Às vésperas da eleição presidencial em Taiwan, marcada para o próximo sábado (13), Pequim lança um pacote de medidas para estimular a cooperação econômica entre a província de Fujian e a ilha em áreas como comércio de serviços, pequenas empresas e industriais de alta tecnologia.
Em um comunicado do governo chinês nesta segunda-feira (8) são delineadas 14 medidas em cinco áreas econômicas e comerciais, incluindo o apoio à abertura e cooperação de Fujian com Taiwan, comércio de alta qualidade e desenvolvimento industrial integrado.
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O documento é assinado de forma conjunta pelos ministérios do Comércio e da Indústria e Tecnologia da Informação, Escritório de Trabalho de Taiwan do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma.
Desenvolvimento integrado
A circular enfatiza que Fujian vai explorar e estabelecer um sistema institucional e um modelo regulatório que conduza ao avanço do desenvolvimento integrado através do Estreito.
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As diretrizes são resultado de decisão do Comitê Central do PCCh e do Conselho de Estado, em setembro de 2023, de transformar Fujian numa zona de demonstração para o desenvolvimento integrado através do Estreito de Taiwan. O movimento pretende aprofundar o desenvolvimento integrado em todos os domínios e promover a reunificação pacífica do país.
O pacote de Pequim realizará esforços para atrair projetos petroquímicos, têxteis, de maquinaria, cosméticos e outros projetos industriais de Taiwan para Fujian. Há ainda a intenção de contribuir para exploração dos mercados internacionais no âmbito da Cooperação Econômica Regional Abrangente (RCEP).
A RCEP é um acordo comercial regional entre 15 países da Ásia-Pacífico que inclui os membros da ASEAN - China, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.
O documento também orienta medidas para apoiar as micro e pequenas empresas de Taiwan a explorar o mercado continental, além de esforços para apoiar as empresas da ilha na participação no novo processo de industrialização e orientá-las a investir em indústrias de produção avançada e de alta tecnologia.
Fujian aproveitará as suas vantagens na economia digital, circuito integrado (CI), novas energias, baterias de lítio, petroquímica, têxtil e outros setores para construir clusters industriais Fujian-Taiwan com competitividade global. A província vai construir uma zona piloto de cooperação industrial do CI através do Estreito.
Esse anúncio de medidas para turbinar os negócios da China continental com o território insular pelo governo chinês ganha mais peso por ter sido feito nos dias que antecedem a ida da população de Taiwan às urnas, no próximo sábado.
As autoridades que atualmente governam a ilha seguem na retórica separatista antes da eleição do líder regional. Por isso, essas medidas anunciadas por Pequim apostam em oferecer garantias necessárias para as empresas do território insular confiarem em uma futura cooperação econômica e comercial através do Estreito.
Eleição em Taiwan
Na corrida eleitoral de Taiwan, três candidatos despontam como principais concorrentes segundo a Economist Intelligence Unit. Liderando as pesquisas está Lai Ching-te, com cerca de 35% das intenções de voto. Ele é seguido por Hou Yu-ih, com 29%, e Ko Wen-je, com 23%.
Lai Ching-te, do Partido Progressista Democrático (DPP, da sigla em inglês) e apoiado pela atual presidenta Tsai Ing-wen. Já foi deputado, prefeito de Tainan, e é um seccionista, defensor da independência da ilha.
Em agosto do ano passado, o governo chinês reagiu a uma passagem dele pelos EUA, classificada como "sinais gravemente equivocados para as forças separatistas em prol da independência de Taiwan.
Ele promete manter a postura do governo atual de considerar Taiwan independente sem a necessidade de uma declaração formal ou novas ações.
Hou Yu-ih, do Kuomintang (KMT), partido nacionalista, aparece em segundo nas pesquisas, apoia uma maior aproximação com Pequim e busca maneiras de aliviar as tensões. Com uma carreira na polícia e experiência como prefeito de Nova Taipei, ele representa uma abordagem mais conciliatória em relação à China.
Ko Wen-je, do Partido Popular de Taiwan (TPP, da sigla em inglês), o terceiro candidato e ex-prefeito de Taipei, busca uma terceira via, focando mais nas questões internas da ilha do que nas relações com a China continental.
Esta eleição é crucial para Taiwan, pois definirá a abordagem da ilha em relação à China, com implicações significativas para a região e o mundo.
Relações Pequim e Washington
As eleições em Taiwan são de grande importância para as relações entre as duas maiores economias do mundo, Estados Unidos e a China, entre eles:
Influência na Dinâmica Geopolítica: As eleições em Taiwan influenciam diretamente a dinâmica geopolítica da região Ásia-Pacífico e as relações entre os EUA e a China. O resultado da eleição ajudará a definir as políticas de Taiwan em relação a Pequim e, por extensão, afetará o cenário geopolítico regional e as relações entre EUA e China.
Posicionamento Estratégico de Taiwan: Taiwan ocupa uma posição estratégica perto do Estreito de Taiwan e do Mar do Sul da China que são rotas de navegação cruciais. Além disso, Taiwan é vista pelos EUA como um ponto crítico no "primeiro anel de ilhas", que se estende de Bornéu às Filipinas, Japão e Coreia do Sul, todos aliados dos EUA. O controle sobre Taiwan é considerado por Pequim como parte de sua visão de "rejuvenescimento nacional".
Indústria de Semicondutores: Taiwan é um centro global na produção de semicondutores, com empresas como a TSMC liderando a fabricação de chips avançados. Esta indústria coloca Taiwan no centro da competição tecnológica entre EUA e China e tem implicações globais, pois uma perturbação na produção taiwanesa poderia causar uma escassez mundial desses componentes essenciais.
Relações EUA-Taiwan: Embora os EUA não mantenham laços formais com Taiwan e não apoiem explicitamente a independência de Taiwan, eles se opõem a mudanças unilaterais no status quo e têm leis que exigem que ajudem a armar a ilha para autodefesa. As declarações do presidente Joe Biden indicam um apoio dos EUA a Taiwan em caso de ataque por Pequim, refletindo a tensão crescente na relação EUA-China.