CHINA EM FOCO

Davos de Verão debate perspectivas da inteligência artificial

Tecnologias como ChatGPT são temas discutidos durante a 14ª Reunião Anual dos Novos Campeões, evento do Fórum Econômico Mundial realizado na cidade chinesa de Tianjin

Créditos: CFP - Davos de Verão, em Tianjin, na China, debate perspectivas para a IA
Escrito en GLOBAL el

Nos últimos meses, o ChatGPT tem causado sensação em todo o mundo, e uma nova onda de revolução tecnológica em inteligência artificial (IA) tem ganhado destaque.

Tecnologias inovadoras, como a IA generativa, têm mudado o cenário da indústria e da regulamentação, e os governos estão sob pressão para rever suas estratégias e capacidades iniciais de IA nacional.

Durante a 14ª Reunião Anual dos Novos Campeões, evento do Fórum Econômico Mundial conhecido como Davos de Verão, que começou na terça-feira (27) e segue até quinta-feira (29) na cidade de Tianjin, no norte da China, tem discutido as habilidades e estratégias necessárias para que o mundo esteja preparado para uma potencial revolução da IA.

Especialistas da indústria compartilharam perspectivas e exploraram as últimas tendências e avanços tecnológicos em IA no fórum.

No painel "Acompanhando: Prontidão para a IA em meio a uma revolução da IA", nesta quarta-feira (28), o professor da Escola de Negócios Haas, da Universidade da Califórnia em Berkeley, Olaf Groth, observou que a IA, especialmente a IA generativa, tem o potencial de impulsionar um desenvolvimento econômico muito significativo. No entanto, ele ressaltou que ainda estamos na fase teórica.

"Para torná-la realidade, segundo ele, precisamos construir um ecossistema e criar condições que nos permitam ter acesso a essa nova e revolucionária tecnologia fundamental, colocando os seres humanos no centro do desenvolvimento", pontuou Groth.

Ecossistema de IA

CFP - Davos de Verão em Tianjin, na China

No mesmo painel, Liu Jiren, presidente da Neusoft Corporation - empresa de software chinesa líder de tecnologia da informação, produtos e soluções para o mercado global - comentou sobre os desafios impostos pela IA, que tem sido amplamente utilizada no dia a dia. Ele ponderou, no entanto, que a implementação da tecnologia com segurança em setores importantes ainda está em processo.

"A IA está na moda e pode criar valor, mas se você está falando sobre como criar valor para o desenvolvimento social, como converter essas tecnologias para capacitar outras indústrias, acho que é um desafio muito grande. O desafio não é apenas a tecnologia, é mais sobre o ecossistema", disse.

No caso da transformação da saúde, por exemplo, os dados são o primeiro desafio, incluindo a privacidade dos dados, e o diagnóstico com IA deve ser 100% preciso, pelo menos em nível de um médico real, acrescentou Liu.

"O ChatGPT pode fazer qualquer coisa para entreter, mas a saúde é muito séria. Transformar um médico em forma digital é uma tarefa difícil. Porém, a tecnologia está muito mais avançada do que nosso ecossistema, que ainda não está totalmente pronto para usar a IA", ressaltou Liu.

Tecnologia vinculada à estratégia nacional

A ministra de Tecnologia da Informação e Comunicação e Inovação de Ruanda, Paula Ingabire, abordou o papel do governo na área de IA. Ela disse que o governo ruandês tem trabalhado para criar um ambiente propício ao desenvolvimento da inovação, com capital e mercado, liderando o caminho para incentivar startups e empresas de tecnologia a participarem do jogo.

A ministra ruandesa afirmou que o país tem se posicionado para ser um centro de tecnologia líder no continente africano. Ela comentou que se houver necessidade de incentivar novas inovações e tecnologias, elas serão testadas. Caso o conceito operacional seja comprovadamente bem-sucedido, será expandido para outros mercados.

"O papel do governo é estabelecer regulamentações para promover inovações. Há um mês, nosso governo implementou uma política nacional de IA para apoiar a IA na área da saúde, agricultura e serviço público. Agora estamos usando a tecnologia de drones para entregar produtos de assistência em casos de emergência. No próximo passo, o governo tornará os dados nacionais mais acessíveis para as indústrias", listou Paula.

Confiança na IA

Para Joanna Bryson, professora de ética e tecnologia na Escola de Hertie - instituição de ensino privada em Berlim (Alemanha), classificada como uma das escolas de políticas públicas mais prestigiadas do mundo - a pergunta "como fazer as pessoas confiarem na IA?" está errada.

"Devemos falar sobre as pessoas que constroem a IA e as pessoas que regulam a IA. Como podemos fazer as pessoas se sentirem seguras em relação à IA?. Os governos têm um papel importante em ajudar as pessoas a lidarem com as mudanças. Como estamos na era da informação sem transparência suficiente, os governos precisam fazer coisas que beneficiem nossa população. Com ou sem tecnologia, precisamos manter o ser humano no centro do desenvolvimento da IA", disse.

O CEO da empresa de software britânica causaLens, Darko Matovski, ecoou o ponto de vista de Joanna. Ele afirmou que 87% dos projetos de IA nunca são implementados. "As pessoas simplesmente não confiam no algoritmo".

Ele sugeriu que o público deve primeiro aprender sobre a IA e não ter medo dela. A regulamentação da IA é o caminho certo a seguir, acrescentou.

"Acredito que as pessoas confiam nos especialistas. Então, se sou um paciente, confio no meu médico mais do que confio no governo ou na regulamentação. Se sou um tomador de decisões de negócios, posso confiar no meu especialista de domínio, meu analista, para me ajudar", observou.

Matovski ponderou ainda que, para que a IA seja confiável, é necessário contar com especialistas do sistema que atualizem regularmente seu conhecimento no algoritmo. Ele acrescentou que isso não foi possível no passado, pois apenas confiávamos em dados históricos e algumas bases de dados. Segundo ele, negligenciamos completamente o intelecto dos especialistas.

"Estamos muito entusiasmados com os últimos avanços em IA, nos quais o conhecimento dos especialistas é incorporado ao algoritmo, e então temos o melhor do mundo, temos os melhores dados, temos o melhor ser humano e, assim, temos confiança na IA. Porque sabemos que os médicos colocaram seu conhecimento, e os engenheiros colocaram seu conhecimento, e acredito que esse seja o segredo para confiar na inteligência artificial", afirmou.

Com informações da CGTN