GUERRA DA UCRÂNIA

Zelensky chama Rússia, Irã e Coreia do Norte de “coalizão de assassinos”

Declaração do presidente da Ucrânia foi feita após novo ataque aéreo russo contra Kiev e durante visita oficial ao Reino Unido

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Durante uma visita ao Reino Unido nesta segunda-feira (23), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez duras declarações ao acusar Rússia, Irã e Coreia do Norte de formarem uma “coalizão de assassinos”. A fala ocorreu horas depois de um novo ataque russo à capital ucraniana, Kiev, que matou pelo menos 10 pessoas e destruiu prédios residenciais.

Segundo Zelensky, a ofensiva envolveu 352 drones — metade deles de fabricação iraniana — e mísseis balísticos da Coreia do Norte. Ele afirmou que a maioria foi interceptada, mas parte conseguiu atingir civis.

“Todos os países vizinhos dessa coalizão precisam pensar seriamente sobre sua segurança”, alertou.

A visita ao Reino Unido teve como foco buscar apoio militar e político. Zelensky se encontrou com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e também foi recebido pelo rei Charles no Castelo de Windsor.

A Ucrânia tenta manter apoio internacional em meio à escalada do conflito, especialmente agora que os Estados Unidos, sob Donald Trump, reduziram o envio de armas e endureceram o diálogo com Kiev.

A situação evidencia a dificuldade da Ucrânia em manter apoio externo diante de um conflito que já dura quatro anos. Os ataques russos contra a capital ucraniana nesta semana reforçam o cenário de guerra em pleno andamento.

Zelensky segue pressionando por novas sanções contra a Rússia e por mais apoio internacional para garantir a sobrevivência e a defesa da Ucrânia.

O que diz a Rússia

Durante o ataque com drones e mísseis ocorrido nesta segunda, que deixou ao menos dez mortos em Kiev, o Kremlin alegou que os alvos visados eram exclusivamente militares, rebatendo as acusações de que civis foram atingidos. 

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que o sistema de defesa aérea abateu 23 drones ucranianos e que a ofensiva teve como foco instalações estratégicas, como bases aéreas e navais, de acordo com autoridades russas.

Em declarações posteriores, porta-vozes do governo de Moscou justificaram o bombardeio como uma retaliação a supostos “atos terroristas” cometidos pela Ucrânia, e classificaram a operação como parte de uma ação planejada de contenção, e não como um ataque indiscriminado.

A narrativa oficial russa sustenta que os bombardeios foram uma resposta legítima a ameaças anteriores e reafirma que os alvos foram definidos com objetivos militares, negando qualquer intenção de atingir a população civil.

Zelensky barrado na OTAN

Zelensky também planeja participar da próxima cúpula da OTAN em Haia, marcada para os dias 24 e 25 de junho, para discutir estratégias de defesa. No entanto, sua participação foi limitada a um jantar prévio ao encontro oficial.

O presidente ucraniano foi excluído da sessão principal, segundo relatos diplomáticos, para “evitar constrangimentos políticos” relacionados à presença de Donald Trump e aos impasses sobre o futuro do apoio militar à Ucrânia.

O novo secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, afirmou que, mesmo sem um assento na reunião de cúpula, a situação da Ucrânia seguirá no centro das discussões estratégicas.

Ainda assim, analistas avaliam que a prioridade dos aliados se deslocou: a meta de aumentar os gastos militares dos países-membros — com Trump exigindo que alcancem 5% do PIB — ofuscou o debate sobre novos pacotes de assistência imediata a Kiev.

Segundo fontes diplomáticas, o cenário revela um esfriamento do apoio direto dos Estados Unidos, enquanto a Europa tenta preencher esse vácuo de liderança com promessas adicionais de ajuda militar e financeira — que somam mais de €35 bilhões, conforme anúncio feito por Rutte.

No entanto, há ceticismo: diante das tensões crescentes com o Irã e da ênfase na ampliação de arsenais, teme-se que essa ajuda se restrinja a declarações de intenção, com pouco efeito prático no campo de batalha.

Além disso, os acenos do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para possíveis negociações com Vladimir Putin, a orientação pró-Oriente Médio da gestão Trump e o foco crescente em disputas com o Irã reforçam a percepção de que a Ucrânia pode estar deixando de ser prioridade nas agendas das potências ocidentais.

Mesmo com a viagem a Haia confirmada, Zelensky enfrenta o desafio de converter apoio simbólico em compromissos concretos — num momento em que a guerra já dura quatro anos e a atenção internacional se divide entre múltiplas frentes de crise. A diplomacia ucraniana agora luta para manter viva a solidariedade do Ocidente, enquanto o tabuleiro geopolítico se reorganiza.

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