O governo chinês reagiu fortemente à possibilidade de expansão da AUKUS, aliança militar que atua na região do Indo-Pacífico formada por Austrália, Reino Unido e Estados Unidos e que pode ganhar mais dois integrantes: Japão e Filipinas.
A parceria militar foi forjada por Camberra, Londres e Washington em setembro de 2021 e tem como objetivo principal o compartilhamento de tecnologia e informações na área de defesa, especialmente no desenvolvimento de submarinos nucleares.
Te podría interesar
A iniciativa visa fortalecer a cooperação e capacidade de defesa dos países envolvidos na região do Indo-Pacífico, em meio a preocupações crescentes desses governos com a influência da China na região.
A comunicação da possibilidade de expansão da aliança militar na região do Indo-Pacífico foi feita durante visita oficial do primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, aos EUA, onde foi recebido pelo presidente Joe Biden nesta quarta-feira (10).
Te podría interesar
Além disso, Biden e Kishida, numa declaração conjunta emitida após a reunião, comentaram a importância de manter a paz através do Estreito de Taiwan.
"Enfatizamos que as nossas posições básicas sobre Taiwan permanecem inalteradas e reiteramos a importância de manter a paz e a estabilidade através do Estreito de Taiwan como um elemento indispensável da segurança e prosperidade globais. Encorajamos a resolução pacífica das questões através do Estreito."
China reage à interferência em assuntos internos
Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (11), a porta-voz Mao Ning, do Ministério das Relações Exteriores da China, comentou o anúncio feito pela Casa Branca de que a AUKUS pode ser ampliada e a declaração conjunta sobre o Estreito de Taiwan.
"Quero enfatizar que há apenas uma China. Este é um fato histórico e um consenso internacional. A questão de Taiwan é puramente um assunto doméstico da China e não admite interferência externa. Tanto os governos dos EUA quanto do Japão fizeram compromissos sérios com a China sobre a questão de Taiwan", rebateu Mao.
A porta-voz afirmou ainda que, em particular, o Japão tem sérias responsabilidades históricas por sua agressão contra Taiwan e domínio colonial sobre a ilha, e deve, ainda mais, honrar suas palavras e agir com prudência. "Instamos os EUA a traduzir o compromisso do presidente Biden de não apoiar a 'independência de Taiwan' em ações concretas", reforçou Mao.
"As relações EUA-Japão não devem visar outros países, prejudicar seus interesses ou minar a paz e estabilidade regionais. A China se opõe firmemente à mentalidade da Guerra Fria e à política de pequenos grupos. A China rejeita firmemente qualquer coisa que crie e aumente tensões e possa minar a segurança estratégica e interesses de outros países", destacou a porta-voz.
Mao disse ainda que, apesar das sérias preocupações da China, os EUA e o Japão atacaram e difamaram a China sobre a questão de Taiwan e marítimas, interferiram grosseiramente nos assuntos domésticos do país e violaram as normas básicas das relações internacionais. "A China deplora e se opõe a isso, e fez sérios protestos às partes relevantes", afirmou Mao.
Atividades chinesas no Mar do Sul da China
Durante o encontro entre Biden e Kishida, o governo dos EUA deixou claro que o foco principal do encontro é a expansão dos laços de segurança para contrapor a China, incluindo sistemas de mísseis e a possibilidade de o Japão se juntar ao AUKUS.
LEIA TAMBÉM: À beira de um impasse: entenda os incidentes no Mar do Sul da China entre chineses e filipinos
O presidente Biden também convidou o presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., para se juntar às conversas.
De acordo com matéria publicada pelo The New York Times nesta quinta-feira (11), Biden quer discutir com Kishida e Marcos para enviar uma mensagem diplomática contundente para uma China: parar o "assédio de Pequim aos navios filipinos no Mar do Sul da China", que ele classifica como violação do direito internacional.
Biden fez uma postagem no X (antigo Twitter) sobre a visita do primeiro-ministro japonês a Washington.
"Juntos, o Primeiro-Ministro Kishida e eu fortalecemos esta Aliança e expandimos nosso trabalho. Elevamos nossas ambições compartilhadas. E agora, a Aliança EUA-Japão é um farol para o mundo inteiro. Não há limite para o que nossos países e nosso povo podem fazer juntos", escreveu Biden.
China avisa que vai defender sua soberania
Mao rebateu essa falsa acusação feita por Biden contra a China de que o país asiático cometeria "assédio" contra embarcações filipinas no Mar do Sul da China. Ela ressaltou que as atividades chinesas na região estão em conformidade com o direito internacional e que não há "nada de errado com elas".
LEIA TAMBÉM: China x Estados Unidos: relembre polêmicas entre os dois países
A porta-voz da diplomacia chinesa esclareceu ainda que o Diaoyu Dao e suas ilhas afiliadas são territórios inerentes da China, que também tem soberania indiscutível sobre Nanhai Zhudao e suas águas adjacentes. Ela anunciou que Pequim tomará medidas firmes contra movimentos ilegais que violem a soberania da China.
"A China está pronta para continuar a lidar adequadamente com questões marítimas com as partes interessadas por meio do diálogo e consulta e juntas defender a paz e estabilidade no Mar do Sul da China. Ao mesmo tempo, ninguém deve violar a soberania territorial e direitos e interesses marítimos da China, e a China permanece firme em defender nossos direitos legais", avisou.
Mao afirmou ainda que os EUA e o Japão distorceram os fatos, violaram a soberania territorial da China e desrespeitaram o direito internacional e as normas básicas das relações internacionais. "Eles representam uma ameaça real para a paz e estabilidade regionais", alertou.
"Quero enfatizar que a China é sempre construtora da paz mundial, contribuidora para o desenvolvimento global e defensora da ordem internacional. Nunca permitiremos que nenhum país interfira nos assuntos domésticos da China, prejudique seus interesses e manche sua imagem. A China defenderá sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento e permanecerá comprometida com a paz, estabilidade e prosperidade duradoura da região da Ásia-Pacífico", finalizou.