CHINA EM FOCO

China celebra 130 anos do nascimento de Mao Tsé-Tung

O pensamento do líder revolucionário e fundador da República Popular continua a influenciar a política e a sociedade chinesas

Créditos: Flickr - China celebra 130 do nascimento de Mao Zedong, o líder revolucionário do país
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O Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) realizou, na manhã desta terça-feira (26), um simpósio no Grande Salão do Povo, em Pequim, para celebrar o 130º aniversário de nascimento do líder Mao Zedong, mais conhecido no Brasil como Mao Tsé-Tung.

O presidente chinês, Xi Jinping, proferiu um discurso no qual enfatizou a importância de dar continuidade ao legado e às realizações de Mao. Ele convocou esforços conjuntos para transformar a China em uma nação mais robusta e rejuvenescida, dando prosseguimento ao processo de modernização do país.

Xi destacou o Pensamento de Mao Zedong como um patrimônio espiritual valioso para o PCCh e ressaltou que o líder revolucionário continuará a guiar as ações do partido a longo prazo. Segundo Xi, a melhor forma de homenagear Mao Zedong é continuar a promover e a desenvolver a causa iniciada por ele.

Xi resgata Mao

Mao Zedong permanece uma figura emblemática na China contemporânea, onde é tanto celebrado por suas realizações quanto criticado por seus erros. Seu pensamento e sua abordagem à governança continuam a influenciar a política e a sociedade chinesas.

Durante décadas, a figura e o pensamento de Mao foram ofuscados, especialmente após sua morte em 1976. Durante a era da Reforma e Abertura, a China abraçou aspectos do capitalismo ocidental, e personalidades como David Rockefeller e Bill Gates eram exaltados nas escolas, enquanto a imagem de Mao era relegada a um papel secundário.

Desde a ascensão de Xi Jinping à presidência em 2013, a China tem experimentado uma renovação do legado de Mao. Sob a liderança de Xi, a nação continuou seu desenvolvimento econômico e tecnológico acelerado, além de implementar uma forte campanha anticorrupção e esforços para erradicar a pobreza extrema e combater a crise ambiental, fortalecendo a legitimidade do PCCh.

Com a retomada da "cultura vermelha", o carisma e os ensinamentos de Mao têm sido reintegrados à vida cotidiana dos chineses, com uma proliferação de produções culturais centradas na história revolucionária e valores socialistas.

Nos últimos anos, o aumento das tensões geopolíticas e as agressões dos EUA e seus aliados reacenderam debates sobre imperialismo na China. Isso fortaleceu os setores patrióticos e de esquerda no PCCh, com Xi sendo a figura mais proeminente desses grupos.

As obras de Mao sobre o imperialismo, especialmente seu livro "Sobre a Guerra Prolongada", voltaram a ser best-sellers e leitura obrigatória nas escolas do PCCh.

Reprodução Ed. Nova Cultura

A juventude chinesa, em particular, tem redescoberto as lições de Mao sobre a luta de classes, com o "Livro vermelho" de Mao, que reemergiu como um best-seller após um comentário de um executivo da Tencent sobre os jovens dormirem demais.

Reprodução The China Project

Em uma enquete de 2022 no site Zhihu, Mao foi escolhido por 95% dos participantes como a maior figura da história moderna chinesa, um resultado impensável há uma década.

Diante das crescentes tensões geopolíticas e do papel emergente da China na formação de uma alternativa global ao Ocidente, os ensinamentos de Mao são cada vez mais relevantes para a nação e para os países do Sul Global.

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Quem foi Mao Zedong

Mao Zedong, também conhecido como Mao Tse-Tung, foi um líder político, teórico e revolucionário chinês, nascido em 26 de dezembro de 1893, em Shaoshan, na província de Hunan, China, em uma família de camponeses.

Ele é mais conhecido por ser o fundador da República Popular da China e o líder do Partido Comunista Chinês (PCCh) até sua morte em 1976. Suas contribuições e seu legado são multifacetados e continuam a ser objeto de debate e análise e incluem:

  • Revolução Chinesa: Mao foi uma figura central na luta contra o governo nacionalista do Kuomintang (KMT), liderado por Chiang Kai-shek. Após um longo período de guerra civil, Mao e o PCCh emergiram vitoriosos em 1949, estabelecendo a República Popular da China.
     
  • Teoria Marxista-Leninista: Mao adaptou as ideias marxistas-leninistas às condições chinesas. Ele focou em particular na importância do campesinato para a revolução, uma ideia que diferia das noções marxistas clássicas que enfatizavam o papel do proletariado urbano.
     
  • Grande Salto Adiante: Entre 1958 e 1961, Mao lançou o "Grande Salto Adiante", uma campanha para transformar a China de uma economia agrária em uma sociedade socialista industrializada. O período marcou uma fase de intensa transformação no país asiático com a implementação de grandes projetos de irrigação e aumento notável na produção agrícola. Houve ainda significativos desafios nutricionais e uma grave crise alimentar nas áreas rurais, principalmente devido à falta de grãos. Essa situação foi causada por uma combinação de condições climáticas desfavoráveis e falhas administrativas. Embora haja debates sobre a magnitude da fome e o número de vítimas, é evidente que as políticas implementadas durante o Grande Salto Adiante contribuíram para as dificuldades enfrentadas.
     
  • Revolução Cultural: De 1966 a 1976, Mao iniciou a Revolução Cultural, iniciada tanto para combater a corrupção no PCCh quanto para empoderar os camponeses para participarem da política local. A autoridade dos líderes locais foi reduzida, e o governo local ganhou mais legitimidade perante o povo em comparação ao período do Grande Salto Adiante. Durante esse período, o governo em todos os níveis – desde o central até o da comuna – focou na agricultura e nos problemas rurais. Muitos camponeses foram escolhidos para cargos governamentais em vários níveis, oficiais foram encorajados a trabalhar com os camponeses, e a população urbana foi incentivada a apoiar os rurais. Além disso, cerca de 17 milhões de jovens urbanos foram enviados para viver e trabalhar nas zonas rurais, reforçando a percepção dos camponeses de que o governo se preocupava com eles.
     
  • Relações Exteriores: Mao também foi instrumental na redefinição das relações da China com o resto do mundo, incluindo a aliança inicial com a União Soviética e a subsequente ruptura sino-soviética, bem como o estabelecimento de relações com os Estados Unidos na década de 1970.