CHINA EM FOCO

China testa 'carro voador' no Brasil

Empresa chinesa vai operar voos experimentais em território brasileiro

Créditos: Divulgação Gohobby - 'Carro voador' faz teste no Brasil
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A fabricante chinesa de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL), EHang, realizou nesta sexta-feira (20) o primeiro voo teste de seu "carro voador" no Brasil. A empresa, concorrente da Eve, controlada pela Embraer, recebeu autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar voos experimentais no país.

Assista ao vídeo aqui.

O teste ocorreu na Aeroquadra, em Quadra, a 80 km de São Paulo, com o modelo EH216-S, que decolou pouco após as 10h. A aeronave, não tripulada, foi operada remotamente por Adriano Buzaid, CEO da Gohobby, distribuidora da EHang no Brasil. Em julho, Buzaid já havia testado o modelo na China.

Os eVTOLs da EHang, já em uso na China, são projetados para táxis aéreos autônomos, com capacidade para transportar até duas pessoas ou 220 kg. Cada veículo custa aproximadamente US$ 515 mil (R$ 2,65 milhões) e tem autonomia de 30 km.

A expectativa é que em 2026 os eVTOLs já estejam em operação comercial no país, conforme as regras da Anac sejam definidas. O chefe de atendimento ao cliente da EHang para Europa e América Latina, Nacho Rexach, afirmou que a empresa está confiante em tornar essa tecnologia uma realidade no Brasil.

Enquanto isso, a Eve, da Embraer, também avança no desenvolvimento do seu eVTOL, com previsão de voos testes ainda este ano.

Mercado em expansão

O mercado de eVTOLs  está em crescimento tanto no Brasil quanto na China, com cada país desempenhando um papel importante no desenvolvimento dessa tecnologia emergente, voltada para a mobilidade aérea urbana.

O Brasil é o terceiro maior mercado mundial para eVTOLs, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China. O país tem se destacado pelo potencial de uso dessas aeronaves em áreas urbanas, onde a infraestrutura de transporte terrestre é limitada, e em locais remotos com dificuldade de acesso.

A Anac já está desenvolvendo as regulamentações para o uso de eVTOLs, e a previsão é de que esses veículos estejam em operação comercial até 2026.

No Brasil, a Eve (subsidiária da Embraer) lidera os projetos de eVTOLs, com voos de teste previstos ainda para este ano. A empresa está em fase de desenvolvimento de protótipos, buscando oferecer soluções para o transporte aéreo em grandes centros urbanos.

A combinação de um cenário regulatório favorável, interesse de grandes fabricantes como Embraer, e a necessidade de novas soluções de mobilidade faz com que o Brasil se posicione como um dos líderes no mercado global de eVTOLs.

Já a China tem se destacado como um dos maiores e mais avançados mercados de eVTOLs no mundo. O país é líder em inovações tecnológicas voltadas para a mobilidade aérea urbana e já está utilizando os eVTOLs comercialmente em algumas regiões.

A empresa chinesa EHang é pioneira na fabricação e operação de eVTOLs na China. Seus modelos já estão sendo utilizados em serviços de táxi aéreo, transporte de carga e operações de emergência em cidades como Guangzhou.

A EHang também está testando aeronaves autônomas em outras regiões e expandindo sua atuação internacional, como evidenciado pelo voo teste no Brasil.

Com um ambiente regulatório mais permissivo e um grande interesse em soluções tecnológicas, a China tem investido massivamente no desenvolvimento de infraestrutura para eVTOLs. O país também está explorando o uso dessas aeronaves para conectar áreas rurais e urbanas, um mercado com grande potencial.

Tanto no Brasil quanto na China, um dos maiores desafios é o desenvolvimento de uma infraestrutura adequada para suportar a operação em larga escala de eVTOLs, como helipontos e sistemas de carregamento de baterias.

A regulamentação ainda está em desenvolvimento em ambos os países. No Brasil, a Anac tem trabalhado para definir as regras que permitirão o uso seguro dessas aeronaves. Na China, o governo tem sido mais ágil na implementação de regras e permissões, o que acelerou o uso comercial.

Brasil e China estão se posicionando como importantes mercados de eVTOLs, com projetos pioneiros e investimentos significativos. A China, com sua liderança em inovação e implementação rápida, já está à frente em termos de uso comercial, enquanto o Brasil, com o forte apoio de empresas como Embraer, tem grande potencial para se tornar um dos principais centros de mobilidade aérea urbana nos próximos anos.

Apoio de Pequim

O governo chinês tem demonstrado grande apoio ao desenvolvimento de eVTOLs como parte de sua estratégia de inovação tecnológica e mobilidade urbana. A China enxerga o mercado de mobilidade aérea urbana (UAM) como um setor-chave para o futuro, especialmente em áreas de alta densidade populacional, e está ativamente promovendo a pesquisa, regulamentação e implementação dessas aeronaves.

Pequim considera os eVTOLs como parte fundamental de suas iniciativas de smart cities (cidades inteligentes) e inovação tecnológica. As aeronaves são consideradas soluções viáveis para o problema de congestionamento nas grandes cidades chinesas.

O apoio inclui desde investimentos em pesquisa até a criação de zonas de teste para que empresas possam realizar voos experimentais e avançar no desenvolvimento.

A Autoridade de Aviação Civil da China (CAAC, da sigla em inglês) tem adotado uma postura proativa ao criar regulamentações que facilitam o desenvolvimento e a operação de eVTOLs no país. Empresas como a EHang, uma das líderes do setor, já possuem permissões para operar em determinadas regiões e realizam voos comerciais, especialmente para transporte de passageiros e serviços logísticos.

O governo chinês está focado em liderar o mercado global de eVTOLs, com a meta de implementar serviços regulares de táxis aéreos e transporte autônomo em áreas urbanas. O desenvolvimento de infraestrutura, como helipontos e sistemas de carregamento, também faz parte dos planos governamentais para suportar essa nova forma de transporte.

O uso de eVTOLs alinha-se com os objetivos da China de reduzir as emissões de carbono e promover a transição para tecnologias mais limpas. As aeronaves elétricas são vistas como alternativas mais sustentáveis ao transporte terrestre tradicional e fazem parte da estratégia de modernização do sistema de mobilidade no país.

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