A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) divulgou, nesta quinta-feira (24), uma nota em que cobra a Globo e o diretor do "Big Brother Brasil" (BBB), José Bonifácio Brasil de Oliveira, mais conhecido como Boninho, por conta dos episódios de transfobia no reality show. "Transfobia não é entretenimento", diz a entidade.
Nesta quarta-feira (23), durante uma festa na casa do BBB, o participante Lucas chamou Lina, conhecida com Linn da Quebrada, única mulher trans da edição, pelo pronome masculino "ele". Essa não é a primeira vez que o gesto transfóbico acontece na casa, apesar da artista ter o pronome "ela" tatuado na testa.
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Logo no início do reality, Eslovênia também tratou Lina de maneira incorreta. Pedro Scooby, Rodrigo e Eliezer também tiveram atitudes transfóbicas, o que motivou um posicionamento do apresentador do BBB, Tadeu Schmidt.
No dia 23 de janeiro, ele pediu que Lina explicasse o motivo de sua tatuagem acima da sobrancelha e reforçasse como as pessoas deveriam se dirigir a ela.
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“Eu fiz essa tatuagem por causa da minha mãe. Porque no começo da minha transição ou em parte da minha transição, a minha mãe ainda errava e me tratava no pronome masculino. Eu falei: ‘Mãe, ó, eu vou tatuar ‘ela’ aqui na minha testa para ver se a senhora não erra’”, disse a cantora na época.
A fala do apresentador, no entanto, não contornou o problema, e situações transfóbicas continuaram a ser observadas em falas e atitudes dos "brothers".
"Ressaltamos que o direito a identidade de gênero e sua livre expressão é garantido e resguardado pelo estado brasileiro, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu que pessoas trans gozam do direito de serem tratadas de acordo com o gênero com o qual se identificam sem qualquer tipo de discriminação e que a violação deste direito humano se configura como racismo transfóbico, devendo ser devidamente levado as autoridades competentes para que tomem as providências cabíveis no termos da Lei 7.716/89", diz um trecho da nota da ANTRA.
"Mas o que temos visto é a manutenção de um ambiente altamente hostil para a única participante travesti e que a mesma vem sofrendo violência psicológica com o descaso com sua identidade, falta de cuidado e desrespeito dos outros participantes, e que a direção nada tem feito no sentido de mitigar os efeitos da transfobia, evitar que os casos voltem a acontecer e responsabilizar aqueles que insistem em ser transfóbicos", prossegue a entidade, que ainda chama a atenção para a saúde mental de Lina.
Confira a íntegra da nota