O publicitário Galileu Araujo Nogueira recebeu R$ 40 mil de indenização, por danos morais, da tradicional rede de farmácias Droga Raia. Uma das muitas unidades do estabelecimento, em São Paulo, foi acusada de homofobia por ter chamado o cliente de “Gaylileu”, em 2021.
A vítima, de 33 anos, recebeu metade do dinheiro. Os outros R$ 20 mil foram para uma ONG que abriga jovens LGBTQIAP+ na capital paulista.
À época, o publicitário passou a receber mensagens da farmácia, por SMS do celular, com cupons de desconto para medicamentos. O nome dele tinha a inclusão da letra “y”, formando a palavra “gay”.
Em março de 2022, Galileu, que é homossexual, denunciou o fato nas redes sociais. Ele postou fotos dos cupons e as mensagens que recebeu da farmácia.
“Droga Raia: Gaylileu o NORVOSAC 5 MG 30 S deve estar acabando. Compre pelo site ou na Droga Raia mais prox (p/sair envie PARE)”, diz SMS, recebido em 19 de março de 2021, sobre o medicamento controlado que toma para hipertensão.
A Droga Raia divulgou um comunicado, afirmando que respeita a comunidade LGBTQIAP+ e trabalha pela inclusão dessas pessoas no seu quadro de funcionários.
“Ficamos satisfeitos com o desfecho, pois sabemos que isso poderá contribuir com a promoção contínua da diversidade, e porque estamos aprendendo juntos como construir uma sociedade mais inclusiva”, afirmou.
Galileu considera resultado um “marco na luta contra homofobia”
“O resultado da ação, pra mim, é um excelente marco na luta contra homofobia no Brasil. E acredito que ela pode inspirar outras pessoas da comunidade LGBTQIAP+ a não se calarem mais. A possibilidade de reverter a indenização, vindo de um ato de homofobia, e virando uma possibilidade de educação para comunidade é o que mais me deixa feliz no resultado desse processo”, declarou Galileu, em entrevista ao G1.
Com a indenização, ele decidiu que ofertará bolsas de estudos para jovens LGBTQIAP+ que queiram se especializar em comunicação.
A outra parte da indenização vai auxiliar a ONG Casa 1, que recebe, gratuitamente, pessoas de 18 a 25 anos que foram expulsas de suas casas pelas famílias por causa de suas orientações sexuais e identidade de gênero.