O apresentador Gilberto Barros, conhecido como "Leão", foi condenado pela Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania de São Paulo por homofobia. A decisão, do dia 28 de janeiro e que veio à tona nesta quinta-feira (3), prevê o pagamento de uma multa de R$ 32 mil, mas ainda cabe recurso.
À Fórum, o advogado Dimitri Sales, responsável por representar o ativista William De Lucca na denúncia contra o apresentador feita ao governo paulista, considerou a condenação importante por dois aspectos. "Ela tanto reprime a conduta, a manifestação de intolerância e ódio à população LGBT, quanto serve para orientar, para educar a sociedade a uma convivência respeitosa às diferenças sexuais", declara.
"Considerando que Gilberto Barros é apresentador que tem destaque nacional, sua fala projetou essa intolerância, e portanto a condenação é uma resposta à altura da defesa da cidadania LGBT", prossegue.
Dimitri Sales avalia, entretanto, que o valor da multa aplicado é pequeno e, por isso, vai recorrer para ampliar a punição.
"[A multa aplicada] é pequena, considerando que ainda é possível triplicar esse valor, e só é possível triplicar considerando a repercussão que a fala teve. Nós entendemos que a manifestação de intolerância de Gilberto Barros alcançou todo o país e, por isso, a condenação tem que ser proporcional", afirma.
"Por essa razão a gente vai entrar com recurso para reverter essa multa de modo a ampliar o valor que foi arbitrado para a condenação do apresentador", adianta ainda o advogado.
Homofobia e incitação à violência
A Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania de São Paulo condenou o apresentador Gilberto Barros por homofobia por causa de um comentário realizado em seu programa “Amigos do Leão”, em 2020, que é exibido no YouTube. A multa fixada pelo governo foi de R$ 32 mil.
Durante um episódio sobre os 70 anos da TV brasileira, Gilberto Barros, que é conhecido como Leão, lembrou da época em que trabalhava na Rádio Globo, nos anos 1980. Barros declarou que na época tinha que presenciar “beijo de língua de dois bigodes”, isso porque havia uma boate LGBT em frente à rádio.
“Não tenho nada contra, mas eu também vomito. Eu sou gente, ainda mais vindo do interior. Hoje em dia, se quiser fazer na minha frente, faz. Apanha os dois, mas faz”, declarou Gilberto Barros.
A condenação foi aplicada pela Comissão Especial de Discriminação Homofóbica, subordinada à Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania. A ação foi movida pelo jornalista e militante LGBT William De Lucca.
Na decisão que fundamentou a pena, a Comissão declarou que “os comentários proferidos pelo denunciado [Gilberto Barros], inclusive, num tom pejorativo e de aversão, foram preconceituosos e ofensivos, atentando à honra e dignidade da pessoa humana”.
A Comissão também afirmou que, o apresentador, ao declarar que agrediria dois homens se estivesses se beijando, estava “incitando o ódio e violência contra a população LGBTQIA+ e atribuindo conotação negativa e de repúdio à demonstração de carinho entre pessoas do mesmo sexo”.
Gilberto Barros ainda não se manifestou sobre a condenação.