TITANIC

Há 113 anos neste mesmo dia, o colosso Titanic iniciava sua trágica jornada pelo Atlântico

Ele media 269 metros e pesava 46 mil toneladas, e seu naufrágio levou à morte cerca de 1500 pessoas; relembre a história do Titanic

Pintura: "O Naufrágio do Titanic".Créditos: Willy Stöwer.
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No dia de 10 abril de 1912, cerca de dois anos após o início de sua construção, o RMS Titanic zarpava de Southampton, no Reino Unido, em direção a Nova York, numa jornada que seria tragicamente interrompida quatro dias depois.

O navio, cuja construção custou US$ 7,5 milhões de dólares e que foi atribuído o título de "Royal Mail Ship", prefixo dado a navios britânicos contratados pela Royal Mail para o transporte de correspondência, saiu de seu ponto de partida com mais de 1500 passageiros a bordo, além de uma tripulação de 892 pessoas. 

Titanic: um colosso

Ele media 269 metros de comprimento, com 28 metros de largura e 53 metros de altura, e pesava aproximadamente 46 mil toneladas, com três classes embarcadas. Um verdadeiro colosso de sua época.

A primeira classe do navio era equipada com uma academia, uma quadra de squash, restaurante e dois cafés luxuosos com estética parisiense, além piscina fechada e saunas; e suas cabines eram conectadas às áreas comuns por duas grandes escadarias, como as que apareceram no filme de 1997, dirigido por James Cameron e estrelado por Kate Winslet e Leonardo DiCaprio.

A academia da primeira classe do Titanic. Créditos: National Museums NI 
Café de estética parisiense na primeira classe do Titanic. Créditos: National Museums NI

Quando partiu, o Titanic contava com 1316 passageiros a bordo, 325 deles na primeira classe, 285 na segunda, e 706 na terceira.

8 dias antes de sua partida, no dia 2 de abril de 1912, ele passou por vários testes marítimos realizados por oficiais técnicos. Os testes envolveram a operação de manobras, a simulação de paradas de emergência e a navegação em diferentes velocidades. De acordo com especialistas, o navio era capaz de parar completamente após percorrer três vezes o seu comprimento. 

Tudo perfeitamente alinhado, o navio zarpou de Southampton ao meio dia do dia 10 de abril de 1912. Ele atravessou o Atlântico entre os dias 10 e 11 de abril, sem grandes incidentes. 

No dia 12 de abril, no entanto, avisos de gelo começaram a chegar, vindos de outras embarcações em rotas similares. Eles falavam de névoa densa e gelo superficial na água, além de possíveis icebergs. O capitão do Titanic, o comandante Edward Smith, recebeu as mensagens e manteve a atenção para possíveis perturbações dessa espécie.

Um outro incidente marcaria o Titanic dias antes de sua colisão com um iceberg, no dia 14 de abril. No dia 12, durante a tarde, uma de suas reservas de carvão, que sofria um incêndio descontrolado, foi arrefecida, e o fogo se conteve. Embora os incêndios gerados pela queima das caldeiras não fossem incidentes incomuns à época, acredita-se que o fogo tenha enfraquecido as paredes do casco do navio.

O naufrágio

Na noite da grande tragédia, quatro dias depois de ter deixado o porto britânico, o Titanic recebeu diversos avisos a respeito do gelo que ameaçava sua trajetória.  A maioria deles não chegou ao comandante Smith.

O navio, que já percorrera mais de 3600 quilômetros, viajava a 41 km/h na noite do dia 14, e, enquanto todos dormiam, às 23h40 de uma noite escura, o sino de alerta da embarcação começou a tocar: havia um icerberg à vista

Os oficiais avisaram o resto da tripulação para que ordenassem a parada total das máquinas e o iniciassem o desvio da embarcação. No entanto, o mecanismo de manobra, que levava cerca de 30 segundos para movimentar o leme do navio, foi só um dos atrasos experimentados pelo Titanic: o outro, e mais grave, era a interrupção geral dos motores, tarefa complexa e naturalmente demorada.

