Cientistas chineses iniciaram uma expedição científica à região do Monte Everest, que na China é chamado de Monte Qomolangma, na Região Autônoma do Tibete, no sudoeste do país, como parte da segunda expedição científica abrangente ao Planalto Qinghai-Tibete.
Situado na fronteira China-Nepal, o pico mais alto do mundo mede 8.848,86 metros. Subi-lo é uma empreitada imensamente desafiadora, reservada para os ousados e experientes. Os que se empenham na empreitada podem contemplar a beleza inspiradora do cenário natural circundante, contemplar a sagrada "deusa mãe", como Qomolangma é conhecida em tibetano, e testemunhar em primeira mão a coragem inabalável exibida pelos alpinistas.
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Um total de 170 cientistas encaram o desafio para realizar pesquisas sobre água, ecologia e atividades humanas. O objetivo é revelar o mecanismo de mudança ambiental e otimizar o sistema de barreiras de segurança ecológica no planalto.
Barreira de segurança ecológica
Apelidado de "o teto do mundo" e "torre de água da Ásia", o Planalto Qinghai-Tibete é uma importante barreira de segurança ecológica na China. É também um laboratório natural para a realização de pesquisas sobre a evolução da Terra e da vida, a interação entre esferas e a relação entre o homem e a natureza.
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No mês passado, a mais alta legislatura da China adotou uma lei de conservação ecológica no Planalto Qinghai-Tibete para proteger o frágil ecossistema de uma área de cerca de 2,58 milhões de quilômetros quadrados, sendo a reserva de Qomolangma uma parte importante dela.
De acordo com essa nova lei, a China incentiva e apoia a investigação e a pesquisa científica no planalto, e promove pesquisas de longo prazo para compreender o contexto ecológico do planalto e suas mudanças.
Investigações sobre mudanças climáticas
Como parte importante desta segunda expedição científica abrangente ao Planalto Qinghai-Tibete, iniciada em 2017, a expedição em andamento é de grande importância para estudar o impacto das mudanças climáticas e ambientais na região do Monte Qomolangma em outras partes do mundo.
O líder da equipe dos pesquisadores, Yao Tandong, acadêmico da Academia Chinesa de Ciências, observa que a expedição Qomolangma de 2023 continuará a se concentrar em questões científicas importantes: como o ambiente de altitude extremamente alta do Monte Qomolangma muda sob a influência do aquecimento global, como a mudança ambiental do local interage com os ventos e monções do oeste e como o ambiente afetará as mudanças da "torre de água da Ásia".
"A expedição Qomolangma alcançou a transformação de 'quero te conquistar' para 'quero te entender', conseguiu a aplicação de novas tecnologias e novos meios, e resultou em importante influência internacional", explicou.
Uma série de realizações científicas, incluindo "a sinergia e influência dos ventos e monções do oeste", "a resposta fisiológica especial do corpo humano na região do Monte Qomolangma" e "o processo ecológico do esverdeamento da região do Monte Qomolangma" foi alcançada até agora durante a segunda expedição.
Duas bases
Existem dois acampamentos-base na Reserva Natural Nacional de Qomolangma, um para alpinistas e outro para turistas.
O acampamento base turístico, situado a cerca de cinco mil metros acima do nível do mar, é uma zona de alojamento composta por dezenas de tendas pretas. As tendas são geralmente montadas pela população local em abril e desmontadas em outubro. É o local mais distante que os turistas podem alcançar na reserva.
O acampamento base turístico oferece um ponto de vista incomparável para capturar imagens de tirar o fôlego do Monte Qomolangma. Os turistas podem passar a noite nas tendas pretas e observar as estrelas.
A cerca de 3 km do acampamento base turística encontra-se o acampamento base de montanhismo, onde é proibida a entrada sem autorização. Empoleirado a uma altitude de cerca de 5.200 metros, o acampamento encontra-se estrategicamente posicionado em um terreno plano relevante, aninhado no abraço protegido de um declive suave.
Espalhadas por uma extensão semelhante a meio campo de futebol, dezenas de tendas de tamanhos e cores variadas pontilham a paisagem, sendo que a maior delas servem de local para reuniões, coletivas de imprensa e outras atividades relacionadas à expedição científica.
Uma das grandes tendas serve como ginásio e centro recreativo. Os montanhistas podem participar de várias atividades, como andar de bicicleta ou participar de jogos. Esta tenda multifuncional também abriga um café e proporciona um espaço para os alpinistas relaxarem e reabastecerem, enquanto as tendas menores são usadas por guias, montanhistas e membros da expedição para descansar.
Infraestrutura
O acampamento base conta com cobertura da rede 5G, eletricidade e aquecimento. Além de suprimento de oxigênio suficiente, também existem cubos de oxigênio para pessoas com enjoo grave nas montanhas.
Todas as instalações do acampamento base são temporárias e serão desmontadas quando a temporada de escalada terminar em junho. Isso é feito para proteger o meio ambiente na área.
Com relação ao descarte de resíduos provenientes de regiões mais altas, há um sistema eficaz em vigor. Os guias locais são pagos com base no peso dos destroços de montanhismo que trazem, contendo itens como cordas usadas, barracas, tanques de gás, cilindros de oxigênio e baterias. Esses resíduos são, então, transportados para o acampamento base para triagem meticulosa e descarte adequado.
Memoriais
Um modesto cemitério repousa a cerca de 200 metros a oeste, marcado por aglomerados de rochas grandes e pequenas. Essas formações servem como memoriais pungentes e prestam homenagem aos corajosos alpinistas que tragicamente perderam as vidas. Entre os países representados neste lugar solene de lembrança estão China, Japão, Índia, Rússia, Austrália, República da Coreia e muitos outros.
Esses túmulos vazios simbólicos falam de deslizamentos traiçoeiros e avalanches aterrorizantes. As vítimas permanecem para sempre no gelo e na neve.
Com informações da Xinhua