CHINA EM FOCO

Mudanças climáticas: John Kerry chega a Pequim para negociações bilaterais

Enviado Presidencial Especial dos Estados Unidos para o Clima cumprirá agenda de quatro dias na capital chinesa para tratar da cooperação sino-estadunidense na pauta climática e da COP28

Créditos: Getty Images - John Kerry chega a Pequim para negociações sobre mudanças climáticas
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O Enviado Presidencial Especial dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry, chegou a Pequim neste domingo (16), para negociações bilaterais de quatro dias sobre a cooperação entre os dois países em relação às mudanças climáticas.

A viagem de Kerry ocorre após a visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, no mês passado, e uma semana após a saída da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen.

Dado o tamanho de suas economias, a cooperação entre os Estados Unidos e a China é considerada vital para os esforços internacionais de evitar os piores impactos das mudanças climáticas. Durante sua estadia em Pequim, Yellen enfatizou que ambos os países precisam trabalhar em estreita colaboração nessa questão.

A visita de Kerry também ocorre em um momento em que ondas de calor estão varrendo o Hemisfério Norte, que os cientistas associam às mudanças climáticas. No início de julho, foi registrada a temperatura global mais alta já registrada, e um El Niño iminente provavelmente manterá a pressão ascendente sobre as temperaturas globais, alertou a Organização Meteorológica Mundial na semana passada.

De acordo com a Reuters, as conversas de Kerry com seu homólogo chinês, Xie Zhenhua, terão como foco questões como a redução das emissões de metano, limitação do uso de carvão, contenção do desmatamento e auxílio aos países pobres no enfrentamento das mudanças climáticas.

No comunicado que anunciava a viagem, o Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou que Kerry tem como objetivo engajar-se com a China no enfrentamento da crise climática, incluindo o aumento da implementação e ambição, além de promover uma COP28 bem-sucedida.

Preparativos para a COP28

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas da COP28 será realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (EAU). Será a primeira avaliação formal do progresso dos países em relação à meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius (34,7 graus Fahrenheit).

A chamada de "avaliação global", apresentará o progresso que os países têm feito em relação aos compromissos de redução de emissões, conhecidos como contribuições nacionalmente determinadas (NDCs, da sigla em inglês), feitas em Paris. De acordo com o The Guardian, a avaliação certamente constatará que o mundo está muito distante de alcançar as metas de Paris. Devido a essa perspectiva, todos os países são obrigados a apresentar suas NDCs atualizadas em setembro, que sejam suficientemente ambiciosas para atingir a meta de 1,5 grau.

Promover a COP28 e demonstrar a liderança dos Estados Unidos nas questões climáticas globais será uma das prioridades da agenda de Kerry, conforme afirmou Kevin Mo, diretor do Instituto de Progresso para a Descarbonização Global, uma plataforma de consultoria sediada em Pequim, ao Yicai, um grupo de mídia sediado em Xangai.

Os especialistas também apontaram áreas potenciais de cooperação em questões como a redução do metano, um potente gás de efeito estufa.

Expectativas positivas

"Em primeiro lugar, é muito importante que isso esteja acontecendo", disse Joanna Lewis, especialista em políticas climáticas chinesas da Universidade de Georgetown. "Acredito que é importante que algum tipo de agenda positiva surja dessa reunião, mesmo que seja apenas um acordo para continuar se encontrando", afirmou durante um webinar sobre cooperação climática entre os Estados Unidos e a China na terça-feira.

A visita também ocorre cerca de 11 meses após as negociações climáticas entre a China e os Estados Unidos terem sido interrompidas após a controversa visita de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a Taiwan.

Em um comentário, a Agência Xinhua afirmou que as frequentes interações de alto nível são os últimos passos em direção a uma détente entre a China e os Estados Unidos. Instou os dois países a gerenciarem adequadamente suas diferenças e permanecerem inabaláveis por distrações, a fim de criar condições favoráveis para estabilizar suas relações.