Apesar disso, foram só quarenta segundos até que o Titanic começasse sua manobra de desvio do iceberg. Antes que pudesse sair da área de colisão, o estibordo do navio (o lado direito da embarcação, voltado para a proa), foi o primeiro a ser atingido pelo iceberg. Quando a colisão ocorreu, espalhando pedaços de gelo pelos conveses e iniciando a inundação daquela parte do navio, as comportas foram fechadas em tentativa de conter a água, e todas as máquinas foram desligadas.

Mas já era tarde: o navio começou a inclinar minutos após seu encontro com o iceberg, e, à meia noite e cinco do dia 15 de abril, o capitão mandou que os botes salva-vidas fossem preparados para os passageiros, acordados no meio da noite pela tripulação, em meio a um naufrágio.

Com a rápida inundação do navio, a estrutura do casco cedeu e se partiu em dois pedaços, e os sistemas de iluminação logo apresentaram falha geral. No escuro, cercados de água e sem alternativa, diversos passageiros se lançaram ao mar gélido e tentaram alcançar os botes, que iam sendo preenchidos de acordo com o nível social dos passageiros, e privilegiando o embarque de mulheres.

O resgate àqueles que conseguiram desertar o navio se iniciou apenas às quatro horas da manhã do dia 15 de abril, com o auxílio de uma outra embarcação: a Carpathia, acionada na mesma noite para socorrer os destroços e os sobreviventes do Titanic. Depois vieram mais duas embarcações, às 9h15 da manhã do dia 15, que haviam visto os fogos de sinalizadores do navio.

Estima-se que havia cerca de 2.224 pessoas a bordo do Titanic. 1500 delas morreram, entre passageiros e tripulantes. Os sobreviventes somaram 710.

O resgate dos sobreviventes. Créditos: J.W. Barker (passageiro do Carpathia)/divulgação

Destroços do Titanic são descobertos 73 anos depois

A descoberta dos destroços do naufrágio, depositados a cerca de 3,8 mil metros no fundo do Oceano Atlântico, foi possível apenas em 1985, pelos esforços conjuntos de duas instituições de pesquisa marítima: a Instituição Oceanográfica de Woods Hole, de Massachutts, e o Instituto Nacional Francês de Oceanografia, de Toulon. Em uma longa expedição feita com o auxílio de veículos subaquáticos, eles localizaram, 73 anos depois da tragédia, o local em que o Titanic afundara.

A primeira fase da expedição, que durou mais de 31 dias no total, envolveu o uso da tecnologia SAR (radar de abertura sintética), que emprega ondas de rádio para gerar imagens detalhadas em três dimensões do fundo do oceano.

Depois, na segunda fase, três cientistas que se uniram ao navio passaram a usar ferramentas de imagem acústica subaquática para vasculhar o fundo do oceano em uma estratégia diferente: ao invés de buscar por grandes partes do Titanic, tentaram localizar detritos dispersos do navio e identificar a "trilha" deixada por eles, que eventualmente levaria ao Titanic.

Finalmente, em 1° de setembro de 1985, uma das enormes caldeiras do navio foi identificada no fundo do Atlântico.

De acordo com reconstruções posteriores do navio, feitas com modelagem em 3D, a tripulação do Titanic tentou evitar a tragédia até o último minuto: mesmo após a inundação do navio, trabalhadores das caldeiras — que foram escaneadas a partir das imagens coletadas do fundo do oceano — lutavam para manter as luzes acesas, diz um documentário produzido pela National Geographic.

A inclinação das caldeiras escaneadas demonstra que, mesmo após o navio começar a afundar, elas se mantiveram em atividade; e, no deck da popa do navio, uma válvula encontrada ainda aberta parece indicar que o vapor continuou a alimentar os sistemas de energia após o início do naufrágio.

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