ESCÂNDALO REAL

Filho da princesa herdeira da Noruega é acusado de estupro, abuso sexual e agressão

Caso escancara lado sombrio da monarquia e relembra outros escândalos sexuais que abalaram famílias reais pelo mundo

Caso escancara lado sombrio da monarquia e relembra outros escândalos sexuais que abalaram famílias reais pelo mundo
Filho da princesa herdeira da Noruega é acusado de estupro, abuso sexual e agressão.Caso escancara lado sombrio da monarquia e relembra outros escândalos sexuais que abalaram famílias reais pelo mundoCréditos: Wikimedia
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A polícia de Oslo anunciou nesta sexta-feira (27) que Marius Borg Høiby, filho mais velho da princesa herdeira da Noruega, foi formalmente acusado por crimes que incluem estupro, abuso sexual e lesões corporais. Segundo as autoridades, o caso envolve um número de vítimas que passa de dez.

Høiby, de 28 anos, é filho da princesa Mette-Marit e enteado do príncipe herdeiro Haakon, futuro rei da Noruega. Ele vinha sendo investigado desde 2024, quando chegou a ser preso mais de uma vez sob suspeita de estupro e por acusações preliminares de violência física e danos materiais.

De acordo com o promotor Andreas Kruszewski, o investigado colaborou em todos os interrogatórios, já concluídos. A polícia reuniu provas a partir de mensagens de texto, depoimentos de testemunhas e buscas na casa de Høiby.

As denúncias incluem um caso de estupro com relação sexual, dois casos de estupro sem relação sexual, quatro acusações de abuso sexual e duas de agressão física. “Não posso detalhar mais, mas confirmo que o número de vítimas está na casa dos dois dígitos”, afirmou Kruszewski em entrevista coletiva.

A defesa, representada pelo advogado Petar Sekulic, afirmou por e-mail à agência AP que Høiby “leva as acusações muito a sério”, mas nega a maior parte das acusações, principalmente as relacionadas a violência sexual.

O Palácio Real da Noruega não se manifestou até o momento.

Atualmente, Marius Borg Høiby mora em uma casa separada, mas próxima à residência oficial da mãe, do padrasto e dos dois meios-irmãos: a princesa Ingrid Alexandra e o príncipe Sverre Magnus. Ele responde ao processo em liberdade e, conforme a lei norueguesa, é considerado inocente até decisão definitiva da Justiça.

Outros escândalos que abalaram a realeza

Príncipe Andrew (Reino Unido)

Um dos casos mais notórios dos últimos anos. O príncipe Andrew, filho da rainha Elizabeth II, foi processado em 2021 por Virginia Giuffre, que o acusou de abuso sexual quando era menor de idade — caso ligado ao milionário Jeffrey Epstein, condenado por tráfico sexual de menores.

Andrew sempre negou, mas em 2022 fechou um acordo extrajudicial milionário para encerrar o processo civil nos EUA. Como consequência, perdeu títulos militares e funções reais oficiais, além de ter sido afastado de aparições públicas da família real britânica.

Príncipe Ernst August de Hanôver (Alemanha)

Chefe da antiga Casa de Hanôver e parente distante da família real britânica, Ernst August acumula um histórico de problemas com a Justiça. Foi condenado em 2021 na Áustria por agressão a policiais e ameaças de morte. Já protagonizou brigas públicas e episódios de comportamento violento, quase sempre ligados ao consumo excessivo de álcool. Chegou a disputar na Justiça propriedades da família com o próprio filho, Ernst August Jr.

Família Real de Brunei

Menos conhecido do grande público, o caso do príncipe Jefri Bolkiah, irmão do sultão Hassanal Bolkiah, envolve denúncias de abusos sexuais e tráfico de mulheres. Nos anos 1990, Jefri ficou famoso por gastar fortunas em festas luxuosas e manter haréns particulares. Várias mulheres estrangeiras alegaram ter sido enganadas ou coagidas. O escândalo se estendeu a disputas judiciais bilionárias com o próprio irmão.

Rei Juan Carlos I (Espanha)

Embora não tenha enfrentado acusações de violência sexual, o rei emérito da Espanha protagonizou escândalos financeiros e foi investigado por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fiscal. Um dos episódios mais rumorosos envolveu a ex-amante Corinna Larsen, que o acusou de assédio, ameaças e espionagem. Juan Carlos abdicou em 2014 e hoje vive exilado nos Emirados Árabes Unidos.

Por que esses casos chocam tanto?

Casos como esses ganham grande repercussão porque famílias reais carregam o peso de representar tradição, moralidade e uma imagem pública supostamente “imaculada” — qualquer denúncia de violência ou crime quebra essa fachada e abala símbolos que muitos ainda veem como intocáveis.

Mais do que manchetes, esses escândalos expõem as contradições de instituições que se apresentam como guardiãs de valores, mas que, na prática, podem proteger comportamentos inaceitáveis em nome da manutenção do prestígio.

Além disso, esses processos frequentemente escancaram como o poder e o status podem atrasar investigações, dificultar punições e até silenciar vítimas por anos. Em muitos casos, o medo de retaliações, a força política dos acusados e a rede de proteção que cerca figuras da nobreza acabam criando um ambiente de impunidade, onde acordos discretos e manobras legais substituem a Justiça plena.

No fundo, cada escândalo real que vem à tona também revela que nenhuma coroa, por mais reluzente, está isenta de ter suas sombras expostas — e que privilégio, tradição e títulos não podem seguir blindando crimes e abusos.

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