Agora sim! Apareceu a peça que faltava para fazer toda a diferença nesse quebra-cabeça. As pesquisas começam a mostrar uma participação expressiva de jovens na eleição presidencial desse ano, aqui nos Estados Unidos. Mais de quatro milhões de norte-americanos na faixa dos 18 aos 29 anos, que não participaram da eleição de 2016, já votaram esse ano. Nos estados onde os eleitores se registram de acordo com o partido no qual votam, o partido democrata é o preferido de mais de sessenta por cento desses eleitores de primeira viagem.
E não são só os jovens que ficaram de foram há quatro anos e decidiram ter voz dessa vez. Mais de 16 milhões de eleitores que já votaram esse ano, lançando mão do voto antecipado, não se deram ao trabalho de votar na última eleição presidencial. Isso mostra que existe um entusiasmo, uma motivação, um incentivo para fazer questão de votar agora que não existiu já quatro anos. Seria difícil imaginar que a maioria desses novos eleitores se empolgou agora pelo candidato que já existe há quatro anos. E só hoje resolveu sair de casa, enfrentar fila, e escolher o que já está aí.
Na Flórida, a dúvida persiste. Mas existe motivo para os democratas se animarem. Mais de 335 mil pessoas de 18 a 29 anos, que não votaram em 2016, já votaram agora. Metade desse total é registrado como democrata. Vinte e cinco por cento são republicanos e os outros 25% não têm filiação partidária definida. Barack Obama já fez dois comícios no estado, mas no fim de semana participa, ao vivo, de um comício com Joe Biden pela primeira vez. Eles vão reforçar e tentar assegurar o favoritismo do democrata no Michigan.
Mas não é só a garotada que está correndo para votar o quanto antes. Milhões de idosos que não compareceram às urnas em 2016 já votaram nas últimas semanas. São eleitores de mais de sessenta anos, com diploma universitário. Um eleitorado que em geral vota nos democratas. Trump tem força entre os homens brancos, de mais de 60, sem diploma universitário. Mas perdeu o apoio das mulheres, de todas as idades e nível de escolaridade. Este ano, 29 milhões de eleitores brancos sem diplomata de curso superior já votaram e até o momento representam 46% dos votos quando, em 2016, neste mesmo momento da disputa presidencial, representavam 52%.
Outro bloco de votos que os democratas estão analisando de perto é o dos eleitores negros. Os idosos negros estão comparecendo à votação como nunca esse ano. Até o momento, com outros cinco dias de votação pela frente, eles já votaram mais no Texas e na Georgia do que em todo o processo eleitoral de 2016. Será realista imaginar uma vitória democrata nesses dois redutos republicanos? Eu conheço gente que acorda no meio da noite chacoalhada por sonhos de uma vitória democrata em quase todos os estados do país. Eu não vou tão longe. Dormindo ou acordada. Mas acho que uma vitória indiscutível e acachapante é uma possibilidade mais e mais real por aqui.
Outra notícia importante vem da Suprema Corte. Apesar de ter maioria conservadora e três juízes indicados por Donald Trump, os republicanos perderam duas causas na noite da quarta-feira, 28. A Suprema Corte decidiu que a Carolina do Norte poderá contar todos os votos que chegarem pelo correio, com carimbo do dia 3 de novembro, mesmo que cheguem até nove dias após o final das eleições. Era tudo que os democratas queriam.
Na Pensilvânia, o partido do presidente também perdeu com o mesmo pedido. Só que no caso da Pensilvânia, o prazo é de três dias. Assim, a contagem vai demorar mas os votos vão valer. A juíza Amy Barrett, recém confirmada no cargo e escolhida por Trump, se absteve de votar nas duas decisões alegando que a corte precisava oferecer uma decisão rapidamente e que ela, recém chegada ao cargo, não teria tempo de avaliar a questão.