Mais de 100 jovens estudantes brasileiros visitam e estudam todos os anos na cidade chinesa de Wuhan. Agora, parte desse grupo de universitários se reuniu para fundar a Juventude do Partido dos Trabalhadores (PT).
A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), parabenizou a iniciativa por meio de um vídeo no qual destaca a importância dessa medida para fortalecer os laços sino-brasileiros e para a formação de futuros líderes.
Te podría interesar
"A juventude é a força motivadora das transformações sociais e políticas. E a criação desse grupo em Wuhan representa um passo significativo para avançarmos na luta, além de contribuir para o fortalecimento e intercâmbio educacional e cultural. Parabéns a todos e todas que se mobilizaram para iniciar essa jornada. Que a Juventude do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras na China lidere com coragem e determinação, em defesa da igualdade, da democracia e da paz. Contem com nosso apoio", declarou.
Assista
Histórico das relações Brasil-Wuhan
A ligação entre Wuhan e o Brasil é multifacetada, robusta e diversificada e abrange aspectos econômicos, educacionais, culturais e científicos. Esse vínculo é um exemplo de como as cidades podem desempenhar um papel fundamental na promoção de relações bilaterais mais amplas e contribuir para o desenvolvimento econômico, educacional e cultural entre os países.
A Universidade de Hubei em Wuhan mantém uma parceria de longa data com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) por meio do Instituto Confúcio, que promove o intercâmbio cultural e educacional entre os dois países.
Este instituto chinês é o mais antigo e tradicional em funcionamento no Brasil e tem desempenhado um papel crucial na formação de estudantes e na promoção do entendimento mútuo entre Brasil e China.
A cada ano, mais de 100 jovens brasileiros visitam e permanecem em Wuhan para estudos e pesquisas. Essa mobilidade acadêmica contribui para a formação de futuros líderes e fortalece os laços educacionais e culturais entre os países.
Wuhan, como um importante centro industrial e econômico da China, tem relações comerciais significativas com o Brasil. Produtos brasileiros, especialmente commodities agrícolas como soja e carne, são exportados para a região, enquanto produtos manufaturados e eletrônicos de Wuhan encontram mercado no Brasil.
Empresas de Wuhan têm investido no Brasil em setores como tecnologia, infraestrutura e manufatura. Da mesma forma, empresas brasileiras estão cada vez mais interessadas em explorar oportunidades de negócios na cidade chinesa.
Há colaborações entre instituições de pesquisa de Wuhan e brasileiras em áreas como biotecnologia, medicina e tecnologias ambientais. O Instituto de Virologia de Wuhan, por exemplo, colabora com pesquisadores brasileiros em estudos relacionados a doenças infecciosas e vacinas.
Iniciativas para promover startups e empreendedorismo tecnológico têm sido desenvolvidas em parceria, com foco em inovação e troca de conhecimentos.
A embaixada e os consulados brasileiros na China, incluindo aqueles que interagem diretamente com Wuhan, facilitam o intercâmbio diplomático e as relações bilaterais. Autoridades de ambos os países frequentemente visitam Wuhan e cidades brasileiras para fortalecer laços políticos e explorar novas áreas de cooperação.
Wuhan organiza e participa de várias feiras comerciais e culturais que incluem expositores e participantes brasileiros. Essas feiras oferecem plataformas para fortalecer os laços comerciais e culturais. Há ainda eventos culturais, como o Festival das Flores de Cerejeira em Wuhan, que têm recebido delegações brasileiras, promovendo a troca cultural e o turismo.
Saiba mais sobre Wuhan
Wuhan é a capital da província de Hubei, localizada no centro da China, é uma cidade dinâmica e multifacetada que desempenha um papel crucial na economia, cultura e inovação da China.
Sua posição estratégica no centro do país e sua infraestrutura avançada a tornam um ponto de confluência para negócios, educação e intercâmbio cultural, não apenas dentro da China, mas também em escala internacional.
