A tensão na Ásia segue em escalada diante da possibilidade do desembarque da presidenta do Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, em Taiwan, na noite desta terça-feira (2).
Os dois porta-aviões da Marinha do Exército de Libertação Popular da China (ELP) saíram dos portos de origem, um deles acompanhado por um navio de assalto anfíbio, em meio à escalada das tensões na região do Estreito de Taiwan.
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O Comando Oriental do ELP divulgou um comunicado na noite desta segunda-feira (1º) no qual afirma que as tropas estão em alerta máximo e "enfrentarão o inimigo sob ordens".
Até o meio-dia de terça-feira, os voos nos aeroportos de várias cidades da província de Fujian, incluindo Xiamen, Fuzhou e Quanzhou, foram parcialmente cancelados, segundo a Xiamen Airlines.
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Até o momento não há confirmação da visita, mesmo diante dos alertas do governo chinês de que a ida da parlamentar estadunidense, a terceira da linha de sucessão do governo dos EUA, é uma provocação e violação à soberania e integridade territorial da China e que seria recebida com severas contramedidas dos militares chineses.
A mídia taiwanesa informa que Pelosi desembarca em Taipei, capital do território, por volta das 22h40, horário local (11h40 no horário de Brasília). Antes mesmo da visita se concretizar, já abalou a diplomacia entre China e EUA e os mercados. Os principais índices das bolsas de Xangai e Hong Kong abriram nesta terça em queda.
Reação das autoridades chinesas
Nesta terça, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, afirmou que os EUA 'pagariam um preço' por minar a soberania e os interesses de segurança da China.
Hua ressaltou que os Estados Unidos estão tomando ações provocativas que podem levar à escalada das tensões no Estreito de Taiwan, pelas quais devem assumir total responsabilidade. Outro porta-voz do ministério, Zhao Lijian, alertou nesta segunda-feira (1º) para a gravidade da possível visita de Pelosi a Taiwan.
Na segunda, o representante permanente da China nas Nações Unidas, Zhang Jun, também comentou a possível visita de Pelosi a Taiwan e disse que o ato "é aparentemente perigoso e provocativo".
Caso Pelosi visite Taiwan, se tornará a mais alta política dos EUA a visitar a ilha em 25 anos. Diante disso, o presidente chinês, Xi Jinping, em conversa por telefone com o presidente Joe Biden na última quinta-feira (28) alertou: "Quem brinca com fogo se queima".
Protestos nos EUA
Ativistas da paz e membros da comunidade chinesa em São Francisco (EUA) protestaram nesta segunda-feira (1º) contra a expectativa de visita de Pelosi a Taiwan. Os protestantes exigiram o cancelamento da viagem e que a parlamentar se concentre em questões enfrentadas pela população.
O protesto foi organizado por grupos como Pivot to Peace, Answer Coalition, Codepink, Veterans for Peace e líderes da comunidade chinesa. Pessoas de diferentes esferas da sociedade de São Francisco participaram da atividade e seguraram cartazes que proclamavam que "a China é uma", "os EUA tiram as mãos de Taiwan" e cantando: "A China não é nosso inimigo".
China celebra 95º aniversário da fundação do ELP
A China realizou várias atividades no Dia do Exército, celebrado dia 1º de agosto e que comemora a fundação do Exército Popular de Libertação (ELP) em 1927 que completou 95 anos este ano.
O presidente chinês, Xi Jinping, entregou na última quarta-feira (27) a Medalha de 1º de agosto a três militares e conferiu uma bandeira honorária a um batalhão militar pelos excelentes serviços prestados ao país.
O Ministério da Defesa Nacional da China realizou no domingo (31) uma recepção no Grande Salão do Povo para comemorar o aniversário do ELP. Xi, também secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China e presidente da Comissão Militar Central, participou do evento.
Em 1927, o precursor do ELP foi fundado pelo Partido Comunista da China (PCCh), em meio a um reinado de "terror branco" desencadeado pelo Kuomintang (KMT), no qual milhares de comunistas e simpatizantes foram mortos. O KMT, também conhecido como Guomintang (GMD) ou Partido Nacionalista Chinês, dominou a China durante a Era Republicana, entre 1928 e 1949, até a revolução comunista que fundou a República Popular da China.
