A igreja Batista da Lagoinha, com sede em Belo Horizonte e 700 filiais em cinco continentes comandada pelo pastor mineiro André Valadão, 45 anos, defende e promove uma suposta “reorientação” da sexualidade, conhecida como cura gay.
Segundo reportagem da revista Veja, que ouviu relatos de pessoas que passaram pelo processo, retiros que duram de três a oito dias e chegam a custar até três mil reais, são realizados na Estância Paraíso, que fica a 40 minutos de Belo Horizonte.
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De acordo com os participantes, a promoção da “cura gay” não é explícita. “Nossos retiros não são só para homossexuais, lésbicas, essas coisas, mas sempre trabalhamos a cura e a libertação interior, e muita gente sai restaurada”, afirmou uma atendente do local. “Eles entendem que essa não é a vida que agrada ao senhor.”
A publicitária Cláudia Baccile, 33 anos, que passou pelo processo, conta que nas dinâmicas os participantes são bombardeados com ideias como as de que “a homossexualidade é o pecado extremo” e que quem se envolver em ato sexual dessa natureza “será condenado à morte eterna”. “Na época, já me via como lésbica e fui levada a uma sessão de exorcismo”, diz Cláudia.
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O pastor gay Bob Botelho, 29 anos, fundador da organização Evangélicxs pela Diversidade, ainda era missionário, em 2015, quando buscou o retiro para “anular” sua homossexualidade. “Eles tentam te convencer de que, para ser filho de Deus, é necessário negar sua orientação”, afirma. “O trabalho é tão forte que as pessoas são induzidas a acreditar que estão demonizadas.” E é aí que se seguem as sessões de exorcismo.
No Ministério Clínica da Alma, também em Minas, braço da igreja de Valadão para onde fiéis são encaminhados para receber ajuda de psicólogos. “Aqui, os profissionais defendem que o homem foi feito para a mulher, e vice-versa. São princípios cristãos”, explicou a VEJA um funcionário.
É bom lembrar que desde 1999, o Conselho Federal de Psicologia proíbe que seus associados tratem a homossexualidade como patologia. “Não existe psicologia cristã: ela é laica e todas as vertentes precisam obedecer às mesmas resoluções”, esclarece Pedro Bicalho, presidente da entidade.
Denúncias de relações com outros homens
O mais curioso de toda a história é que o virulento líder antigay da Lagoinha, André Valadão, já teve várias revelações a respeito de sua vida pessoal. O comunicador Bruno Sartori, por exemplo, publicou um vídeo em suas redes sociais afirmando que já teve um caso amoroso com o líder da Igreja da Lagoinha.
Quem também resolveu falar sobre os segredos de André Valadão foi o ex-pastor e escritor Felipe Heiderich, que antes de assumir ser gay, foi casado com a pastora Bianca Toledo e conviveu com a família Valadão.
Em entrevista ao programa "De Cara com Douglas Nobre", o ex-pastor Felipe Heiderich afirmou que André Valadão deveria ser a última pessoa a atacar as LGBT, pois "o teto dele é muito fininho, e basta uma poeirinha para cair a casa inteira".
Além disso, Felipe também afirmou que André Valadão promove ódio contra as LGBT para se manter em evidência e que, para assumir a liderança da Igreja da Lagoinha, "deu um golpe".
Em outro caso, revoltada com a recente pregação do pastor bolsonarista André Valadão, em que conclamou fiéis a – literalmente – matar membros da comunidade LGBTQIA+, a travesti Talita Oliveira resolveu expor um caso que alega ter tido com o religioso, que agora é investigado por homofobia.