CHINA EM FOCO

Petrobras está de volta à China, segunda economia do mundo

Presidente da estatal de energia, Jean Paul Prates, lidera missão estratégica a Pequim e Xangai e firma acordos com bancos de desenvolvimento e empresas do setor energético chinesas

Créditos: CNPOC - Petrobras e CNPOC firmam acordo de parceria.
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A Petrobras tem se reaproximado da China. Uma comitiva de executivos liderada pelo presidente da estatal brasileira de energia, Jean Paul Prates, esteve no país asiático para encontros estratégicos com representantes de bancos de desenvolvimento e empresas do setor energético em Pequim e em Xangai.

Desde 2019, quando o escritório da estatal brasileira de energia sediado na China foi fechado durante o governo Bolsonaro, a empresa se distanciou da segunda maior economia do mundo.

Com a missão liderada por Prates, acompanhado do diretor de transição energética, Maurício Tolmasquim, e do diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Sergio Caetano Leite, entre os dias 25 de agosto e 1º de setembro, a Petrobras deu início ao processo de reaproximação com o mercado chinês.

O diretor Joelson Mendes (Exploração & Produção) também integrou a missão estratégica da Petrobras ao país asiático. A delegação contou ainda com a participação do embaixador do Brasil em Pequim, Marcos Galvão.

A missão realizou um total de 17 reuniões e vistas técnicas a importantes empresas e instituições chinesas.

Parceria estratégica

A Petrobras agora avalia a possibilidade de estabelecer uma subsidiária na China para fortalecer ainda mais seus laços com o país,  informa a Reuters.

Pelas redes sociais, o presidente da empresa destacou a China como um parceiro estratégico na expansão da presença global da estatal.

Vemos a China como um parceiro fundamental na estratégia da Petrobras para expandir sua presença global. O mercado chinês é uma prioridade nesse processo, e estamos em busca de oportunidades e parcerias com empresas chinesas e de outros países.

Acordos firmados

Petrobras (Divulgação) - Petrobras firma acordo com a Sinopec

Durante a missão estratégica à China, a Petrobras assinou seis acordos. Foram firmados quatro memorandos de entendimento com a Sinopec, China Energy, CNOOC e CITIC Construction, principais empresas petróleo e energia locais, além de dois acordos com o Bank of China e o China Development Bank (CDB). 

Os acordos e memorandos firmados na China visam prospectar negócios conjuntos nos segmentos de exploração e produção, transição energética, refino, petroquímica, energia renovável, hidrogênio, amônia e captura de carbono. As iniciativas são direcionadas a projetos de parcerias no Brasil, China e em outras regiões, como Bolívia e Suriname.

As parcerias firmadas com as empresas chinesas buscam apoio para concretizar a intenção de ampliar os investimentos, especialmente em fontes de energia renovável e na transição energética, áreas nas quais a empresa planeja aumentar sua participação.

Os acordos com o CDB e o Bank of China visam avaliar oportunidades de investimento e cooperação em iniciativas de baixo carbono e finanças sustentáveis. Também têm o propósito de melhorar a capacidade de financiamento de fornecedores da Petrobras e promover o comércio com empresas chinesas.

Já os memorandos assinados com a China Energy, Sinopec, CNOOC e Citic Construction têm como objetivo explorar oportunidades de negócios conjuntos em diversas áreas, incluindo exploração e produção de petróleo e gás, transição energética, refino, petroquímica, hidrogênio, fertilizantes, amônia e captura de carbono.

Banco dos Brics

Petrobras (Divulgação) - Executivos da Petrobras participam de reunião no Banco dos Brics

A missão estratégica também incluiu uma reunião entre representantes da Petrobras e o New Development Bank (NDB), o Banco dos Brics, com sede em Xangai, presidido pela ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, para discutir iniciativas nos setores de biorrefino, biocombustíveis, hidrogênio verde e geração de energia eólica e solar.

O presidente Jean Paul fez uma longa explanação sobre os novos projetos da companhia e a estratégia em relação aos planos de transição energética.

A Petrobras e o NDB mantiveram relações comerciais até há pouco tempo. Em 2018, a companhia contratou uma linha de crédito junto ao NDB de US$ 200 milhões. O aporte foi destinado a projetos de caráter ambiental na Reduc e Regap. O financiamento foi integralmente quitado em 2021.

Criado em 2014, o NDB financia projetos de infraestrutura e de desenvolvimento. O banco tem como acionistas o Brasil, Rússia, Índia, África do Sul, Bangladesh, Egito e Emirados Árabes.

Prates ressaltou a reabertura do diálogo com o Banco dos Brics. 

Nossa reunião com o NDB foi extremamente relevante. Reabrimos diálogo com a instituição para o financiamento de projetos da companhia, sobretudo na área da transição energética.

O presidente da estatal de energia também registrou a reunião pelas redes sociais. 

O encontro contou com a participação dos assessores do NDB Aguinaldo Barbieri, Marco Túlio Mendonça e Alessandro Teixeira, além do cônsul adjunto do Brasil em Xangai, José Roberto de Andrade.

A reunião com o Banco dos Brics encerrou a lista de ações realizadas pelo presidente Jean Paul Prates durante a missão estratégica da Petrobras à China.

Parceria em Energias Renováveis

A China liderou os investimentos globais em energia limpa em 2022, totalizando US$ 546 bilhões, de acordo com dados da BloombergNEF.

Com esses substanciais investimentos, a China tem desempenhado um papel fundamental na expansão das fontes de energia alternativa. Recentemente, inaugurou a maior turbina eólica offshore do mundo e o maior projeto global de conversão de energia solar em hidrogênio.

Além disso, a China é um importante fornecedor de equipamentos para projetos de energia eólica e solar em todo o mundo, além de uma significativa fonte de financiamento para essas iniciativas.

De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os investimentos diretos estrangeiros de empresas chinesas em energias renováveis na América Latina e no Caribe triplicaram desde o final de 2018, passando de US$ 960 milhões para US$ 3,8 bilhões no final de 2022.

Novos negócios

Além das novas áreas em que a Petrobras planeja atuar na transição energética, a China desempenha um papel significativo nos negócios atuais da empresa.

A China é o segundo maior consumidor de petróleo do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo a Agência Internacional de Energia, 70% do crescimento previsto na demanda por petróleo em 2023 virá da China.

Há anos, a China tem sido o principal destino das exportações de petróleo bruto da Petrobras. Em 2019, o país asiático absorveu 71% do total vendido pela estatal ao exterior.

No segundo trimestre de 2023, a China representou 28% de todas as vendas da Petrobras para o exterior, superando toda a Europa, que representou 20%, e toda a América Latina, com 26%. No primeiro trimestre deste ano, a fatia das exportações da Petrobras destinada à China chegou a 42%.

China no Pré-Sal

Empresas chinesas também têm participação direta na produção de petróleo e gás no Brasil. A CNOOC e a CNODC, por exemplo, têm participação no campo de Búzios, localizado no pré-sal da Bacia de Santos e operado pela Petrobras. Este campo, que é o segundo maior produtor de petróleo e gás do país, impulsionou a produção global da CNOOC, que atingiu um recorde no primeiro semestre.

A CNOOC detém uma participação de 7,34% em Búzios, incluindo os volumes dos excedentes da cessão onerosa, enquanto a CNODC possui 3,67%. Além disso, a CNOOC tem uma participação de 10% no consórcio da área de Libra, que abriga o campo de Mero, na Bacia de Santos, assim como a CNPC, outra empresa chinesa.

No total, de acordo com a ANP, em julho, a CNOOC teve uma produção de 69,9 mil barris/dia de petróleo e 3,47 milhões de m³/dia de gás natural no Brasil, enquanto a CNODC produziu 46,2 mil barris/dia de petróleo e 2,46 milhões de m³/dia de gás natural.

Outra empresa chinesa com presença na produção de petróleo no Brasil é a Sinochem, que detém 40% de participação no campo de Peregrino, localizado na Bacia de Campos e operado pela Equinor. A Sinochem produziu 38,7 mil barris/dia de petróleo e 98,5 mil m³/dia de gás natural no Brasil em julho.

Com informações da Agência Petrobras e epbr