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Proposta apresentada pelo deputado, em 2011, se coloca contra o que chama de “estímulo à ideologia gay” e vai na contramão das campanhas contra a violência homofóbica, que mata um gay cada 28 horas no Brasil
Por Redação
[caption id="attachment_58755" align="alignleft" width="400"] Enquanto homofobia mata no Brasil, Eduardo Cunha se preocupa com "orgulho hétero" (Antonio Cruz/ Agência Brasil)[/caption]
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desarquivou diversos projetos de lei, entre eles um de sua autoria, o 1672/2011, que volta a tramitar normalmente na Casa. A proposta de Cunha é que seja instituído o “Dia do Orgulho Heterossexual” no terceiro domingo de dezembro.
O deputado diz que busca “resguardar direitos e garantias aos heterossexuais de se manifestarem e terem a prerrogativa de se orgulharem do mesmo e não serem discriminados por isso". Ele afirma ainda que "no momento em que se discute preconceito contra homossexuais, acabam criando outro tipo de discriminação contra os heterossexuais e, além disso, o estímulo da ‘ ideologia gay’ supera todo e qualquer combate ao preconceito".
A proposta de Cunha vai na contramão das campanhas contra o preconceito às LGBT, que mata no Brasil. A cada 28 horas um gay é assassinado por causa da homofobia. Os números são de um relatório divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), que registrou 312 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil, entre 2013 e 2014.
Dados da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República revelam que há um grave quadro de violências homofóbicas no Brasil. A secretaria disponibiliza um telefone para denúncias (Disque 100), que somente em 2012, registrou 3.084 denúncias de 9.982 violações relacionadas à população LGBT, envolvendo 4.851 vítimas. Segundo a SDH, o número de denúncias aumentou 460%, entre 2011 e 2014. Em 2014, foram cerca de 6,5 mil reclamações.