O Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) realizou, na manhã desta terça-feira (26), um simpósio no Grande Salão do Povo, em Pequim, para celebrar o 130º aniversário de nascimento do líder Mao Zedong, mais conhecido no Brasil como Mao Tsé-Tung.
O presidente chinês, Xi Jinping, proferiu um discurso no qual enfatizou a importância de dar continuidade ao legado e às realizações de Mao. Ele convocou esforços conjuntos para transformar a China em uma nação mais robusta e rejuvenescida, dando prosseguimento ao processo de modernização do país.
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Xi destacou o Pensamento de Mao Zedong como um patrimônio espiritual valioso para o PCCh e ressaltou que o líder revolucionário continuará a guiar as ações do partido a longo prazo. Segundo Xi, a melhor forma de homenagear Mao Zedong é continuar a promover e a desenvolver a causa iniciada por ele.
Xi resgata Mao
Mao Zedong permanece uma figura emblemática na China contemporânea, onde é tanto celebrado por suas realizações quanto criticado por seus erros. Seu pensamento e sua abordagem à governança continuam a influenciar a política e a sociedade chinesas.
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Durante décadas, a figura e o pensamento de Mao foram ofuscados, especialmente após sua morte em 1976. Durante a era da Reforma e Abertura, a China abraçou aspectos do capitalismo ocidental, e personalidades como David Rockefeller e Bill Gates eram exaltados nas escolas, enquanto a imagem de Mao era relegada a um papel secundário.
Desde a ascensão de Xi Jinping à presidência em 2013, a China tem experimentado uma renovação do legado de Mao. Sob a liderança de Xi, a nação continuou seu desenvolvimento econômico e tecnológico acelerado, além de implementar uma forte campanha anticorrupção e esforços para erradicar a pobreza extrema e combater a crise ambiental, fortalecendo a legitimidade do PCCh.
Com a retomada da "cultura vermelha", o carisma e os ensinamentos de Mao têm sido reintegrados à vida cotidiana dos chineses, com uma proliferação de produções culturais centradas na história revolucionária e valores socialistas.
Nos últimos anos, o aumento das tensões geopolíticas e as agressões dos EUA e seus aliados reacenderam debates sobre imperialismo na China. Isso fortaleceu os setores patrióticos e de esquerda no PCCh, com Xi sendo a figura mais proeminente desses grupos.
As obras de Mao sobre o imperialismo, especialmente seu livro "Sobre a Guerra Prolongada", voltaram a ser best-sellers e leitura obrigatória nas escolas do PCCh.
A juventude chinesa, em particular, tem redescoberto as lições de Mao sobre a luta de classes, com o "Livro vermelho" de Mao, que reemergiu como um best-seller após um comentário de um executivo da Tencent sobre os jovens dormirem demais.
Em uma enquete de 2022 no site Zhihu, Mao foi escolhido por 95% dos participantes como a maior figura da história moderna chinesa, um resultado impensável há uma década.
Diante das crescentes tensões geopolíticas e do papel emergente da China na formação de uma alternativa global ao Ocidente, os ensinamentos de Mao são cada vez mais relevantes para a nação e para os países do Sul Global.
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Quem foi Mao Zedong
Mao Zedong, também conhecido como Mao Tse-Tung, foi um líder político, teórico e revolucionário chinês, nascido em 26 de dezembro de 1893, em Shaoshan, na província de Hunan, China, em uma família de camponeses.
Ele é mais conhecido por ser o fundador da República Popular da China e o líder do Partido Comunista Chinês (PCCh) até sua morte em 1976. Suas contribuições e seu legado são multifacetados e continuam a ser objeto de debate e análise e incluem:
- Revolução Chinesa: Mao foi uma figura central na luta contra o governo nacionalista do Kuomintang (KMT), liderado por Chiang Kai-shek. Após um longo período de guerra civil, Mao e o PCCh emergiram vitoriosos em 1949, estabelecendo a República Popular da China.
- Teoria Marxista-Leninista: Mao adaptou as ideias marxistas-leninistas às condições chinesas. Ele focou em particular na importância do campesinato para a revolução, uma ideia que diferia das noções marxistas clássicas que enfatizavam o papel do proletariado urbano.
- Grande Salto Adiante: Entre 1958 e 1961, Mao lançou o "Grande Salto Adiante", uma campanha para transformar a China de uma economia agrária em uma sociedade socialista industrializada. O período marcou uma fase de intensa transformação no país asiático com a implementação de grandes projetos de irrigação e aumento notável na produção agrícola. Houve ainda significativos desafios nutricionais e uma grave crise alimentar nas áreas rurais, principalmente devido à falta de grãos. Essa situação foi causada por uma combinação de condições climáticas desfavoráveis e falhas administrativas. Embora haja debates sobre a magnitude da fome e o número de vítimas, é evidente que as políticas implementadas durante o Grande Salto Adiante contribuíram para as dificuldades enfrentadas.
- Revolução Cultural: De 1966 a 1976, Mao iniciou a Revolução Cultural, iniciada tanto para combater a corrupção no PCCh quanto para empoderar os camponeses para participarem da política local. A autoridade dos líderes locais foi reduzida, e o governo local ganhou mais legitimidade perante o povo em comparação ao período do Grande Salto Adiante. Durante esse período, o governo em todos os níveis – desde o central até o da comuna – focou na agricultura e nos problemas rurais. Muitos camponeses foram escolhidos para cargos governamentais em vários níveis, oficiais foram encorajados a trabalhar com os camponeses, e a população urbana foi incentivada a apoiar os rurais. Além disso, cerca de 17 milhões de jovens urbanos foram enviados para viver e trabalhar nas zonas rurais, reforçando a percepção dos camponeses de que o governo se preocupava com eles.
- Relações Exteriores: Mao também foi instrumental na redefinição das relações da China com o resto do mundo, incluindo a aliança inicial com a União Soviética e a subsequente ruptura sino-soviética, bem como o estabelecimento de relações com os Estados Unidos na década de 1970.