A China rebateu o alarde feito por Donald Trump sobre sua capacidade nuclear. Durante entrevista, o candidato republicano à Presidência dos EUA alertou que a potência asiática poderia superar o arsenal estadunidense "mais cedo do que as pessoas pensam".
O comentário do ex-presidente republicano foi feito na última segunda-feira (12) durante uma conversa ao vivo com o bilionário Elon Musk na plataforma da qual é dono, o X (antigo Twitter).
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A conversa ocorreu no Space - funcionalidade na rede que permite aos usuários criar e participar de salas de áudio ao vivo - e começou com 45 minutos de atraso. Musk explicou que a plataforma foi alvo de um ataque.
Quando a conversa começou, atingiu 1,1 milhão de ouvintes simultâneos. Trata-se de um fracasso momentâneo de público, uma vez que Musk tem 194 milhões de seguidores em sua própria rede e Trump, 89 milhões.
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Durante duas horas, a entrevista abordou vários temas, como imigração e segurança pública. Ao comentar sobre os riscos imediatos que os EUA poderiam enfrentar, Trump alardeou que o "aquecimento nuclear" figura entre suas maiores preocupações.
O candidato republicano pontuou que há grandes potências nucleares no mundo e que algumas nações estão chegando lá, o que, segundo ele, é um perigo. Ele observou que os EUA precisam de um "presidente forte" para conter essa proliferação.
"A China tem muito menos do que nós agora, mas eles vão nos alcançar mais cedo do que as pessoas pensam... Eles acabarão nos alcançando, talvez até nos ultrapassando", alertou.
China rebate Trump
Durante coletiva de imprensa regular em Pequim nesta quarta-feira (14), o porta-voz Lin Jian, do Ministério das Relações Exteriores da China, respondeu questionamento sobre o comentário de Trump sobre a capacidade nuclear do país.
A princípio, Lin reforçou o posicionamento da China de não fazer comentários sobre assuntos internos de outros países. "Não temos comentários sobre a retórica da campanha durante a eleição presidencial dos EUA", disse.
No que diz respeito à capacidade nuclear da China, o porta-voz afirmou:
"O arsenal nuclear dos EUA é muito maior que o da China. Deixe-me apenas notar que a China segue uma política de 'nenhum primeiro uso' de armas nucleares e uma estratégia nuclear que se concentra na autodefesa. A China sempre mantém sua força nuclear no nível mínimo exigido pela segurança nacional e nunca se envolve em corrida armamentista com ninguém", esclareceu.
Segurança nuclear da China
O governo chinês detalha os princípios e as políticas básicas do país na área de segurança nuclear em um white paper divulgado pelo Conselho de Estado em setembro de 2019.
O livro branco intitulado "Segurança Nuclear na China" foi divulgado pelo Escritório de Informações do Conselho de Estado e compartilha conceitos e práticas de regulação adotadas por Pequim e esclarece a determinação chinesa em promover a governança global de segurança nuclear e elenca as ações que adotou para alcançar esse objetivo.
Ao longo dos últimos 70 anos, a indústria nuclear da China cresceu do zero, desenvolveu-se de forma constante e formou um sistema completo, o que contribuiu significativamente para garantir a segurança energética, proteger o meio ambiente, melhorar o padrão de vida das pessoas e promover o desenvolvimento econômico de alta qualidade, informa o documento.
"A China sempre considerou a segurança nuclear como uma importante responsabilidade nacional e a integrou em todo o processo de desenvolvimento e utilização da energia nuclear", afirma o texto.
A indústria nuclear da China sempre se desenvolveu em conformidade com os padrões de segurança mais recentes e manteve um bom histórico de segurança, seguindo um caminho de segurança nuclear orientado para a inovação com características chinesas.
Como uma importante defensora, promotora e participante na construção de um sistema internacional de segurança nuclear justo, colaborativo e mutuamente benéfico, a China fez um bom trabalho ao garantir sua própria segurança nuclear, cumpriu suas obrigações internacionais e promoveu a cooperação bilateral e multilateral em segurança nuclear, pontua o livro branco.
A China promoveu ativamente o uso pacífico da energia nuclear em benefício de toda a humanidade e contribuiu com sua sabedoria e força para a governança global da segurança nuclear, acrescentou.
O corpo principal do white paper foi dividido em seis seções: seguir uma estratégia de segurança nuclear racional, coordenada e equilibrada, construir um quadro de políticas e legislação sobre segurança nuclear, garantir a regulação efetiva da segurança nuclear, manter alta segurança, co-construir e compartilhar segurança nuclear e construir uma comunidade de futuro compartilhado para a segurança nuclear.
Política nuclear chinesa
Três anos antes, em janeiro de 2016, o Conselho de Estado chinês divulgou um white paper sobre sua política nuclear. Intitulado "Preparação de emergência nuclear da China", o documento informa que a China tem se dedicado a promover um sistema internacional de emergência de segurança nuclear e compartilhar conquistas no uso pacífico da energia nuclear com outros países.
Desde que se juntou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em 1984, a China aderiu a uma série de convenções internacionais. As convenções incluem a Convenção sobre Assistência em Caso de Acidente Nuclear ou Emergência Radiológica, Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e Convenção Internacional para a Supressão de Atos de Terrorismo Nuclear.
Além disso, a China cumpriu ativamente as obrigações internacionais em relação à preparação para emergências nucleares.
As delegações chinesas participaram de todas as conferências sobre preparação para emergências nucleares e cumprimento da obrigação de segurança nuclear organizadas pela AIEA e apresentaram relatórios nacionais sobre preparação para emergências nucleares e cumprimento das obrigações de segurança nuclear.
Desde 1984, a China chegou a acordos bilaterais sobre cooperação em energia nuclear com 30 países, incluindo Brasil, Argentina, Grã-Bretanha, Estados Unidos, República da Coreia, Rússia e França.
Em maio de 2011, a convite do governo japonês, a China enviou uma delegação de especialistas para realizar intercâmbios com seus homólogos japoneses sobre o acidente nuclear de Fukushima, e apresentou sugestões para o tratamento do mesmo.
A China também enviou especialistas seniores para se juntar à equipe de avaliação de acidentes nucleares da AIEA para avaliar o impacto do acidente de Fukushima.