Com uma população de aproximadamente 11 milhões de habitantes, é uma das cidades mais populosas e importantes do país. Tem uma rica história que remonta a mais de 3 mil anos. A cidade foi um importante centro comercial e cultural durante várias dinastias chinesas.
A cidade abriga inúmeras instituições de ensino superior, incluindo a Universidade de Wuhan e a Universidade de Tecnologia de Huazhong, ambas renomadas na China e internacionalmente.
É também é um dos principais centros industriais da China eé conhecida por sua produção de aço, automóveis e eletrônicos. A Zona de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico de Wuhan é uma das mais avançadas do país, atraindo investimentos nacionais e internacionais.
Além disso, é um hub de transporte crucial, com um dos maiores portos fluviais da China, várias ferrovias importantes e o Aeroporto Internacional de Wuhan Tianhe, que conecta a cidade a destinos globais. Entre os destaques está a Ponte de Wuhan sobre o Rio Yangtzé, um marco importante e simboliza a modernização e o desenvolvimento da cidade.
A cidade é sede de numerosos parques tecnológicos e empresas de alta tecnologia. O Vale Óptico de Wuhan, por exemplo, é conhecido por sua inovação em tecnologias ópticas e eletrônicas. É ainda um centro de pesquisa científica, com instituições como o Instituto de Virologia de Wuhan, que se destaca em pesquisas biológicas e médicas.
Wuhan oferece várias atrações turísticas, incluindo a Torre da Garça Amarela, o Lago Leste e o Templo Guiyuan. Estes locais atraem milhões de visitantes todos os anos. Também é conhecida por seus festivais culturais e feiras, como o Festival das Flores de Cerejeira, que celebra a chegada da primavera.
Mantém diversas parcerias internacionais e é um importante ponto de intercâmbio cultural e educacional, especialmente com países como o Brasil.
Exemplo de Wuhan no enfrentamento à Covid-19
Wuhan ganhou atenção mundial como o ponto de origem da pandemia de Covid-19. A cidade foi a primeira a implementar medidas rigorosas de lockdown, que posteriormente foram replicadas globalmente.
Os primeiros casos do coronavírus foram identificados em dezembro de 2019. A cidade rapidamente notificou a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre um surto de uma nova pneumonia desconhecida.
Em 23 de janeiro de 2020, Wuhan foi colocada sob um rigoroso lockdown. Todos os transportes públicos, incluindo ônibus, metrôs, aviões e trens, foram suspensos, e as saídas da cidade foram bloqueadas.
Os moradores foram instruídos a permanecer em casa, com exceção de necessidades essenciais. Apenas uma pessoa por família podia sair para comprar mantimentos e medicamentos.
Wuhan construiu dois hospitais temporários em tempo recorde — Hospital Huoshenshan e Hospital Leishenshan — para lidar com o grande número de pacientes infectados. Esses hospitais foram construídos em apenas dez dias e forneceram milhares de leitos adicionais.
Instalações adicionais, como centros de convenções e ginásios, foram convertidas em centros de quarentena para isolar e tratar pacientes leves.
Wuhan implementou um programa abrangente de testagem em massa para identificar e isolar casos positivos rapidamente. Milhões de residentes foram testados para Covid-19. A cidade usou tecnologia avançada para rastrear contatos de casos confirmados, incluindo o uso de aplicativos de saúde e dados de localização.
O uso de máscaras faciais foi amplamente promovido e, eventualmente, tornou-se obrigatório em espaços públicos. A desinfecção de locais públicos e edifícios foi intensificada para reduzir a propagação do vírus.
O governo local forneceu atualizações regulares sobre a situação do surto e as medidas sendo tomadas. Campanhas de conscientização pública sobre medidas preventivas, como lavar as mãos e distanciamento social, foram amplamente divulgadas.
Em 8 de abril de 2020, após 76 dias, o lockdown de Wuhan foi oficialmente levantado. A reabertura foi gradual e controlada, com medidas contínuas de monitoramento de saúde e precauções de segurança.
A cidade implementou um plano de recuperação econômica e social para retomar as atividades normais, enquanto permanecia vigilante contra novos surtos.
