O presidente da China, Xi Jinping, convocou a modernização das defesas de fronteira, costeira e aérea do país para torná-las mais fortes e sólidas. Esta declaração foi feita nesta quarta-feira (31) durante uma sessão de estudos do Politburo do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) às vésperas do Dia do Exército, celebrado no dia 1º de agosto.
Xi, que também é secretário-geral do PCCh e presidente da Comissão Militar Central (CMC) destacou a necessidade de um planejamento aprimorado para fortalecer a capacidade de defesa das fronteiras. Ele também apelou por esforços intensificados para melhorar a conectividade da infraestrutura e o desenvolvimento conjunto, visando uma defesa que seja benéfica tanto para a segurança nacional quanto para o desenvolvimento econômico e social.
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O presidente chinês ainda ressaltou a importância de integrar ciência e tecnologia nos esforços de defesa nacional e instou por mais esforços para melhorar a cooperação amigável e prática com países vizinhos, a fim de criar um ambiente propício para o desenvolvimento da defesa da China.
Além disso enfatizou a importância de aprimorar a gestão do tráfego aéreo e impulsionar o crescimento saudável da economia de baixa altitude.
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Em seu discurso, Xi mencionou que, desde o 18º Congresso Nacional do PCCh, realizado em 2012, o Comitê Central do partido liderou uma série de reformas institucionais importantes e conduziu uma série de ações chave de defesa de fronteira, aérea e marítima.
"Esses esforços têm protegido vigorosamente a soberania territorial da China e os direitos e interesses marítimos, além de sustentar a iniciativa estratégica da segurança nacional e do desenvolvimento", disse Xi.
No entanto, ele observou que as defesas de fronteira, costeira e aérea da China enfrentam novas oportunidades e desafios, e destacou a necessidade de fortalecer o planejamento geral para melhorar a capacidade de defesa de fronteira.
Xi também disse que deve ser dada maior ênfase à integração da ciência e tecnologia nos esforços de defesa nacional e instou por mais esforços para aprimorar a cooperação amigável e prática com países vizinhos para fomentar um ambiente propício ao desenvolvimento da defesa da China.
O líder chinês também sublinhou a importância de melhorar a gestão do tráfego aéreo, impulsionar o crescimento saudável da economia de baixa altitude e otimizar o modelo de defesa aérea civil.
Modernização em andamento
O Exército de Libertação Popular passou o último ano realizando visitas amistosas, intercâmbios e realizando patrulhas e exercícios conjuntos com militares de vários outros países. Além disso, o ELP manteve missões regulares de escolta no Golfo de Aden e nas águas próximas à Somália, bem como missões de manutenção da paz da ONU, contribuindo para a paz e estabilidade mundiais.
No último mês, o ELP concluiu várias interações militares internacionais, incluindo uma patrulha aérea estratégica conjunta China-Rússia sobre o Mar de Bering, patrulhas navais conjuntas China-Rússia no Pacífico Ocidental e no Mar da China Meridional, o treinamento militar conjunto China-Bielorrússia Eagle Assault-2024 em Belarus, e o exercício conjunto China-Laos Friendship Shield-2024 no Laos.
Ao longo de 2023, o ELP conduziu vários exercícios orientados para combate nos Estreitos de Taiwan e no Mar do Sul da China, envolvendo navios de guerra e aviões de guerra avançados que praticaram sistematicamente não apenas nos Estreitos de Taiwan e no Mar do Sul da China, mas também no Pacífico Ocidental, conforme relatado por Fu Qianshao, um especialista militar chinês, ao Global Times.
Esses exercícios foram caracterizados por sua alta intensidade e agora se tornaram rotina, disse Fu. Eles indicam que o ELP é plenamente capaz de salvaguardar os territórios chineses, a segurança e os direitos marítimos, observou.
Essas interações militares internacionais fortaleceram amizades, entendimentos e cooperações pragmáticas. Os exercícios e patrulhas conjuntos enfocaram questões de contraterrorismo, manutenção da paz e segurança regional, em vez de confrontos de blocos, como os exercícios liderados pelo Ocidente.
Reforma e desenvolvimento
Uma reforma do ELP ocorreu em abril, quando sua Força de Apoio Estratégico foi cancelada e dividida em força de apoio à informação, força aeroespacial e força de ciberespaço.
De acordo com os comunicados oficiais, a força de apoio à informação é um novo ramo estratégico do exército chinês e um pilar chave na coordenação da construção e aplicação do sistema de informação de rede, a força aeroespacial é de grande importância para fortalecer a capacidade de entrar, sair e usar o espaço abertamente e de forma segura, melhorando a gestão de crises e a eficácia da governança abrangente no espaço e promovendo a utilização pacífica do espaço.
Já a força de ciberespaço é importante para reforçar a defesa cibernética das fronteiras nacionais, detectando e combatendo prontamente as intrusões de rede, e mantendo a soberania cibernética nacional e a segurança da informação.
Especulações ocidentais
A apenas três anos até que a China marque o centenário do ELP em 2027, o Ocidente tem especulado que a China resolverá a questão de Taiwan pela força até essa data. Fu afirmou que a iniciativa de quando e como resolver a questão de Taiwan está do lado do continente chinês, e não depende das especulações ocidentais, que têm motivos ocultos. "Prometemos a máxima sinceridade e os maiores esforços pela perspectiva de reunificação pacífica, mas nunca prometemos renunciar ao uso da força", reiterou Fu.
O PLA continuará a aprimorar a capacidade de combate desenvolvendo novas armas e equipamentos e aumentando o nível de treinamento, estando preparado para qualquer eventualidade, disseram especialistas.
História do Exército chinês
A história do Exército de Libertação Popular (ELP, na sigla em português) da China foi forjada por lutas, vitórias e desenvolvimento contínuo, alinhada estreitamente com os objetivos e a ideologia do Partido Comunista da China (PCCh). A jornada dessa instituição é uma mistura de heroísmo revolucionário e sacrifício.
O Exército de Libertação Popular foi fundado em 1º de agosto de 1927, originário das forças de guerrilha que lutavam contra os senhores da guerra locais e mais tarde contra a invasão japonesa na Segunda Guerra Sino-Japonesa (parte da Segunda Guerra Mundial).
A data é celebrada anualmente como o Dia do Exército na China. O ELP foi criado durante a insurreição de Nanchang, um evento organizado e liderado pelo PCCh em resposta ao massacre de trabalhadores e membros do partido por parte do governo nacionalista do Kuomintang (KMT).
Após a Segunda Guerra Mundial, o ELP foi uma força crucial na guerra civil chinesa contra o KMT. Com apoio massivo da população rural, que estava insatisfeita com a corrupção e a ineficiência do governo nacionalista, o ELP conseguiu ganhar terreno significativo. A estratégia e liderança de Mao Zedong foram fundamentais durante este período, culminando na vitória do PCCh em 1949 e na proclamação da República Popular da China (RPC).
Sob a liderança do PCCh, o ELP passou por várias transformações significativas. Durante a liderança de Deng Xiaoping, na década de 1980, o exército começou a se distanciar dos negócios comerciais e focar mais em suas capacidades de defesa. Essas mudanças foram parte de uma série de reformas destinadas a profissionalizar o exército e reduzir o seu tamanho, tornando-o mais moderno e eficaz.
No contexto atual, o ELP desempenha um papel crucial na estratégia de segurança nacional da China. Além de suas funções tradicionais de defesa, o ELP está envolvido em operações de manutenção da paz, ajuda humanitária e missões de resgate. Sob a presidência de Xi Jinping, o exército tem visto um aumento no orçamento de defesa e uma ênfase na modernização, incluindo o desenvolvimento de novas tecnologias, como mísseis, satélites, e ciberdefesa.
Como funciona a Comissão Militar Central
A Comissão Militar Central (CMC) é o mais alto órgão de comando das Forças Armadas da China, incluindo o Exército de Libertação Popular (ELP), a Força Policial Armada do Povo e a Milícia. A CMC é uma instituição fundamental que garante a liderança do Partido Comunista da China (PCCh) sobre as forças armadas, refletindo a doutrina de que o partido deve controlar a arma, um princípio central na governança da China.
A CMC está encarregada de formular as políticas gerais de defesa e segurança, dirigir e administrar as forças armadas, e supervisionar a implementação das estratégias de defesa do país. É composta por membros de alto escalão, incluindo o presidente, que tradicionalmente também é o secretário-geral do PCCh e o presidente da China, solidificando a doutrina de que o PCCh comanda a arma.
Xi Jinping, por exemplo, serve nestas três capacidades, o que demonstra a interligação entre o partido, o estado e o exército. Os outros membros geralmente incluem oficiais de alto escalão das várias ramificações das forças armadas e líderes de departamentos relevantes.
O funcionamento da CMC é profundamente influenciado pelo contexto político da China, onde o PCCh detém o poder supremo. A liderança da CMC é diretamente responsável perante o Comitê Central do PCCh e, por extensão, seu Politburo e seu Comitê Permanente. Essa estrutura garante que o exército permaneça leal ao partido e alinhado com seus objetivos políticos e ideológicos.
A CMP também desempenha papel crucial nas reformas contínuas e na modernização das forças armadas, visando adaptar a defesa nacional às mudanças no ambiente de segurança global e aos avanços tecnológicos. As reformas lideradas pela CMC nos últimos anos têm focado em aumentar a prontidão combativa do ELP, melhorar a estrutura de comando, inovar através da ciência e tecnologia militar, e fortalecer a governança baseada em lei nas forças armadas.
A CMC é um pilar essencial na defesa da soberania nacional, da segurança e dos interesses de desenvolvimento da China. Ela é vista como garantidora da paz e estabilidade regional e global, alinhada com os objetivos de longo prazo do país para se tornar uma grande potência mundial.
Merece destaque ainda a importância da educação política e da ética militar sob a orientação da CMC, insistindo que as forças armadas devem aderir aos princípios do socialismo com características chinesas e manter a lealdade absoluta ao PCCh.
Confira as principais responsabilidade da CMC:
Comando das Forças Armadas - A CMC tem a autoridade final sobre as decisões militares, supervisionando o desenvolvimento estratégico, as operações e a administração das forças armadas chinesas.
Política de Defesa - Define as políticas de defesa nacional e os objetivos estratégicos de acordo com as diretrizes do PCCh.
Nomeações Militares - Responsável pelas principais nomeações e promoções dentro das forças armadas.
Desenvolvimento e Modernização - Orienta a modernização das forças armadas, incluindo o desenvolvimento de tecnologias avançadas e a reforma das estruturas militares.
Controle de Orçamento Militar - Gerencia o orçamento de defesa da China e aloca recursos para projetos e reformas militares.
O que é a Milícia do Povo
Na China, a milícia é uma força auxiliar das Forças Armadas, formalmente conhecida como a Milícia do Povo. Ela desempenha um papel complementar ao do Exército de Libertação Popular (ELP) e outras forças regulares. A milícia é parte integrante do sistema de defesa nacional da China e é organizada sob a liderança do PCCh, operando sob a orientação da Comissão Militar Central.
Vale destacar que o termo milícia tem contexto muito diferente do Brasil, onde o termo não tem uma conotação oficial e é geralmente usado para descrever grupos paramilitares ilegais. Essas milícias são formadas principalmente por ex-policiais, policiais fora de serviço e outros agentes de segurança que exercem controle sobre territórios específicos, principalmente em áreas urbanas periféricas.
Diferente da China, as milícias brasileiras não são sancionadas pelo estado; pelo contrário, são consideradas organizações criminosas envolvidas em atividades ilegais como extorsão, tráfico de drogas, assassinatos e exploração ilegal de serviços como transporte e distribuição de gás. Esses grupos também são conhecidos por impor uma ordem social baseada no medo e na violência, substituindo o estado em funções de segurança e governança local em algumas áreas.
A Milícia do Povo é composta por cidadãos que não são membros permanentes das forças armadas. Geralmente, inclui trabalhadores, camponeses, funcionários públicos, estudantes e outros grupos da sociedade civil. Esses membros recebem treinamento básico e são organizados em unidades locais, que podem ser rapidamente ativadas para diferentes tarefas conforme a necessidade.
Nos últimos anos, a China tem modernizado e reformado suas milícias para torná-las mais eficientes e alinhadas com as capacidades militares modernas. Isso inclui melhor treinamento, melhor integração com as forças regulares e um foco maior em tecnologias avançadas, especialmente em áreas como ciberdefesa e operações de drones.
Assim, a milícia na China serve como um importante reservatório de força de defesa e um elo crucial entre o povo e o exército, reforçando a doutrina do PCCh de que "o partido comanda a arma" e a defesa é uma responsabilidade compartilhada por toda a sociedade.
As principais funções da Milícia do Povo incluem:
Auxílio na Defesa Nacional: A milícia auxilia as forças regulares em tarefas de defesa, como vigilância, logística e manutenção da ordem durante tempos de guerra.
Apoio em Emergências: Durante desastres naturais ou crises, a milícia atua em operações de resgate, recuperação e apoio logístico, complementando os esforços de resposta a emergências civis e militares.
Segurança e Vigilância: Em tempos de paz, a milícia também participa de patrulhas e vigilância, ajudando a manter a segurança interna e a proteção de infraestruturas críticas.
Treinamento Militar e Educação Patriótica: A milícia é treinada regularmente para garantir que seus membros estejam prontos para ser mobilizados rapidamente em caso de necessidade. Além disso, a milícia desempenha um papel significativo na educação patriótica da população, promovendo os valores e objetivos do PCCh.