CHINA EM FOCO

China faz lockdown de 51 milhões de pessoas para conter surto de Covid-19

Governo chinês determinou confinamento em Jilin, Shenzhen e Dongguan depois de surto que elevou em quatro vezes o número de novos casos da doença em uma semana

Créditos: Xinhua - Em Changchun, na província de Jilin, a luta contra a epidemia é contínua mesmo durante a queda de neve.
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A China enfrenta a pior crise de Covid-19 desde o início de 2020 e determinou o confinamento de 51 milhões de pessoas para conter o novo surto. Toda a província de Jilin, no nordeste, onde vivem 24 milhões de pessoas, e nas cidades do sul de Shenzhen e Dongguan, com 17,5 milhões e 10 milhões, respectivamente, estão em lockdown.

O gigante asiático, que adota a política "zero Covid", registrou 1.437 casos em dezenas de cidades na segunda-feira (14). Isso é um salto de quatro vezes em uma semana. O aumento de novos casos evidencia a resiliência da abordagem de não tolerância da China, mas não há sinal de que o país esteja disposto a “viver com o vírus”.

O epicentro do surto da variante Ômicron é a província de Jilin, no nordeste, onde foram registrados 895 casos, mas também há surtos e medidas de contenção em Xangai, a potência financeira, e Shenzhen, o centro de tecnologia do sul.

As autoridades anunciaram na tarde de segunda-feira (14) que todas as 24 milhões de pessoas na província de Jilin entrariam em confinamento, incluindo a cidade anteriormente fechada de Changchun. É o primeiro bloqueio provincial desde Wuhan e Hubei em janeiro de 2020.

No domingo, a China ordenou a todos os 17,5 milhões de habitantes de Shenzhen um bloqueio de sete dias, com três rodadas de testes. Todo o transporte público está parado e todos os negócios, exceto os serviços essenciais, estarão fechados até 20 de março.

Hong Kong também enfrenta sua onda mais mortal de Covid-19 até agora, impulsionada pela Ômicron, e registrou 26.908 casos e mais 286 mortes na segunda-feira. Mega instalações de isolamento estão sendo construídas na cidade para pessoas com casos leves. Uma unidade, com 3.900 leitos, foi construída em uma semana. A região também passa por rigorosas medidas de distanciamento social.

Jilin, epicentro do novo surto de Covid-19 na China, constrói hospitais de campanha

Atingida duramente pelo ressurgimento da Covid-19, a província de Jilin, no nordeste da China, corre contra o tempo para construir mais hospitais de campanha para atender pacientes do novo surto. Já foi concluída a construção de oito hospitais, com 11.488 leitos, e duas instalações temporárias de quarentena, que contam com 662 quartos de isolamento.

Na terça-feira (15), um centro de convenções transformado em hospital foi colocado em uso na capital da província, Changchun, e começou a receber o primeiro grupo de pacientes. O hospital pode fornecer mais de 1.500 leitos.

Há ainda esforços para concluir a construção de mais dois hospitais de campanha e mais cinco locais de quarentena temporária com 27.555 quartos. Esses hospitais de campanha vão tratar casos assintomáticos e pacientes com sintomas leves.

Ajustes - A China aumentou a capacidade de teste Covid-19 com aprovação de kits de autoteste rápidos. Em ajustes no plano anti-pandemia, o país também encurtou o tempo de quarentena obrigatória para pacientes recuperados, que agora só precisam de monitoramento em quarentena domiciliar de sete dias, além de fazer um teste depois de deixar o hospital. Anteriormente, uma quarentena de 14 dias em locais designados era obrigatória.

O diretor do Centro Nacional de Doenças Infecciosas da China para Controle e Prevenção de Doenças, Zhang Wenhong, pontuou na terça-feira (15) que o país pretende empregar "três armas" para combater a Covid-19: alta taxa de vacinação, medicamentos eficazes para tratar o vírus e recursos médicos abundantes para emergências.

China responsabiliza EUA e Otan pela crise na Ucrânia

A decisão do governo dos EUA sobre a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para o leste europeu está diretamente relacionada à atual crise na Ucrânia.  Essa foi a mensagem do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (17). 

Zhao afirmou que como iniciadores da crise, os EUA e a Otan devem refletir sobre o papel de cada um deles no atual conflito, assumir efetivamente a responsabilidade e tomar medidas práticas para diminuir a tensão e resolver o problema.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês também refutou as acusações do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, de que a relutância da China em condenar a "operação militar especial" da Rússia é inconsistente com a posição do país na Carta da ONU.

"Os comentários de Blinken difamando a China revelaram totalmente a mentalidade da Guerra Fria do lado estadunidense e o pensamento de confronto do bloco e não ajudarão a resolver o problema". 
Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian

Zhao rebateu o secretário de Estados dos EUA e afirmou que a China sempre defende o respeito à soberania e integridade territorial de todos os países e segue os propósitos e princípios da Carta da ONU.