A resposta de Wuhan ao surto inicial de Covid-19 serviu como um modelo para outras regiões do mundo. As medidas rigorosas e rápidas foram vistas como cruciais para controlar a disseminação do vírus.
Papel de Wuhan na Revolução de 1949
Wuhan desempenhou um papel significativo na Revolução de 1949, a Revolução de Libertação do Povo chinês, que culminou com a vitória do Partido Comunista Chinês (PCCh) e a fundação da República Popular da China.
Localizada no centro da China, na confluência dos rios Yangtzé e Han, Wuhan era e continua sendo um importante centro de transporte e comunicação. Sua localização estratégica a tornou um ponto crucial para operações militares e logísticas durante a revolução.
A cidade era um centro industrial significativo, com importantes fábricas e infraestruturas que eram essenciais para o esforço de guerra e a economia revolucionária.
Nos anos que precederam a Revolução de 1949, Wuhan foi um centro importante de movimentos operários e sindicatos. A cidade viu diversas greves e manifestações organizadas pelos trabalhadores, que apoiavam o PCCh. Houve várias rebeliões e levantes em na cidade contra o governo do Kuomintang (KMT), que controlava a China antes da vitória comunista. Essas revoltas foram importantes para desestabilizar o poder do KMT na região.
Wuhan foi palco de várias batalhas importantes entre as forças do PCCh e do KMT. O controle de Wuhan permitiu ao PCCh ter acesso a recursos críticos e fortalecer sua posição estratégica. As ofensivas militares bem-sucedidas na cidade ajudaram a abrir caminho para a tomada de outras regiões importantes do país pelos comunistas.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Wuhan serviu brevemente como a capital provisória da China quando Nanjing foi ocupada pelos japoneses. Essa experiência destacou ainda mais a importância política da cidade. Foi também um local onde líderes comunistas se reuniram para planejar e coordenar suas estratégias durante a revolução.
Wuhan serviu como um importante centro de propaganda para o PCCh. A cidade produzia e distribuía material de propaganda para mobilizar o apoio da população e desmoralizar as forças do KMT.
Curiosidades sobre Wuhan
Geografia e Localização
- Confluência de Rios: Wuhan é situada na confluência dos rios Yangtzé e Han, tornando-se uma importante cidade portuária e um centro de transporte.
- Três Distritos: A cidade é composta por três cidades antigas: Wuchang, Hankou e Hanyang, que se uniram para formar Wuhan.
História
- Cidade Antiga: Wuhan tem uma história que remonta a mais de 3 mil anos e é um centro cultural e comercial durante várias dinastias.
- Revolução de 1911: Wuhan foi o local do Levante de Wuchang, que deu início à Revolução Xinhai e levou ao fim da dinastia Qing.
Educação
- Universidade de Wuhan: Uma das universidades mais prestigiadas da China, conhecida por seu belo campus, especialmente durante a temporada de flores de cerejeira.
- Ciência e Tecnologia: Wuhan é um centro de pesquisa e desenvolvimento, com várias universidades e institutos de pesquisa importantes.
Economia
- Indústria: Wuhan é um centro industrial significativo, com setores como siderurgia, automóveis e manufatura de alta tecnologia.
- Zona de Desenvolvimento: A Zona de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico de Wuhan atrai investimentos nacionais e internacionais.
Infraestrutura
- Transporte: A cidade tem um dos maiores portos fluviais da China e é um importante hub ferroviário. O Aeroporto Internacional de Wuhan Tianhe conecta a cidade a destinos globais.
- Ponte de Wuhan: A primeira ponte sobre o rio Yangtzé, construída em 1957, é um marco importante da cidade.
Cultura e Turismo
- Torre da Garça Amarela: Um dos mais famosos pontos turísticos de Wuhan, com vistas panorâmicas sobre a cidade.
- Lago Leste: Um dos maiores lagos urbanos da China, oferece áreas de lazer e paisagens pitorescas.
- Templo Guiyuan: Um importante templo budista com uma rica história e arquitetura tradicional.
