Embora seja a segunda economia do mundo, com PIB de US$ 11,2 trilhões em 2022, a China não faz parte do Grupo dos Sete nem foi convidada para participar da cúpula realizada em Hiroshima, no Japão, neste sábado (20) e domingo (21).
Mesmo ausente, a China foi um dos principais assuntos do encontro. No sábado (20), o Ministério das Relações Exteriores chinês rebateu as críticas feitas ao país em comunicados divulgados pela Cúpula de Hiroshima do G7.
Te podría interesar
Documentos adotados no encontro contêm comentários que enfatizam questões relacionadas à China, incluindo a situação no Estreito de Taiwan e acusações em relação ao Mar da China Oriental, Mar da China Meridional, Hong Kong, Xinjiang, Tibete.
No comunicado final emitido na Cúpula de Hiroshima, o G7 também levantou uma série de preocupações sobre as atividades econômicas e militares da China. Mas também procurou manter a porta aberta para a cooperação e evitar mais tensões inflamadas entre a segunda maior economia do mundo e o agrupamento das principais potências ocidentais.
Te podría interesar
"Estamos preparados para construir relações construtivas e estáveis com a China, reconhecendo a importância de nos envolvermos abertamente e expressarmos nossas preocupações diretamente à China", diz o documento.
"Nossas abordagens políticas não são projetadas para prejudicar a China nem procuramos impedir o progresso e o desenvolvimento econômico da China", continuou o comunicado, acrescentando que os países do G7 não estão "se separando ou se voltando para dentro".
Repressão ao desenvolvimento de outros países
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da China emitiu comunicado sobre o assunto durante coletiva de imprensa na noite deste sábado.
"O G7 faz declarações pomposas sobre 'promover um mundo pacífico, estável e próspero', mas o que ele faz é obstruir a paz internacional, minar a estabilidade regional e reprimir o desenvolvimento de outros países", observou o comunicado.
"Isso simplesmente mostra o quão pouco a credibilidade internacional significa para o G7. Apesar das sérias preocupações da China, o G7 usou questões relacionadas à China para difamá-la, atacá-la e interferir ousadamente em seus assuntos internos. A China deplora veementemente e se opõe firmemente a isso, e já fez sérias gestões ao anfitrião do evento, o Japão, e a outras partes envolvidas", prossegue a nota.
Questão de Taiwan
A diplomacia chinesa reforçou que Taiwan é parte da China e ressaltou se tratar de um assunto para os chineses e que deve ser resolvido pelos chineses. O comunicado destacou que o princípio de Uma Só China é o alicerce sólido para a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan.
"O G7 enfatiza a paz no Estreito de Taiwan, mas não menciona a necessidade de se opor à 'independência de Taiwan'", afirma o comunicado.
Na prática, prossegue o porta-voz, esse posicionamento do G7 constitui conivência e apoio às forças separatistas e só terá um impacto sério na paz e na estabilidade do Estreito de Taiwan.
"Ninguém deve subestimar a determinação, a resolução e a capacidade do povo chinês em defender a soberania e a integridade territorial da China", assinala o porta-voz da diplomacia chinesa.
Hong Kong, Xinjiang e Tibete
Os assuntos relacionados a Hong Kong, Xinjiang e Tibete também são puramente assuntos internos da China, destacou o comunicado.
"A China se opõe firmemente à interferência de qualquer força externa nesses assuntos sob o pretexto de direitos humanos. O G7 precisa parar de apontar o dedo para a China em relação a Hong Kong, Xinjiang e Tibete e analisar seriamente sua própria história e registro de direitos humanos", ressalta o porta-voz.
Mar da China Oriental e o Mar da China Meridional
A China é uma defensora firme e contribuinte para a ordem internacional baseada no direito marítimo. O Mar da China Oriental e o Mar da China Meridional têm se mantido globalmente estáveis, pontua o comunicado da chancelaria chinesa.
"Os países relevantes precisam respeitar os esforços dos países da região em manter a paz e a estabilidade e parar de usar questões marítimas para criar divisões entre os países da região e incitar confrontos entre blocos", destaca o comunicado.
Coerção econômica dos EUA
Em relação às acusações de que a China pratica "coerção econômica", o porta-voz do ministério observou que as massivas sanções unilaterais e atos de desacoplamento e interrupção de cadeias industriais e de suprimentos fazem dos Estados Unidos e não da China o verdadeiro coator que politiza e arma as relações econômicas e comerciais. "Instamos o G7 a não se tornar cúmplice da coerção econômica", pontua o comunicado.
Armas nucleares
O comunicado destaca que a China está firmemente comprometida com uma estratégia nuclear defensiva.
"Temos cumprido nossa promessa de 'não utilização em primeiro lugar' de armas nucleares e sempre mantido nossas capacidades nucleares no mínimo necessário para a segurança nacional. A China é o único entre os cinco Estados nucleares a ter feito essas promessas. A posição da China é transparente e não deve ser distorcida", ressalta o porta-voz.
Tendência dos tempos
"Quero deixar claro que os dias em que alguns países ocidentais podiam simplesmente interferir arbitrariamente nos assuntos internos de outros países e manipular os assuntos globais acabaram. Instamos os membros do G7 a acompanharem a tendência dos tempos, concentrarem-se em resolver os diversos problemas que têm em seus próprios países, pararem de formar blocos exclusivos, de conter e ameaçar outros países, de criar e estimular confrontos entre blocos, e retornarem ao caminho certo do diálogo e cooperação", finaliza o comunicado.
As embaixadas da China no Japão, no Reino Unido e no Canadá também expressaram forte oposição aos comentários do G7 sobre a potência asiática e instaram o grupo a refletir sobre si mesmo e parar de criar confrontos e divisões.
China fora do G7
O encontro anual do G7 inclui as sete democracias mais ricas do mundo - Japão, Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Canadá e Itália. A União Europeia, embora não seja membro oficial do G7, também envia representantes.
A Cúpula de Hiroshima ampliou a mesa para acomodar Austrália, Índia, Brasil, Coreia do Sul, Vietnã, Indonésia, Comores (representando a União Africana) e as Ilhas Cook (representando o Fórum das Ilhas do Pacífico).
China e Rússia não foram convidados, embora grande parte da conversa durante o encontro tenha sido centrada nesses dois países.