Há exatos 15 anos, em 15 de abril de 2010, o Brasil sediava pela primeira vez uma Cúpula do então BRIC, reunindo Brasil, Rússia, Índia e China.
O encontro foi um marco na consolidação do agrupamento como um dos principais fóruns de articulação do Sul Global, antecipando a inclusão da África do Sul no ano seguinte e dando início a uma série de desdobramentos que moldariam a geopolítica internacional nas décadas seguintes.
A segunda Cúpula, realizada em Brasília, também consolidou a periodicidade anual dos encontros e foi palco de negociações intensas, inclusive com adaptações de última hora devido a um terremoto na China.
Ainda assim, os líderes conseguiram aprovar uma declaração final coesa, reforçando compromissos com o multilateralismo, a reforma das instituições financeiras internacionais e o uso de moedas locais em transações comerciais.
“Estávamos na Rússia para a primeira Cúpula e transmitimos a seguinte ideia: olha, o presidente Lula vai deixar de governar o Brasil a partir do final de 2010, é o último ano do governo dele, e ele gostaria muito de ser anfitrião de uma segunda Reunião de Líderes do BRIC, esperamos que os senhores não se oponham a isso. E ninguém se opôs. Dali a gente já sabia que, na prática, isso significaria uma periodicidade anual das reuniões, o que no começo não era claro, se teria essa periodicidade”, relembra à AgênciaGov o embaixador Roberto Jaguaribe, que atuou como sherpa do Bric Brasil 2010.
A fundação do Novo Banco de Desenvolvimento foi semeada já na primeira presidência brasileira, com encontros que integraram ministros da Agricultura, estatísticas, cooperativas, bancos de desenvolvimento e o setor empresarial, culminando com a criação formal do banco em 2014.
BRICS: 15 anos depois
Desde a primeira reunião em Ecaterimburgo, em 2009, até hoje, os BRICS evoluíram de um conceito econômico para uma aliança política estratégica com crescente impacto global.
Hoje, o NDB, com capital autorizado de 100 bilhões de dólares, tem atuado para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países membros e parceiros.
15 anos depois, o BRICS também passou a incluir temas contemporâneos como a governança da inteligência artificial e a luta contra doenças socialmente determinadas, ampliando sua agenda para além das questões econômicas e diplomáticas.
Desde então, o bloco ampliou sua base. A composição inicial de quatro países deu lugar a um bloco com 11 membros e dezenas de parceiros interessados, representando um crescimento de 300% na rede de cooperação.
Neste período, o grupo superou o G7 em níveis econômicos e se tornou o principal fórum de diálogo e cooperação entre os países do Sul Global, sendo o principal ator contra a hegemonia de EUA e União Europeia no sistema global.
Ao longo desses 15 anos, o grupo manteve seu foco em dar voz às demandas do Sul Global, consolidando-se como um contraponto à ordem internacional tradicional e reafirmando a necessidade de uma governança global mais inclusiva e representativa.
Com informações de AgênciaGov.