Esportes
- Centro Esportivo: Wuhan tem várias instalações esportivas modernas e já sediou eventos internacionais, como os Jogos Militares Mundiais de 2019.
- Badminton: A cidade é famosa por seus jogadores de badminton, muitos dos quais alcançaram sucesso internacional.
Gastronomia
- Refeições Picantes: A culinária de Wuhan é conhecida por seu sabor picante e pratos típicos como o "reganmian" (macarrão quente e seco) e peixe apimentado.
50 anos das relações Brasil-China
A fundação da Juventude do PT em Wuhan ganha um significado especial no ano em que Brasil e China celebram meio século de relações diplomáticas.
As relações entre Brasil e China têm evoluído significativamente ao longo de 50 anos, com uma forte ênfase em comércio, cooperação tecnológica e investimentos. Apesar dos desafios, as oportunidades para aprofundar e diversificar essa parceria estratégica continuam a crescer, beneficiando ambos os países.
As relações diplomáticas sino-brasileiras foram estabelecidas em 15 de agosto de 1974. Confira um resumo dos principais marcos e desenvolvimentos nessa parceria bilateral.
Anos 1970-1980: Estabelecimento e Primeiros Passos
- 1974: Brasil e China estabelecem relações diplomáticas. A China estava começando a abrir sua economia, e o Brasil buscava diversificar suas relações internacionais.
- 1978: Primeiro Acordo Comercial assinado, focando principalmente na troca de produtos básicos como soja e minério de ferro.
Anos 1990: Expansão e Diversificação
- 1993: China se torna um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
- 1995: Lançamento do Programa de Satélites Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres (CBERS), marcando uma cooperação significativa em tecnologia espacial.
- 1996: Visita do presidente Jiang Zemin (1926-2022), que liderou o país asiático entre 1993 a 2003, ao Brasil, resultando em acordos de cooperação econômica e científica.
Anos 2000: Parceria Estratégica
- 2004: Elevação da relação a uma "Parceria Estratégica". Visita do presidente Hu Jintao (1942 -), que presidiu a China entre 2003 e 2013, ao Brasil reforça a cooperação em diversos setores.
- 2009: China supera os EUA e se torna o maior parceiro comercial do Brasil. As exportações brasileiras para a China incluem principalmente commodities como soja, petróleo e minério de ferro.
Anos 2010: Fortalecimento Econômico e Político
- 2012: Criação do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) fortalece os laços multilaterais e a cooperação em áreas como desenvolvimento econômico e infraestrutura.
- 2014: Celebrando 40 anos de relações diplomáticas, os dois países assinam acordos de cooperação em energia, infraestrutura e agricultura.
- 2015: Início das operações do Banco dos BRICS, com participação ativa de Brasil e China.
Anos 2020: Cooperação Ampliada e Desafios
- 2020: Pandemia de Covid-19 intensifica a cooperação em saúde, com a China fornecendo insumos e vacinas ao Brasil.
- 2021: Brasil e China assinam novos acordos de cooperação agrícola e tecnológica. A China continua sendo o maior destino das exportações brasileiras.
- 2022: Brasil participa da Iniciativa do Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative), visando expandir as oportunidades de infraestrutura e comércio.
Áreas de Cooperação
- Comércio: A relação comercial é um dos pilares mais fortes, com a China sendo o maior parceiro comercial do Brasil, importando produtos agrícolas, minerais e energéticos.
- Tecnologia e Ciência: Projetos conjuntos como o CBERS e iniciativas em biotecnologia e agricultura sustentável.
- Energia: Investimentos chineses em energia renovável e infraestrutura energética no Brasil.
- Educação e Cultura: Programas de intercâmbio acadêmico e cultural, com a presença de Institutos Confúcio no Brasil promovendo a língua e cultura chinesa.
Desafios e Oportunidades
- Desafios: Diferenças políticas e econômicas, bem como a necessidade de equilibrar interesses comerciais com questões ambientais e de direitos humanos.
- Oportunidades: Expansão em setores como inovação tecnológica, infraestrutura e cooperação em fóruns multilaterais como os BRICS.