Originalmente chamado de "Exército Vermelho dos Trabalhadores e Camponeses Chineses", o ELP desempenhou um papel fundamental no mapeamento do desenvolvimento do país.
Atualmente, o exército evoluiu de uma força de serviço único "painço mais fuzis" para uma organização moderna com equipamentos e tecnologias sofisticados. A China busca completar a modernização da defesa nacional e das forças armadas populares até 2035 e transformar totalmente o ELP em uma força militar de classe mundial até meados deste século.
À medida que a China segue a construção da defesa nacional e forças armadas, a natureza defensiva da política de defesa nacional do país permanece inalterada. Salvaguardar resolutamente a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento do país é o objetivo fundamental da defesa nacional do país nesta nova era, de acordo com o white paper intitulado "Defesa Nacional da China na Nova Era", lançado em julho de 2019.
O orçamento de defesa da China aumentará 7,1% para 1,45 trilhão de yuans (cerca de US$ 229 bilhões) este ano. O aumento vai manter o crescimento de um dígito de investimentos no setor pelo sétimo ano consecutivo, conforme informado por um relatório sobre os projetos de orçamento central e local para 2022, apresentado à legislatura nacional chinesa.
Comprometida com o desenvolvimento pacífico, a China também tem agido para salvaguardar a paz e a estabilidade mundiais. O país é o segundo maior contribuinte tanto para a avaliação de manutenção da paz quanto para as taxas de adesão da ONU, e o maior país contribuinte de tropas entre os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Setor manufatureiro chinês segue em crescimento em julho
A atividade fabril da China segue em crescimento pelo segundo mês consecutivo – embora em um ritmo mais lento. O desempenho aponta para uma melhora do segmento a despeito dos recentes surtos de Covid-19 que atingiram o país.
Os dados são de uma pesquisa realizada pela S&P Global divulgados nesta segunda-feira (1o) e mostraram que a demanda fraca dos clientes, os impactos persistentes da Covid-19 e as interrupções no fornecimento de energia pesaram no crescimento do setor manufatureiro da China.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, da sigla em inglês) da manufatura Caixin de julho da China diminuiu para 50,4 de 51,7 em junho, com subíndices para produção e novos pedidos mostrando aumentos mais suaves.
O PMI de manufatura é um indicador composto projetado para fornecer uma visão geral da atividade no setor manufatureiro e atua como um indicador avançado para toda a economia. Quando o PMI está abaixo de 50,0 isso indica que a economia manufatureira está em declínio e um valor acima de 50,0 indica uma expansão da economia manufatureira. Já o PMI Caixin China é observado de perto pelos investidores como um dos primeiros indicadores disponíveis todos os meses da força da economia chinesa.
As leituras do Caixin seguiram a divulgação oficial do medidor PMI no domingo (31), que mostrou uma contração surpresa em 49 após uma rápida recuperação em junho. A marca de 50 pontos no índice separa crescimento de contração.
A pesquisa constatou uma desaceleração acentuada na inflação de custos para empresas de manufatura, graças a um declínio em alguns preços de commodities a granel. Também revelou que os fabricantes permaneceram otimistas, ao mesmo tempo em que estavam preocupados com os riscos de futuros surtos de Covid-19 e uma queda na demanda.
Outro dado apontado pela pesquisa foi que o emprego permaneceu fraco, pois as empresas cortaram custos e as vendas caíram. "O indicador de emprego, que esteve em território contracionista por 11 dos últimos 12 meses, atingiu a leitura mais baixa desde abril de 2020", observou o economista sênior do Caixin Insight Group, Wang Zhe, sobre os dados.
Wang pediu mais medidas para se concentrar na estabilização do mercado de trabalho, na emissão de subsídios e na oferta de alívio temporário.
O produto interno bruto da China cresceu 0,4% em relação ao ano anterior no segundo trimestre de 2022, enquanto os principais dados mostraram que a recuperação ganhou impulso em junho.
Wang avaliou que o impacto econômico adverso da última rodada de pandemia diminuiu no segundo trimestre, enquanto o terceiro trimestre será um período crucial para colocar a economia de volta nos trilhos. "Como as autoridades deixaram claro que nenhuma medida de estímulo ultramassiva seria implementada, a implementação efetiva das políticas existentes é uma opção mais prática", acrescentou.