ESCALADA

Irã testa novo míssil em meio a notícias de iminente ataque de Israel

Cresce a tensão antes de rodada decisiva de negociações

O Irã expôs seu arsenal de mísseis a jornalistas estrangeiros.
Arsenal.O Irã expôs seu arsenal de mísseis a jornalistas estrangeiros.Créditos: Luiz Carlos Azenha
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O Irã testou um míssil balístico com uma ogiva de duas toneladas em meio às ameaças de iminente ataque militar por parte dos Estados Unidos ou de Israel.

Na semana passada, a revista Fórum visitou o Centro Aeroespacial de Teerã, numa rara oportunidade dada a jornalistas estrangeiros para ver de perto as conquistas tecnológicas do país.

O anúncio do teste foi feito pelo ministro da Defesa, brigadeiro general Aziz Nasirzadeh.

Mísseis como o que foi testado são ideais para atacar estruturas reforçadas, como hangares subterrâneos, centros de comando e controle, pistas de pouso, depósitos de combustível e munição e estações de radar, de acordo com o Teerã Times.

O mesmo ministro já havia dito que em eventual ataque dos Estados Unidos o Irã poderá retaliar contra bases estadunidenses existentes na região.

Irã e Estados Unidos negociam um acordo nuclear. A sexta rodada de conversas acontece domingo em Mascate, a capital de Omã.

Os EUA não aceitam que o Irã enriqueça urânio. Teerã tem dito que abre mão de armas nucleares, jamais do enriquecimento.

"Ataque iminente"

O New York Times diz que um ataque de Israel ao Irã é iminente.

O governo de Benjamin Netanyahu argumenta que pretende tirar proveito de uma janela de oportunidade, depois de ter demolido aliados do Irã no Líbano e na Síria e enfraquecido a defesa aérea iraniana em outubro do ano passado.

É impossível determinar se as ameaças são apenas balão de ensaio para forçar Teerã a ceder em negociações.

Hoje o Irã enriquece urânio a 60%, depois de Donald Trump, em seu primeiro mandato, ter retirado os EUA de maneira unilateral de um acordo firmado por seu antecessor, Barack Obama.

Pelo acordo de 2015, o limite de enriquecimento era de 3,67%.

Em recente depoimento ao Congresso, o chefe militar dos EUA para o Oriente Médio, general Michael “Erik” Kurilla, disse que havia oferecido ao presidente Donald Trump uma série de opções para eventual ataque ao Irã.

Posteriormente, a Casa Branca determinou a retirada de pessoal não essencial de bases militares na região, inclusive no Iraque, Kuwait e em Barein.

Já o Centro de Operações Marítimas Comerciais do Reino Unido divulgou um alerta aos navegantes do Golfo Pérsico, do estreito de Ormuz e do Golfo de Omã.

Eventual retaliação iraniana a um ataque de Israel, dos Estados Unidos ou de ambos poderia ter impacto na principal rota de exportação de petróleo e gás do Golfo Pérsico.

As bases dos EUA no Oriente Médio estão ao alcance dos mísseis do Irã.

Brasil se abstém em voto decisivo

Nesta quinta-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica passou uma resolução proposta por Alemanha, França e Reino Unido, com apoio dos Estados Unidos, acusando o Irã de violar suas obrigações de não-proliferação.

A decisão foi tomada por 19 a 3, com 11 abstenções. Rússia, China e Burkina Faso votaram contra. O Brasil se absteve.

O voto pode servir como justificativa para eventual ataque contra instalações nucleares do Irã.

O Irã reagiu afirmando que a decisão foi "politicamente motivada" e anunciou a abertura de um terceiro centro de enriquecimento de urânio no país, sugerindo que estaria a salvo de qualquer ataque militar.

Mohammad Eslami, da Organização de Energia Atômica do Irã, afirmou:

Preparamos o local para o terceiro local de enriquecimento, que é uma instalação segura. Com a carta enviada à Agência [Internacional de Energia Atômica] hoje, o processo de equipar e instalar as máquinas [de enriquecimento] terá início.

 

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