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Com Kamala, Obamas consolidam seu poder como o clã mais poderoso da política dos EUA

Clinton, Bush, Cheney, Kennedy: grandes sobrenomes se enfraquecem e dão lugar aos clãs de Trump e Obama

Michelle e Barack Obama em discurso na convenção nacional do Partido Democrata em Chicago nesta terça-feira (20)Créditos: Reuters/Folhapress
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Nesta terça-feira (20), o ex-presidente Barack Obama e a ex-primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, discursaram na Convenção Nacional do Partido Democrata em Chicago para declarar seu apoio a Kamala Harris como candidata à presidência dos EUA.

O apoio dos Obama tornou-se o ponto central da campanha de Kamala, que tem sido assessorada, em grande parte, por um núcleo de ex-funcionários do primeiro presidente negro dos EUA.

Até a confirmação de Harris como candidata do partido, especulava-se sobre a possibilidade de Michelle Obama ser a candidata do Partido Democrata no lugar de Joe Biden.

O discurso de ambos nesta terça-feira foi marcado por críticas contundentes a Trump, aplausos entusiásticos do público, e o que analistas têm chamado de "vibes": a campanha de Harris evoca a campanha histórica de Obama em 2008 contra John McCain, ainda que as conjunturas e o contexto político sejam diferentes.

“Algo maravilhosamente mágico está no ar, não? Um sentimento familiar. Vocês sabem do que eu estou falando. É o poder contagioso da esperança”, disse Michelle, relembrando a primeira campanha de Obama. “América, a esperança está voltando”, completou.

Tudo isso indica o fortalecimento da família Obama como uma das mais poderosas no cenário político dos EUA, sendo, sem dúvida, a mais influente dentro do Partido Democrata.

Vale lembrar que clãs familiares tiveram um papel importante na política moderna dos EUA. Os Kennedy sempre exerceram grande influência entre os democratas, enquanto os Bush desempenharam um papel crucial entre os republicanos. Depois, os Clintons ganharam força entre os democratas, e os Cheney - representados por Dick, ex-vice-presidente de George W. Bush, e Liz Cheney, ex-deputada - também ganharam poder em sua legenda.

Os Cheney e os Bush perderam influência em uma guerra aberta contra os Trump a partir de 2016, que tomaram o controle da legenda conservadora.

Do lado do Partido Democrata, a conciliação prevalece. Os Kennedy saíram do protagonismo, e os Clintons se tornaram cada vez mais impopulares, mas ainda possuem alguma relevância nos corredores de Washington.

Os Obama conseguiram manter sua popularidade e energia mesmo após dois mandatos que não foram tão bem avaliados assim. Eles foram cruciais na escolha de Biden como candidato em 2020 e, agora, controlam a campanha de Kamala Harris, colocando seus nomes como nunca antes em apoio à atual vice-presidente.

Caso Kamala vença as eleições, o principal vencedor da estratégia interna do Partido Democrata será Barack Obama, que ainda terá muitos anos pela frente para exercer sua influência dentro da complexa legenda. E a crise ficará com os republicanos, que passarão por um processo de reformulação pós-Trump, semelhante ao que ocorreu no período pós-Bush