O candidato a reeleição à prefeitura da cidade de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), ao ser questionado sobre os crimes de ódio contra as travestis e transexuais, e também sobre a ausência de propostas LGBT em seu programa de governo, respondeu que “toda a vida importa” e que ia pedir à sua equipe para incluir “isso” no seu programa.
"É uma tragédia. Toda a vida importa. Portanto, qualquer morte por ódio é inaceitável, é um absurdo, a gente tem que sempre combater o racismo, tem que combater a desigualdade, tem que combater as perseguições, a violência à mulher, à perseguição à população LGBT”, respondeu o candidato.
Na sequência, Covas disse que é preciso de políticas públicas às minorias.
“Qualquer tipo de violência a qualquer minoria na cidade de São Paulo precisa de políticas públicas. A gente continuou o programa iniciado na gestão passada (Fernando Haddad), o Transcidadania e tenho toda vontade de continuar. Volto a dizer, a cidade de São Paulo precisa ser pra todas as raças, todos os credos e também pra população LGBT.”, explicou.
Sobre a ausência de propostas à população LGBT em seu programa de governo, Covas afirmou que não tem “nenhum problema em tratar” da questão e informou que vai “pedir pra inserir isso no programa de governo”.
O repórter Alexandre Putti, da revista Carta Capital, cita dados de crimes de ódio contra as LGBT em países como os EUA e o México a partir de um relatório que é feito anualmente há 12 anos pela Ong Transgender Europe sobre os crimes de ódio contra as pessoas trans. O Brasil, desde o início da pesquisa, ocupa o primeiro lugar, que em 2020 registrou 152 assassinatos, o México com 57 e Estados Unidos com 28. Só na cidade de São Paulo foram registrados 21 assassinatos de pessoas trans motivados por ódio.
Ausência de propostas
Levantamento feito pela Revista Fórum durante o primeiro turno das eleições, revelou que o candidato tucano, que busca reeleição, não apresenta nenhuma proposta para a comunidade LGBT.
Comparado com outros candidatos tucanos, José Serra, por exemplo, é um retrocesso, visto que na gestão de Serra (2004-08), o então prefeito viabilizou a Coordenaria de Políticas Públicas LGBT.
Provavelmente, a exclusão da comunidade LGBT do programa de Bruno Covas seja um resultado da escolha de seu vice, Ricardo Nunes, que é da Bancada da Bíblia e contrário aos direitos LGBT.
Além de não estar presente em nenhuma proposta, o caderno de proposta do candidato, que conta com uma longa abertura sobre a cidade e a trajetória de Covas, não cita em momento algum as questões LGBT.
Você pode conferir o programa de governo de Bruno Covas aqui.
Abaixo você confere na íntegra a entrevista de Bruno Covas à revista Carta Capital: