CHINA EM FOCO

Guerra dos Chips: Lucro de empresa chinesa cresce em meio à disputa entre China e EUA

Gigante do setor de semicondutores lucra com aumento da procura no mercado interno em resposta aos controles de exportação impostos por Washington

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  • Com sede em Xangai, a empresa chinesa AMEC viu seu lucro líquido subir 114% em relação ao ano anterior, chegando a 670 milhões de reais (1 bilhão de yuan)
     
  • A AMEC também passou por uma reestruturação de pessoal-chave após as regras de exportação dos EUA em outubro

A gigante chinesa de equipamentos de gravação, Advanced Micro-Fabrication Equipment (AMEC), reportou um crescimento substancial nos lucros e na receita no primeiro semestre de 2023, graças à forte demanda por ferramentas locais, como resultado dos controles de exportação de tecnologia dos EUA, disse o fundador e CEO da empresa, Gerald Yin Zhiyao, nesta sexta-feira (25).

Com sede em Xangai, o lucro líquido da AMEC subiu 114% em relação ao ano anterior, atingindo 1 bilhão de yuan (US$137 milhões), enquanto a receita aumentou 28% para 2,53 bilhões de yuan, de acordo com seu comunicado de resultados.

Durante uma teleconferência com analistas nesta sexta-feira, Yin afirmou que os clientes chineses aceleraram a adoção dos equipamentos de gravação da AMEC desde outubro passado, quando os EUA intensificaram os controles de exportação com o objetivo de cortar o acesso de fundições baseadas na China a ferramentas avançadas dos EUA.

Yin afirmou que a participação de mercado da AMEC no mercado de equipamentos de gravação de plasma capacitivamente acoplado (CCP) da China deverá atingir 60% em um futuro próximo, em comparação com os 24% de outubro passado.

No mercado de ferramentas de plasma acoplado indutivamente (ICP), Yin disse que sua participação poderia chegar a 75%, partindo praticamente do zero, depois que a dominante Lam Research dos EUA viu sua participação diminuir drasticamente.

CCP e ICP são os dois principais tipos de equipamentos de gravação da AMEC, e juntos representaram cerca de 68% da receita total da empresa no primeiro semestre.

Yin afirmou que os resultados positivos foram alcançados à medida que o mercado chinês de equipamentos para chips encolheu 33% em relação ao ano anterior no primeiro semestre, mais profundamente do que a queda de 23% no mercado global de ferramentas para chips, em meio às dificuldades enfrentadas pela indústria de eletrônicos de consumo.

Regras letais

Um veterano do Vale do Silício e chefe da segunda maior empresa de equipamentos para chips da China, Yin descreveu as regras de outubro dos EUA sobre exportações de chips para a China como as "mais letais" desde o início da guerra tecnológica entre EUA e China em 2019. Ele disse que as medidas expõem a intenção dos EUA de colocar as tecnologias de fabricação de chips da China pelo menos cinco gerações atrás da vanguarda global.

À medida que a China intensifica sua busca pela auto-suficiência em semicondutores para incluir equipamentos de fabricação de chips e componentes-chave, Yin afirmou que 80% das partes restritas e importadas da AMEC podem ser substituídas internamente até o final deste ano, com 100% de substituição prevista para o segundo semestre do próximo ano.

"Temos um roteiro detalhado para a substituição doméstica de peças-chave", disse Yin na chamada, acrescentando que o uso de peças produzidas domesticamente para os equipamentos poderia abrir ainda mais o mercado chinês para a AMEC.

A AMEC também passou por uma reorganização de pessoal-chave na sequência das regras de outubro dos EUA, que proibiram cidadãos e titulares de green card dos EUA de prestarem serviços a fundições baseadas na China. Esta é a primeira vez que uma empresa chinesa de chips revelou publicamente detalhes de mudanças em sua equipe sênior como resultado de sanções dos EUA.

De acordo com seu comunicado desta sexta-feira, a AMEC excluiu Steve Sze-Yee Mak, Steven Tianxiao Lee e Du Zhiyou, três executivos seniores com cidadania dos EUA, de seu conselho de pessoal de tecnologia chave, que originalmente tinha seis membros. Todos os três não "participarão mais do desenvolvimento de tecnologias-chave", mas ainda mantêm posições na AMEC, segundo o comunicado.

A AMEC também nomeou seis novos parceiros - Cong Hai, Tao Heng, Jiang Yong, Chen Huanglian, Liu Zhiqiang e He Wei - para o conselho de pessoal de tecnologia chave. Cong, um ex-especialista em gravação da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company, e Tao foram nomeados também como vice-gerentes gerais, de acordo com um comunicado separado da AMEC nesta sexta-feira.

Com informações do SCMP