediu pra eu vir aqui olhar a sua bolsa’. O funcionário da Drogaria São Paulo soltou essa na cara dura, sabe? Na cara de pau. Ele soltou essa pra mim. E várias pessoas ao meu redor. Foi horrível.”

Após a abordagem do funcionário da Drogaria São Paulo, Donatella relata que tentou explicar o absurdo da situação, mas foi em vão: “A gente entrou numa breve discussão. Eu falei: ‘cara, mas isso tá errado, você não pode chegar assim abordando as pessoas. Você saiu de lá do seu trabalho, veio aqui, nessa lanchonete atrás de mim, tendo essa abordagem. Isso está super errado’. Aí ele ficou nervoso, começou a falar lá, a se enrolar, falou umas coisas... Eu falei: ‘cara, isso é humilhante, é constrangedor eu ser abordada assim’. Falei pra ele: ‘olha aqui minha bolsa. Pode abrir a bolsa’. E mostrei pra ele. Tava minha marmita, tava o meu guarda-chuva, meus documentos. Aí ele foi embora.”

Depois de pagar sua refeição, Donatella retornou à unidade da Drogaria São Paulo e tentou dialogar com o gerente da loja, apontado pelo funcionário como a pessoa que pediu para revistar a bolsa da atriz. No entanto, ela relata que eles se recusaram a conversar e depois se esconderam dentro de uma sala. Veja no vídeo abaixo:

À Fórum, Donatella relata que viveu uma sensação de horror após um dia exaustivo de trabalho e afirma que pretende registrar um Boletim de Ocorrência por transfobia. “Imagina, tu está chegando do trabalho, um dia super produtivo, para numa lanchonete, passa numa drogaria para comprar um produto. O produto não tem. Você se dirige a uma lanchonete pra comer o lanchinho e um funcionário da drogaria te aborda assim. Foi horrível, foi horrível. Eu queria me enfiar num buraco”, desabafa. 

A Drogaria São Paulo declarou à Fórum “que tomou conhecimento do episódio ocorrido em uma de suas unidades, na última terça-feira (01), e está conduzindo a apuração do caso." A rede de farmácias também afirmou que "não compactua com qualquer forma de discriminação e reforça seu compromisso com o respeito, a inclusão e a diversidade. A empresa segue comprometida com a manutenção de políticas e práticas que constroem ambientes seguros e respeitosos”. 
 


 

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