Nahwa é um dos lugares mais curiosos do planeta. Oficialmente parte do emirado de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, a vila está localizada dentro de Madha, um território pertencente a Omã — que, por sua vez, é completamente cercado pelos próprios Emirados. Uma configuração geográfica extremamente rara: um contraenclave. Só existem dois assim no mundo.
Madha é um enclave de Omã rodeado pelos emirados de Sharjah, Fujairah e Ras al-Khaimah. Dentro dele, Nahwa é controlada pelos Emirados, formando esse “enclave dentro de enclave”. Além disso, Nahwa também é um enclave doméstico: está separada do território principal de Sharjah por outros dois emirados.
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Essa divisão incomum surgiu no início do século XX, quando os habitantes da região precisaram escolher entre jurar lealdade ao sultão de Omã ou aos governantes de Sharjah. Madha ficou com Omã; Nahwa, com os Emirados. A geografia permaneceu com essas fronteiras até hoje.
O outro exemplo no mundo é Baarle, na fronteira da Bélgica com a Holanda, onde disputas feudais resultaram em dezenas de enclaves entrelaçados, ainda ativos.
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Apesar da complexidade, a vida em Nahwa é tranquila. Não há controle de fronteiras. Carros circulam livremente entre Madha e Nahwa, e o único sinal prático das jurisdições é o posto de gasolina, sempre cheio de veículos dos Emirados atraídos pelo preço mais baixo do combustível no lado omanense.
A vila original de Nahwa foi abandonada nos anos 1990. Seus cerca de 300 moradores vivem hoje em New Nahwa, a poucos metros da estrada principal, em uma área elevada. O local abriga o Centro Arqueológico Al Nahwa, símbolo da soberania emiradense e ponto de partida para trilhas, ruínas e gravuras rupestres.
As paisagens são impressionantes, mas o acesso pode ser difícil. Depois da vila, a estrada se transforma em terra batida, cortada por vales e riachos. Mesmo assim, Nahwa atrai quem se interessa por fronteiras incomuns e quer conhecer um dos mapas mais complicados já desenhados.