Sobre a questão da Ucrânia, reiterou o porta-voz, a China sempre adotou uma atitude objetiva e justa e fez julgamentos de forma independente com base no mérito do próprio assunto.

Além disso, acrescentou Zhao, a China acredita que as preocupações de segurança de todos os países devem ser levadas a sério e apoia todos os esforços que podem levar à resolução pacífica da crise.

A China, como um país importante e responsável, continuará a desempenhar um papel construtivo na manutenção da paz e estabilidade mundiais, garantiu Zhao. Ele pediu aos EUA que trabalhem em conjunto com a maioria dos países em desenvolvimento do mundo, fiquem do lado da paz e da justiça e promovam a redução precoce da situação na Ucrânia.

China denuncia repressão dos EUA a empresas chinesas

Durante a coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (17), Zhao Lijian também pediu aos Estados Unidos que parem de restringir operações de empresas chinesas. O pedido foi feito um dia depois que a Comissão Federal de Comunicações (FCC) - órgão do governo dos EUA - revogou a autorização de duas empresas de telecomunicações chinesas para fornecer serviços de telecomunicações no país.

A Pacific Networks e sua subsidiária integral ComNet foram proibidas de atuar nos EUA, onde têm como principal negócio a venda de cartões telefônicos no varejo. A FCC já havia revogado a autorização da China Unicom de operar nos EUA em janeiro, depois de impor uma proibição semelhante à China Telecom Americas no ano passado.

De acordo com Zhao, a FCC violou as regras econômicas e comerciais internacionais ao fazer a mudança sem listar nenhum fato específico da suposta violação. A decisão prejudica os direitos e interesses legítimos dos consumidores em todo o mundo, incluindo os dos EUA.

Zhao classificou a medida de "uma generalização do conceito de segurança nacional" e "abuso do poder do Estado para suprimir de forma irracional as empresas chinesas".

A mensagem de Zhao foi reforçada pelo porta-voz do Ministério do Comércio da China, Gao Feng, em outra coletiva de imprensa também nesta quinta-feira. 

Gao afirmou que a China se opõe firmemente aos EUA que generalizam o conceito de "segurança nacional" e reprimem as empresas chinesas sem justificativa factual. 

O porta-voz instou o governo estadunidense a criar um ambiente de mercado justo e estável para empresas de todos os países. A China tomará as medidas necessárias para salvaguardar resolutamente os direitos e interesses legítimos de suas empresas, alertou.

“Tentativa de se intrometer nos assuntos de Hong Kong está fadada ao fracasso”

“Qualquer tentativa de interferir nos assuntos de Hong Kong e minar sua prosperidade e estabilidade está fadada ao fracasso.” O aviso foi dado pelo representante permanente da China no Escritório das Nações Unidas em Genebra (Suíça). 

Chen Xu fez a declaração durante uma reunião paralela da 49ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU na quarta-feira (16). O enviado chinês enfatizou que os assuntos de Hong Kong são puramente assuntos internos da China.

Desde o retorno de Hong Kong à China em 1997, o princípio de "Um país, dois sistemas", segundo o qual o povo de Hong Kong administra Hong Kong com alto grau de autonomia, foi totalmente implementado, relembrou Chen.

O representante de Pequim revisou a promulgação e implementação da Lei de Salvaguarda da Segurança Nacional na Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK) e as mudanças feitas no sistema eleitoral da RAEHK sob o princípio de "patriotas administrando Hong Kong".

A RAEHK estabeleceu uma "virada histórica" do caos para a governança e da governança para a prosperidade graças a esses movimentos, pontuou Chen. Ele acrescentou que os direitos legais do povo de Hong Kong são melhor exercidos em um ambiente mais seguro.

Chen ainda expressou confiança de que a RAEHK derrotará a Covid-19 com total apoio do governo central e do povo em toda a China.

O secretário-chefe de administração do governo da RAEHK, John Lee Ka-chiu, também participou da reunião. Ele elogiou o papel da lei de segurança nacional na restauração da ordem em Hong Kong e afirmou que as mudanças no sistema eleitoral melhoraram a qualidade e a eficiência do Conselho Legislativo de Hong Kong.

Representantes permanentes e diplomatas de mais de uma dúzia de países, incluindo Rússia, Irã, Sri Lanka, República Popular Democrática da Coreia, Cuba, Venezuela, Nicarágua, Níger, Sudão do Sul, Eritreia, Laos, Camarões, Síria e Bielorrússia, manifestaram apoio à o princípio de uma só China, reiterando que Hong Kong é uma parte inalienável da China.

Eles também expressaram apoio aos esforços legislativos da China para salvaguardar a segurança nacional e expressaram oposição à interferência externa nos assuntos de Hong Kong.