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Neonazismo no Brasil: origens do movimento supremacista que cresce cada vez mais no país

Entenda como surgiu o nazismo no Brasil, e como é cada vez mais preocupante o seu crescimento

Escrito em História el
Historiadora e professora, formada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Escreve sobre história, história politica e cultura.
Neonazismo no Brasil: origens do movimento supremacista que cresce cada vez mais no país
A águia foi implementada como um dos principais símbolos nazistas. wikipédia

O nazismo foi um dos movimentos ideológicos mais devastadores e influentes do século XX. Embora a Alemanha nazista tenha sido derrotada na Segunda Guerra Mundial, a ideologia persistiu, ressurgindo de diferentes formas em várias partes do mundo — inclusive no Brasil.

Pouco conhecido por muitos, o Brasil abrigou a maior célula nazista fora da Alemanha durante o período anterior à Segunda Guerra. E, atualmente, enfrenta uma preocupante onda de crescimento do neonazismo. Entenda a seguir como essa ideologia chegou ao país, como se manifestou historicamente e por que está voltando a ganhar espaço no século XXI.

A presença do nazismo no Brasil

Durante os anos 1930, com a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha, muitos imigrantes alemães que viviam no Brasil passaram a simpatizar com o regime nazista. Com uma comunidade germânica forte, especialmente nos estados do Sul (como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), o Partido Nazista chegou a formar uma base considerável de apoio no país.

De acordo com registros históricos, o Brasil teve a maior seção do Partido Nazista fora da Alemanha, com aproximadamente 2.900 filiados oficialmente registrados — todos eles cidadãos alemães. A sede principal do partido no Brasil ficava em São Paulo, mas havia núcleos em diversas cidades brasileiras com alta presença de imigrantes germânicos.

Importante destacar: somente alemães natos podiam se filiar ao partido, não brasileiros descendentes. O partido promovia encontros, atividades culturais e até propagandas alinhadas à ideologia nazista, mas tudo isso foi dissolvido oficialmente após o Brasil romper relações diplomáticas com o Eixo e entrar na guerra ao lado dos Aliados em 1942.

Após a derrota da Alemanha nazista, o Partido Nazista foi banido, e suas atividades no Brasil foram encerradas. No entanto, muitos nazistas fugitivos encontraram abrigo em países da América do Sul, incluindo o Brasil, Argentina e Paraguai. Casos como o do médico Josef Mengele, conhecido como o "Anjo da Morte", que viveu clandestinamente no Brasil, revelam como o país foi usado como esconderijo por criminosos de guerra nazistas.

O surgimento do neonazismo no Brasil

Com o avanço da internet e das redes sociais, grupos extremistas começaram a se reorganizar no Brasil a partir dos anos 2000, influenciados por ideias racistas, xenofóbicas, antissemitas e autoritárias.

O neonazismo brasileiro é caracterizado por:

  • Grupos organizados em fóruns e redes sociais;
     
  • Uso de simbologia nazista adaptada ou disfarçada;
     
  • Discurso de ódio contra judeus, negros, indígenas, LGBTQIA+, migrantes e imigrantes;
     
  • Práticas violentas e ataques a escolas, universidades e espaços públicos.
     
Pixação neonazista
(foto: wikipédia)

A ameaça atual: neonazismo no século XXI

Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um crescimento expressivo de grupos neonazistas. Segundo levantamentos feitos por pesquisadores e órgãos de segurança, há mais de 500 células neonazistas ativas no país, especialmente nas regiões Sul e Sudeste.

Casos de violência associada ao neonazismo se multiplicaram. Alguns ataques recentes a escolas e eventos culturais revelaram conexões diretas com grupos extremistas online. A retórica extremista, muitas vezes disfarçada de “liberdade de expressão” ou “patriotismo”, também passou a circular com mais força em ambientes políticos.

O Brasil tem uma história complexa com o nazismo — desde a existência da maior célula fora da Alemanha até o atual crescimento do neonazismo no país, com movimentos políticos nacionalistas misturados com a religião. Hoje, principalmente homens jovens estão se voltando para essa ideologia; eles encontram uma comunidade em algumas redes sociais, que não monitoram os conteúdos compartilhados, ou até, são coniventes. Cada vez mais, a necessidade da monitoração se torna essencial.

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