Os preparativos para celebrar os 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e República Popular da China seguem a todo o vapor. Nesta quinta-feira (25), a Embaixada da China no Brasil divulgou a logomarca para festejar meio século de diplomacia sino-brasileira.
A embaixada chinesa, em postagem no X (antigo Twitter) explicou que o logotipo foi desenhado conjuntamente pelo Brasil e pela China, usa o número 50 e combina as cores das bandeiras nacionais dos dois países.
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"Os dois países sempre se respeitaram, se trataram em pé de igualdade e cooperaram em prol de resultados ganha-ganha. Os números "5" e "0" misturam-se e cruzam-se para formar o símbolo do infinito (8), representando que, embora a China e o Brasil estejam a milhares de quilômetros, estão intimamente ligados e que a amizade entre os dois países tem uma longa história, repleta de vitalidade e de perspectivas amplas", informa o post.
Amizade sino-brasileira
Mais de 16 mil quilômetros separam o Brasil da China. O gigante da América do Sul tem 500 anos de civilização pós-colonização portuguesa e apenas dois séculos como nação soberana. O colosso asiático tem cinco mil anos de civilização e 74 como República Popular. Os brasileiros falam português, os chineses, mandarim (entre outros idiomas de 55 minorias étnicas).
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Ambos são países continentais, em desenvolvimento e encaram desafios muito semelhantes, como o enfrentamento à desigualdade social e a atuação em prol da conquista da soberania alimentar. O Brasil adota o capitalismo (leia-se neoliberalismo) e, a China, o socialismo com características chinesas.
As relações de amizade entre Brasil e China têm 74 anos e, as diplomáticas completam 50 anos no dia 15 de agosto deste ano. Mas as trocas comerciais entre os dois territórios data do século XIX, quando os portos brasileiros recebiam mercadorias perfumadas e coloridas a partir dos navios de Portugal que vinham das então colônias portuguesas de Macau, na China, e de Goa, na Índia.
Meio século de relações diplomáticas
Ao longo deste ano, quando as duas nações celebram o aniversário de 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e a República Popular da China, estabelecidas 15 de agosto de 1974, há muito o que comemorar.
Neste meio século, houve a abertura das Embaixadas do Brasil em Pequim e da China em Brasília. O Brasil tem Consulados-Gerais em Xangai, Cantão (Guangdong) e Hong Kong. A China conta com Consulados-Gerais no Rio de Janeiro, São Paulo e Recife.
Destaques das relações sino-brasileiras
As relações bilaterais sino-brasileiras são marcadas pelo dinamismo. Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil e tem sido uma das principais fontes de investimento externo brasileiro.
O relacionamento vai além da esfera bilateral: Brasil e China têm mantido diálogo também em mecanismos como Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), G20, Organização Mundial do Comércio (OMC) e Basic (articulação entre Brasil, África do Sul, Índia e China na área do meio ambiente).
Em 1993, Brasil e China estabeleceram uma "Parceria Estratégica" e, em 2004, foi criada a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban).
Em 2012, as relações foram elevadas ao nível de "Parceria Estratégica Global". No mesmo ano, estabeleceu-se o Diálogo Estratégico Global (DEG) e firmou-se o Plano Decenal de Cooperação (2012-2021).
Em 1988, foi estabelecido o Programa CBERS (sigla em inglês para "Satélite de Recursos Terrestres Brasil-China") de cooperação espacial para construção e lançamento de satélites – projeto pioneiro entre países em desenvolvimento no campo da alta tecnologia. Foram lançados, desde então, seis satélites (1999, 2003, 2007, 2013 e 2019).
Lula e Xi e a mais abrangente declaração conjunta
Em abril de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou sua terceira visita de Estado à China e foi recebido pelo presidente chinês, Xi Jinping.
A visita resultou na mais abrangente declaração conjunta emitida por Brasil e China, tratando de cooperação em áreas variadas – desde assuntos econômico-comerciais, de segurança alimentar e de cooperação espacial até temas internacionais, como o conflito na Ucrânia -, demonstrando a multidimensionalidade dos interesses compartilhados.
Foram assinados 15 atos governamentais e anunciados 32 acordos empresariais, em áreas como energias renováveis; indústria; automotiva; agronegócio; linhas de crédito verde; tecnologia da informação; saúde; e infraestrutura. Outros 9 instrumentos foram celebrados entre Estados da Federação e outras entidades ou empresas brasileiras e chinesas.
No campo do meio ambiente, foi adotada Declaração Conjunta sobre o combate à mudança do clima e foi decidido criar-se, no âmbito da Cosban, Subcomissão específica sobre a matéria.