DESCOBERTA

O primeiro vislumbre de uma mulher grega da Idade do Bronze Tardia, que antecedeu Troia

Esta é a primeira reconstrução visual, feita em arte digital, baseada nos restos mortais de uma mulher da Idade do Bronze grega

Ruínas de cidade em Micenas, na Grécia.Créditos: free source
Escrito en HISTÓRIA el

Em 1950, os restos mortais de uma mulher que havia sido enterrada junto ao corpo de seu irmão e a um conjunto de armas e armaduras — inicialmente atribuídas ao homem — foram encontrados na região grega de Micenas, onde reinava Agamenon, o rei descrito por Homero.

Estudos arqueológicos indicaram que os corpos tinham, em média, 3.500 anos, e que a mulher e seu irmão teriam vivido durante a Idade do Bronze Tardia na Grécia continental (aproximadamente 1.500 a.C.).

Era o auge da cultura micênica, ancestral direta da cultura grega clássica. As sociedades da região organizavam-se em palácios, com governos centralizados liderados por figuras reais como Agamenon. Havia guerreiros, artesãos, escribas que utilizavam formas arcaicas de linguagem, e uma arquitetura marcada por túmulos reais, como aquele em que os corpos descobertos em 1950 foram encontrados.

A localização do enterro indicava que a mulher havia sido uma figura notável, segundo os especialistas. O mais interessante sobre sua origem é que, pela primeira vez, era possível observar remanescentes bem preservados de alguém que viveu antes do período troiano (que se iniciou por volta de 1.200 a.C.).

Análises posteriores revelaram que a mulher morreu com cerca de 30 anos de idade, entre os séculos XVI e XVII a.C., e foi enterrada junto ao irmão "em virtude de seu nascimento". Especialistas observam que o mais comum é encontrar sítios funerários em que mulheres são sepultadas junto aos maridos.

Outro aspecto interessante revelado pela análise de seus restos mortais foi a presença de artrite nas vértebras e nas mãos, provavelmente decorrente de atividades repetitivas, como a tecelagem.

Anos após a descoberta, em 1980, um modelo de argila foi feito a partir do crânio da mulher grega. Esse modelo serviu de inspiração, em 2025, para que o artista Juanjo Ortega G., especializado em representações da Roma Antiga, realizasse uma reprodução visual de sua possível aparência em vida.

É a primeira oportunidade de observar o rosto de alguém da Idade do Bronze grega, oriunda da mesma região onde, mais tarde, ocorreriam os grandes acontecimentos históricos narrados pela Odisseia homérica.

Reconstrução visual, feita em arte digital, da mulher cujos restos mortais foram descobertos em Micenas em 1950. A ilustração foi baseada em modelo feito de argila 20 anos depois. Créditos: arte de Juanjo Ortega G.

 

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