5 pilares do islamismo: quais são as bases da religião que mais cresce no mundo
Entenda mais sobre essa religião que cresce não só lá fora, mas dentro do Brasil também
Pesquisas recentes mostram que o Islã é a religião que mais cresce no mundo. Algumas projeções sugerem que, se mantidas as tendências atuais, o número de muçulmanos pode se igualar ao de cristãos até meados do século XXI.
A mais jovem das três grandes religiões abraâmicas — junto ao judaísmo e ao cristianismo — surgiu no século VII, na Península Arábica, com a revelação do profeta Maomé, considerado pelos fiéis o último mensageiro de Deus (Allah).
Com regras e tradições que muitas vezes contrastam com o cristianismo predominante no Brasil, o islamismo ainda é pouco compreendido por grande parte da população brasileira, o que pode gerar desinformação e preconceito. No entanto, a presença muçulmana no país é crescente e merece ser conhecida com mais profundidade.
Embora o Islã seja amplamente praticado em países do Oriente Médio, Norte da África, Ásia Central e também em parte da Europa, o Brasil tem visto um aumento gradual da população muçulmana, impulsionado por imigração, conversões e nascimentos. De acordo com dados do IBGE, entre os anos 2000 e 2010 o número de muçulmanos no país cresceu cerca de 29%. Em 2022, a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (FAMBRAS) estimou que já existiam mais de um milhão de muçulmanos vivendo no território nacional — incluindo imigrantes de origem síria, libanesa, palestina e senegalesa, além de brasileiros convertidos.
Apesar da população numerosa e de algumas similaridades doutrinárias com o cristianismo — como a crença em um Deus único, em profetas e na vida após a morte — o Islã ainda é envolto em estereótipos e desconhecimento. Por isso, conhecer os fundamentos da fé islâmica é um passo essencial para promover o respeito e o diálogo inter-religioso.

(Foto: domínio público)
Os Cinco Pilares do Islã
A prática religiosa muçulmana é estruturada em torno de cinco pilares fundamentais. Eles não são apenas recomendações espirituais, mas deveres sagrados que moldam a vida individual e coletiva dos fiéis.
1. Shahada – A Profissão de Fé
O primeiro e mais importante pilar é a shahada, a declaração de fé que afirma: "La ilaha illa Allah, Muhammadun rasul Allah", ou seja, “Não há outro deus além de Allah, e Maomé é seu mensageiro”. Essa frase simples carrega um profundo compromisso teológico. Recitá-la com convicção é o primeiro passo para se tornar muçulmano. A shahada expressa a essência do monoteísmo islâmico e reconhece Maomé como o selo da profecia.
2. Salat – As Orações Diárias
Os muçulmanos são convocados a realizar cinco orações por dia (salat), voltadas em direção à cidade sagrada de Meca. Essas orações ocorrem em horários fixos: ao amanhecer (fajr), ao meio-dia (dhuhr), à tarde (asr), ao pôr do sol (maghrib) e à noite (isha). Cada oração é precedida por uma purificação ritual chamada wudu, e os fiéis podem rezar individualmente ou em congregações, especialmente nas sextas-feiras, dia sagrado para os muçulmanos.
3. Sawm – O Jejum do Mês do Ramadã
Durante o mês sagrado do Ramadã — o nono do calendário lunar islâmico — os muçulmanos praticam o sawm, o jejum diário do nascer ao pôr do sol. Nesse período, é proibido comer, beber, fumar e manter relações sexuais durante o dia. Mais do que uma disciplina física, o jejum é um exercício de empatia pelos pobres e de autocontrole espiritual. O Ramadã termina com a celebração do Eid al-Fitr, uma das principais festas do Islã.
4. Zakat – A Caridade Obrigatória
A zakat é a doação obrigatória de uma parte da riqueza pessoal (geralmente 2,5% dos rendimentos anuais) para os necessitados, órfãos, viúvas, viajantes em dificuldade e outras categorias previstas pelo Alcorão. Trata-se de um dever social que visa a redistribuição de renda, a purificação dos bens e o fortalecimento da solidariedade na comunidade (ummah). A zakat não é o mesmo que caridade voluntária (sadaqah), que também é incentivada, mas não obrigatória.
5. Hajj – A Peregrinação a Meca
Todo muçulmano adulto, física e financeiramente capaz, deve realizar ao menos uma vez na vida a peregrinação à cidade sagrada de Meca, na Arábia Saudita. Esse ritual, conhecido como hajj, ocorre anualmente durante o mês islâmico de Dhu al-Hijjah. Reunindo milhões de fiéis do mundo todo, o hajj simboliza a igualdade entre os crentes e a submissão à vontade de Deus. A peregrinação segue uma série de ritos que relembram os atos do profeta Abraão e de sua família.

(Foto: Domínio público)
O Islã no Brasil
A presença muçulmana no Brasil é mais antiga do que muitos imaginam. Já no período colonial, africanos muçulmanos escravizados — como os malês — trouxeram seus conhecimentos religiosos e chegaram a organizar revoltas, como a Revolta dos Malês em Salvador (1835). Hoje, os muçulmanos brasileiros formam uma comunidade diversa, que inclui descendentes de imigrantes árabes, africanos, asiáticos e um número crescente de convertidos de diferentes origens sociais.
Mesquitas e centros islâmicos estão presentes em diversas capitais, promovendo não apenas a prática religiosa, mas também ações sociais, culturais e educacionais. O Islã no Brasil é pacífico, plural e integrado, ainda que precise lidar com os desafios da ignorância, do preconceito e da islamofobia.