DISPUTA

Ilha Brasileira: o território no sul do Brasil que é alvo de disputa territorial há décadas

Tensão permanece em torno da soberania de uma ilha estratégica marcada por desafios naturais e históricos

Créditos: Wikimedia Commons
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Em fevereiro, voltou à tona a disputa territorial entre Brasil e Uruguai, após o governo uruguaio questionar a validade do Tratado de 1851 que define as fronteiras entre os dois países.

A reclamação uruguaia baseia-se em mudanças naturais ocorridas no rio Quaraí e em outras áreas da fronteira, que, segundo o Uruguai, justificariam a incorporação de territórios atualmente sob controle brasileiro.

Entre os territórios em disputa estão a Ilha Brasileira, situada na foz do rio Quaraí, e a comunidade de Tomás Albornoz, localizada em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul. O governo uruguaio argumenta que, nesses locais, os serviços públicos essenciais, como saúde e infraestrutura, são majoritariamente prestados pelas autoridades uruguaias, o que reforçaria sua reivindicação sobre esses territórios.

Em contrapartida, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil reafirma que as fronteiras vigentes permanecem legítimas e que não há ameaça concreta de alteração territorial. O Itamaraty reforça que qualquer mudança nas delimitações só pode ser feita mediante consenso entre as partes, o que atualmente não está em pauta nas negociações bilaterais.

Analistas indicam que, mesmo se o Uruguai levar a questão a tribunais internacionais, como a Corte Internacional de Justiça, as chances de sucesso são limitadas. O relacionamento diplomático entre Brasil e Uruguai segue equilibrado, com expectativa de que o conflito seja resolvido por meio do diálogo e da cooperação pacífica.

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Reprodução

A ilha 

A Ilha Brasileira, com aproximadamente 4 km de comprimento e 0,8 km de largura, totalizando uma área de 2,75 km², teve um único morador entre 1964 e 2011. José Jorge Daniel, fazendeiro brasileiro e ex-funcionário de uma propriedade ligada ao ex-presidente João Goulart, fixou residência na ilha após o afastamento do presidente em 1964, permanecendo até seu falecimento aos 95 anos.

Hoje, a Ilha Brasileira está desabitada, e projetos locais visam convertê-la em reserva ambiental municipal, com foco na preservação do ecossistema. Em agosto de 2009, um incêndio devastador destruiu cerca de 40% da vegetação nativa da ilha. No mesmo período, o Parque do Espinilho, em Barra do Quaraí, também foi atingido por fogo. Autoridades locais suspeitam que ambos os incêndios tenham sido criminosos e realizados pelos mesmos responsáveis.

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